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domingo, outubro 10, 2010

A Ressurreição de Cristo

Bíblia de Estudo

- 1 Coríntios 15
A) A ressurreição de Cristo (v.1-11)
1 – Pregada (v.1-4)

- O evangelho dito no primeiro versículo, é o evangelho pleno, que inclui os ensinamentos sobre Cristo e a igreja, como é revelado plenamente no livro de Romanos 1:1 e 16:25.
- Devemos firmar-nos no evangelho pleno, isto é, em todo o Novo Testamento e não apenas em certos ensinamentos ou doutrinas.
- Nós, tendo sido justificados em Cristo e regenerados pelo Espírito, estamos e estaremos no processo de ser salvos na vida de Cristo (Romanos 5:10), e o seremos até que estejamos maduros e sejamos plenamente conformados a Ele (Romanos 8:29).
- A morte de Cristo pelos nossos pecados, o Seu sepultamento para nos pôr um fim e a Sua ressurreição para nos fazer germinar com a vida, segundo as profecias do Antigo Testamento (Isaías 53:5-12; Salmos 16:9-10, 22:14-18; Daniel 9:26, Oséias 6:2) são os itens básicos entre as primeiras coisas do evangelho. O último desses itens é o mais vital no evangelho que no infunde vida, para que obtenhamos vida e vivamos Cristo.

2 – Testemunhada (v.5-11)

- Os primeiros apóstolos e discípulos foram testemunhas oculares da ressurreição de Cristo (Atos 1:22) e a sua pregação ressaltava o testemunho desse fato (Atos 2:32, 4:33). Eles testemunhavam quanto ao Cristo ressurreto não apenas pelo seu ensinamento, mas também pelo seu viver. Eles viviam com Ele por meio do Seu viver (João 14:19).
- A graça, mencionada três vezes no versículo 10, é o Cristo ressurreto que se tornou o Espírito que dá vida (v.45), para introduzir, em nós, o Deus Triúno processado em ressurreição, para ser a nossa vida e suprimento de vida, de modo que vivamos em ressurreição. Assim, a graça é o Deus Triúno tornando-se vida e tudo para nós. Foi por essa graça que Saulo de Tarso, o maior pecador (1 Timóteo 1:15-16), se tornou o maior apóstolo laborando mais abundantemente do que todos os demais apóstolos. O seu ministério e viver pela graça de Deus são um testemunho inegável da ressurreição de Cristo.
- A frase “não eu, mas a graça de Deus” equivale à frase “não... eu... mas Cristo” em Gálatas 2:20. A graça que motivava o apóstolo e nele operava não era uma questão nem uma coisa, mas uma pessoa viva, o Cristo ressurreto, a corporificação de Deus Pai que se tornou o Espírito que dá vida todo-inclusivo, que habitava no apóstolo como o seu tudo.

B) A refutação de “não há ressurreição” (v.12-19)

- Neste capítulo, o apóstolo tratou do fato de os coríntios afirmarem hereticamente que não havia ressurreição dos mortos. Eles eram como os saduceus (Mateus 22:23; Atos 23:8). Esse era o décimo problema que havia entre eles. Esse problema é extremamente nocivo e destrutivo para a economia neotestamentária de Deus e é pior do que a heresia de Himeneu e Fileto em relação a ressurreição (2 Timóteo 2:17-18). A ressurreição é o pulso da vida e o que sustenta a economia divina. Se não houvesse ressurreição, Deus seria um Deus de mortos e não de vivos (Mateus 22:32). Se não houvesse ressurreição, Cristo não teria ressuscitado dos mortos. Ele seria um Salvador morto e não um Salvador vivo que vive para sempre (Apocalipse 1:18) e é capaz de salvar completamente (Hebreus 7:25). Se não houvesse ressurreição, não haveria a prova viva de que fomos justificados pela sua morte (Romanos 4:25), nem haveria infusão de vida (João 12:24), nem regeneração (João 3:5), nem renovação (Tito 3:5), nem transformação (Romanos 12:2; 2 Coríntios 3:18), nem conformação à imagem de Cristo (Romanos 8:29). Se não houvesse ressurreição, não haveria membros de Cristo (Romanos 12:5), nem o Corpo de Cristo como a Sua plenitude (Efésios 1:20-23), nem a igreja como a noiva de Cristo (João 3:29) e, portanto, não haveria o novo homem (Efésios 2:15; 4:24; Colossenses 3:10-11). Se não houvesse ressurreição, a economia neotestamentária de Deus entraria em colapso e o Seu propósito eterno seria anulado.
- “...a nossa pregação é vã...” – Isto é, vazia, oca. Sem o Cristo vivo em ressurreição, tanto a proclamação do evangelho como a nossa fé no evangelho seriam vazias e ocas, sem qualquer realidade.
- Se Cristo não tivesse sido ressuscitado para viver em nós como a nossa vida e como o nosso tudo, a nossa fé Nele seria infrutífera, não teria valor e não produziria nenhum resultado, assim como a infusão de vida, a libertação do pecado, a vitória sobre Satanás e o crescimento em vida.
- A morte de Cristo nos salva de ser condenados por causa dos pecados, mas não do poder do pecado. É a Sua vida de ressurreição que nos livra do poder do pecado (Romanos 8:2). Se Cristo não tivesse sido ressuscitado, ainda estaríamos em pecados e sob o poder do pecado.
- “...os que dormiram em Cristo pereceram.” – isto é, não ser ressuscitado, mas permanecer na morte para sempre.
- Se não houvesse ressurreição, não teríamos futuro nem esperança para o futuro como: Cristo, a nossa esperança da glória (Colossenses 1:27); a porção da nossa bênção eterna (Daniel 12:13); reinar com Cristo no milênio (Apocalipse 20:4,6); e a recompensa da ressurreição dos justos (Lucas 14:14). Todas essas esperanças estão ligadas à nossa ressurreição.

C) A história da ressurreição (v.20-28)

- Os versículos 20-28 são um parêntesis que provam a verdade da ressurreição e apresentam Cristo como as primícias da ressurreição.
- Cristo foi o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, tornando-se as primícias da ressurreição. Isso foi tipificado pelas primícias (um molho de primícias, que inclui Cristo com alguns dos santos mortos do Antigo Testamento, ressuscitou na ressurreição do Senhor – Mateus 27:52-53) em Levítico 23:10-11, que eram oferecidas a Deus no dia a seguir ao sábado, o dia da ressurreição (Mateus 28:1). Cristo, como as primícias da ressurreição, é o Primogênito dentre os mortos para ser a Cabeça do Corpo (Colossenses 1:18; Efésios 1:20-23). Visto que Ele, a Cabeça do Corpo, ressuscitou, nós, o Corpo, também ressuscitaremos.
- “...mediante um homem veio a morte...” – isto é, Adão, o primeiro homem (vers. 45)
- “...mediante um homem veio a ressurreição...” – isto é, Cristo, o segundo homem (vers. 47). Adão trouxe a morte mediante o pecado (Romanos 5:12); Cristo trouxe a vida de ressurreição mediante a justiça (Romanos 5:17-18). A morte que Adão trouxe opera em nós desde que nascemos de nossos pais até a morte do corpo. A vida de ressurreição que Cristo trouxe opera em nós, como é representado pelo batismo (Romanos 6:4), desde que fomos regenerados pelo Espírito de Deus (João 3:5) até a transfiguração do nosso corpo (Filipenses 3:21).
- Em Adão, nascemos na morte e para morrer; nele estamos mortos (Efésios 2:1, 5). Em Cristo, renascemos em vida e ressuscitamos para viver; Nele fomos avivados, vivificados (Efésios 2:5-6).
- “...Cristo, as primícias...” – Cristo como as primícias, ocupou o primeiro lugar na ressurreição dentre os mortos. Os crentes em Cristo, os justos, que serão ressuscitados para a vida na segunda vinda do Senhor, antes do milênio (João 5:29, Lucas 14:14, 1Tessalonicenses 4:16, 1Coríntios 15:52, Apocalípse 20:4-6). Eles serão os segundos na ressurreição dentre os mortos.
- No versículo 23, a ordem da ressurreição é mencionada: primeiro, Cristo, e depois, os que são Dele. Segundo isso, neste versículo, após a palavra então, era de esperar que fosse citado um grupo de pessoas. No entanto , aqui ele não nos diz quem, mas diz “o fim”, pois na sua sequência os que serão ressuscitados no fim não estão em Cristo. O fim aqui mencionado é o fim de todas as eras e dispensações da velha criação. É também o fim do milênio antes do novo céu e da nova terra (Apocalipse 21:1). Em todas as eras e dispensações, Deus, por um lado, tem lidado com o Seu inimigo Satanás e com todas as coisas negativas que existem no universo; por outro, tem realizado todas as coisas para o cumprimento do Seu propósito eterno. A última das eras e dispensações será o milênio, a era do reino, após a qual todos os tratamentos e realizações de Deus serão totalmente completados. Essa completação será o fim, a conclusão de toda a Sua obra. Nesse fim, todos os incrédulos mortos, os injustos, serão ressuscitados para juízo para a perdição eterna (João 5:29; Apocalipse 20:5, 11-15). Serão os terceiros na ressurreição.
- Quando Cristo anular a autoridade satânica, subjugar todos os Seus inimigos (vers. 25), abolir a morte (vers. 26) e entregar o reino a Deus Pai, isto é, quando todas as coisas negativas tiverem sido exterminadas e o propósito de Deus for cumprido na sua totalidade, a velha criação terá sido concluída.
- Após realizar a redenção, Cristo foi receber o reino do Pai (Lucas 19:12, 15). Antes do milênio, Ele, como o Filho do homem, terá recebido o reino da parte de Deus, o Ancião de dias, para governar todas as nações durante mil anos (Daniel 7:13-14; Apocalipse 20:4, 6). No fim do milênio, após ter derrotado Satanás (que é o diabo) e os seus anjos malignos (que são todo o governo, autoridade e poder) e até a morte e o Hades, colocando todos os Seus inimigos sob os Seus pés (vers. 25-26) e lançando-os todos, incluindo a morte e o Hades no lago de fogo (Apocalipse 20:7-10, 14), Ele voltará a entregar o reino a Deus Pai.
- Imediatamente após a queda do homem, Deus iniciou a Sua obra para abolir o pecado e a morte. Essa obra tem progredido através das eras do Antigo e do Novo Testamento e ainda hoje está em curso. Quando o pecado for eliminado no fim da velha criação e quando a sua origem, Satanás, for lançada no lago de fogo (Apocalipse 20:7-10), a morte será abolida; será lançada no lago de fogo com o Hades, o seu poder, após o juízo final no trono branco (Apocalipse 20:11-15).
- Deus sujeitou todas as coisas sob os pés de Cristo (vers. 27). É uma referência ao Salmo 8:4-8 relativamente a Cristo como homem a quem Deus fez ter domínio sobre todas as coisas. Isso se cumprirá quando todas as coisas mencionadas nos vers. 24-26 tiverem ocorrido. A palavra porque, no início do versículo, mostra isso. “... Lhe sujeitou todas as coisas.” – a Ele (o homem ressuscitado, glorificado e exaltado) Deus sujeitou todas as coisas (Hebreus 2:7-9; Efésios 1:20-22).
- Cristo, o Filho de Deus, como cabeça de todos os homens na Sua humanidade, está sujeito ao encabeçamento de Deus Pai (1 Coríntios 11:3) o que é para o governo do reino de Deus. Depois de Deus Pai ter sujeitado todas as coisas sob os pés de Cristo, como o homem ressurreto em glória (Efésios 1:22; Hebreus 2:7-8) e depois de Cristo, como o homem ressurreto, ter posto todos os inimigos sob os seus pés para executar a obra de Deus Pai de Lhe sujeitar todas as coisas, Ele como o Filho de Deus, ao entregar novamente o reino a Deus Pai (vers. 24) também Se sujeitará na Sua divindade a Deus, que sujeitou todas as coisas a Ele,o Filho na Sua humanidade. Isso indica a sujeição e a subordinação absolutas do Filho ao Pai, o que exalta o Pai para que Deus Pai seja tudo em todos.

D) A influência moral da ressurreição (v.29-34)

- Isso não deve ter sido uma questão oficial geralmente praticada pelas igrejas primitivas, mas uma atividade pessoal de alguns crentes individuais em nome dos mortos com quem se preocupavam, que talvez tenham crido no Senhor, mas não haviam sido batizados antes de morrerem. Eles faziam isso na esperança de que os mortos ressuscitassem na vinda do Senhor (1 Tessalonicenses 4:16), visto que no batismo está claramente representada a ressurreição (Colossenses2:12). O apóstolo usou o que eles faziam para confirmar a verdade da ressurreição. Isso não significa, porém, que ele aprovasse o fato de alguns dos crentes serem batizados pelos mortos.
- Os crentes coríntios eram fruto do labor do apóstolo, no qual ele arriscou a vida. Neles o apóstolo podia gloriar-se disso. Gloriando-se assim, ele declarou que diariamente morria, isto é, que diariamente arriscava a vida, enfrentava a morte e morria para o ego (2 Coríntios 11:23; 4:11; 1:8-9; Romanos 8:36).
- Neste ponto, ao falar sobre a ressurreição, o apóstolo usou a sua experiência na obra do Senhor para confirmar a questão da ressurreição, especialmente, o efeito da ressurreição de Cristo em si mesmo. O apóstolo se gloriou nos coríntios, que eram fruto de ele ter arriscado a sua própria vida, e o fez no Cristo ressurreto, não em si mesmo, porque corria risco de vida, ao laborar por eles, não por si mesmo, mas pelo Cristo ressurreto.
- Naquele tempo, os homens lutavam contra pessoas e questões malignas, para receber uma recompensa temporal. Mas não era desse modo que o apóstolo lutava contra pessoas e questões malignas por amor do evangelho. Antes, ele lutava segundo uma esperança mais elevada, para ser recompensado na ressurreição no futuro (Lucas 14:14; 2 Timóteo 4:8).
- “...lutei com feras em Éfeso...” – uma metáfora que denota pessoas ou questões malignas (2 Timóteo 4:17)
- “...comamos e bebamos, pois amanhã morreremos.” – isso parece ser uma citação de um ditado daquele tempo, uma máxima dos epicureus. Se não há ressurreição, os crentes não tem esperança pelo futuro e se tornam os homens mais miseráveis (vers. 19). Se for assim, é melhor gozar a vida hoje e esquecer o futuro, como faziam os epicureus.
- 15:33 – Isso parece ser uma citação de um ditado daquele tempo, um fragmento de um poema grego. Com essas palavras, o apóstolo advertiu os crentes coríntios a não ter por companhia aqueles hereges que diziam ao haver ressurreição. Esta companhia maligna corromperia a sua fé e as suas virtudes cristãs.
- “Tornai-vos à sobriedade...” – ou: cessai, como é justo, de ser bêbados. Como é justo quer dizer ser reto com Deus e com os homens. Dizer que não há ressurreição ofende Deus e o homem. Isso é cometer pecado e, assim, ser injusto. Por isso, o apóstolo aconselhou os coríntios desorientados a despertar sobriamente desse pecado e restaurar um relacionamento justo com Deus e com o homem. Eles estavam embriagados injustamente no entorpecimento da heresia de não haver ressurreição e precisavam abandonar aquele entorpecimento.
- Ser herege ao dizer que não há ressurreição é não conhecer a Deus, não conhecendo o Seu poder nem Sua economia (Mateus 22:29-32). Isso é uma vergonha para os crentes.

E) A definição de ressurreição (vers. 35-49)
1 – O corpo de ressurreição (vers. 35-44)

- A realidade da ressurreição está contida e oculta na natureza, especialmente na vida vegetal. Uma semente plantada na terra morre e é vivificada. Isto é ressurreição. Isso respondia à primeira pergunta dos coríntios insensatos: “Como ressuscitam os mortos?” (vers. 35).
- 15:38 – Esse não é o corpo semeado para morrer (vers. 37), mas o corpo ressuscitado dado por Deus, que tem outra forma e num nível mais elevado. Isso respondia à pergunta insensata dos coríntios: “Em que tipo de corpo vêm?” (vers. 35).
- Nos versículos 39-41, o apóstolo provou aos coríntios insensatos que Deus é capaz de dar um corpo a todas as vidas ressurretas, assim como deu um corpo a todas as coisas criadas: aos homens e aos animais que estão na terra, aos pássaros do ar e aos peixes na água – os corpos terrenos com diferentes glórias; e ao sol, à lua e às estrelas – corpos celestes com glória celeste em vários graus.
- Um corpo almático é um corpo natural animado pela alma, é um corpo em que a alma predomina. Um corpo espiritual é um corpo ressuscitado saturado pelo espírito, é um corpo em que o espírito predomina. Quando morremos, o nosso corpo natural sendo almático, será semeado, isto é sepultado, em corrupção, em desonra e em fraqueza. Quando for ressuscitado, se tornará espiritual em incorrupção, em glória e em poder (vers. 42-43).

2 – Um corpo espiritual (vers. 45-49)

- Mediante a criação, Adão tornou-se alma vivente com um corpo almático. Mediante a ressurreição, Cristo tornou-se Espírito que dá vida com um corpo espiritual. Adão como alma vivente, é natural; Cristo, como Espírito que dá vida, é ressurreto. Primeiro, na encarnação, Ele se tornou carne para cumprir a redenção (João 1:14, 29); depois, em ressurreição, Ele se tornou Espírito que dá vida para infundir vida (João 10:10b). Mediante a encarnação, Ele tinha um corpo almático como Adão; mediante a ressurreição, Ele tem um corpo espiritual. O seu corpo almático tornou-se espiritual mediante a ressurreição. Agora Ele é o Espírito que dá vida em ressurreição, com um corpo espiritual, pronto para ser recebido pelos Seus crentes. Quando cremos Nele, Ele entra em nosso espírito e somos unidos a Ele como o Espírito que dá vida. Por isso, nos tornamos um espírito com Ele (1 Coríntios 6:17). O nosso espírito é vivificado e ressuscitado com Ele. Por fim, o nosso atual corpo almático se tornará um corpo espiritual em ressurreição, assim como o Dele (vers. 52-54; Filipenses 3:21).
- A expressão formado da terra denota a origem do primeiro homem, Adão, e o termo terreno, a sua natureza. Cristo não apenas é o último Adão (vers. 45), mas também o segundo homem. O primeiro Adão é o início da humanidade; o último Adão é o fim. Como o primeiro homem, Adão é a cabeça da velha criação, representando-a na criação. Como o segundo homem, Cristo é a Cabeça da nova criação, representando-a em ressurreição. Em todo o universo, há somente dois homens: o primeiro homem, Adão, que inclui todos os seus descendentes, e o segundo homem, Cristo, que inclui todos os Seus crentes. Nós, crentes, fomos incluídos no primeiro homem por nascimento e nos tornamos parte do segundo homem pela regeneração. O fato de termos crido, nos transferiu do primeiro homem para o segundo. Relativamente a fazermos parte do primeiro homem, a nossa origem é a terra e a nossa natureza é terrena. Com respeito a fazermos parte do segundo homem, a nossa origem é Deus e a nossa natureza é celestial.
- Como parte de Adão, temos a imagem do homem terreno por nascimento; como parte de Cristo, temos a imagem do homem celestial em ressurreição. Isso indica que, assim como em Adão nascemos terrenos, assim também em Cristo ressuscitaremos celestiais. Esta ressurreição é o nosso destino. É tão certa como o nosso nascimento e jamais deve ser questionada.

E) A vitória da ressurreição (vers. 50-58)
1 – A vitória da incorrupção sobre a corrupção (vers. 50-53)

- A carne e o sangue são os componentes do corpo almático, que é corruptível e não está qualificado a herdar o reino de Deus, que é incorruptível. A corrupção não pode herdar a incorrupção. Nosso corpo corruptível tem de ser ressuscitado num corpo incorruptível, para que herdemos o reino incorruptível de Deus em ressurreição.
- A transfiguração, que inclui a ressurreição, do nosso corpo corruptível e que o transformará num corpo incorruptível (Filipenses 3:21). Isso é misterioso para o entendimento humano. O dormiremos conforme versículo 51 é o mesmo que morreremos (1 Coríntios 11:30; João 11:11-13; 1 Tessalonicenses 4:13-16). Seremos transformados, é o mesmo que transfigurados da corrupção, desonra e fraqueza para a incorrupção, glória e poder (vers. 42-43). Isso é ter o corpo da nossa humilhação conformado ao corpo da glória de Cristo.
- A última trombeta é a sétima conforme Apocalipse 11:15 e a trombeta de Deus (1 Tessalonicenses 4:16). “... os mortos ressuscitarão...” – são os mortos em Cristo, os Crentes mortos; os santos (crentes) mortos ressuscitarão primeiro, depois os vivos serão mudados, transfigurados, no arrebatamento (1 Tessalonicenses 4:15-17).
- 15:53 – Isso se refere ao nosso corpo corruptível e mortal, que tem de se revestir de incorrupção e de imortalidade quer mediante a nossa ressurreição dos mortos quer mediante a nossa transfiguração ainda vivos. Isso é misterioso e incompreensível aos olhos naturais.

2 – A vitória da vida sobre a morte (vers. 54-57)

- Quando o nosso corpo corrompido e mortal ressuscitar ou for transfigurado da corrupção e da morte para a glória e para a vida, então a morte será tragada resultando em vitória. Isso é a consumação da ressurreição que compartilhamos na economia de Deus mediante a redenção e a salvação em Cristo. Essa ressurreição começa com o avivamento do nosso espírito mortificado e se completa com a transfiguração do nosso corpo corruptível. Entre essas duas extremidades está o processo no qual a nossa alma caída é metabolicamente transformada pelo Espírito que dá vida, que é a realidade da ressurreição (2 Coríntios 3:18).
- A morte é uma derrota para o homem. Mediante a salvação de Cristo, na vida de ressurreição, a morte será tragada resultando em vitória para nós, os beneficiários da vida de ressurreição de Cristo.
- Este capítulo fala da ressurreição. A ressurreição de Cristo foi a Sua vitória sobre Satanás, o inimigo de Deus, sobre o mundo, sobre o pecado e sobre a morte. Após a Sua ascensão triunfal às alturas (Efésios 4:8) em Sua ressurreição, Deus sujeitou-Lhe todos os inimigos (vers. 25). Então, como Aquele que está em ressurreição, Ele virá à terra com o reino de Deus (Daniel 7:13-14) para exercer o poder de Deus e subjugar tudo na terra. Isso continuará por mil anos (Apocalipse 20:4, 6). O último inimigo a ser abolido é a morte. Tragar a morte resultará na vitória final da ressurreição do Senhor, isto é, na vitória final e completa que Ele realizou em ressurreição para nós que cremos Nele e participamos na Sua ressurreição. Esse será o resultado final e máximo da Sua ressurreição para o reino eterno de Cristo e de Deus e para que aqueles que crêem Nele desfrutem eternamente a Sua vida de ressurreição na eternidade.
- 15:55 – Essa é a exclamação triunfante do apóstolo quanto à vitória da vida de ressurreição sobre a morte.
- A morte é do diabo (Hebreus 2:14) e mediante o pecado ela nos espeta para a morte (Romanos 5:12). Na redenção de Deus, Cristo foi feito pecado por nós (2 Coríntios 5:21), para que Deus pudesse condenar o pecado pela morte de Cristo (Romanos 8:3), abolindo, assim, o aguilhão da morte. Então, pela ressurreição de Cristo a morte é tragada pela vida de ressurreição.
- O pecado nos traz maldição e condenação, tanto na nossa consciência como diante de Deus, através da lei (Romanos 4:15; 5:13, 20; 7:7-8). Por isso, a lei se torna o poder do pecado para nos matar (Romanos 7:10-11). Visto que a morte de Cristo cumpriu as exigências que a lei nos fazia (1 Pedro 3:18; 2:24), o poder do pecado foi anulado. Pela morte de Cristo, o pecado foi condenado e a lei anulada e mediante a Sua ressurreição, a morte foi tragada. Portanto, temos de dar graças a Deus, que nos dá tal vitória sobre o pecado e a morte, mediante a morte e a ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo (vers. 57).
- Essa vitória sobre o pecado e a morte, mediante a morte e a ressurreição de Cristo, não deve ser meramente um fato realizado para a nossa aceitação; tem de se tornar a nossa experiência diária em vida mediante o Cristo ressurreto como o Espírito que dá vida (vers. 45), que é um com o nosso espírito (1 Coríntios 6:17). Por isso, devemos viver e andar pelo espírito mesclado. Desse modo, graças serão dadas continuamente a Deus, que nos dá a vitória mediante o nosso Senhor Jesus Cristo.

3 – Um motivo para a obra do Senhor (vers. 58)

- Questionar a verdade da ressurreição é ser abalado. Ter certeza e permanecer na realidade da ressurreição é ser firme e inabalável.
- Não crer na realidade da ressurreição faz com que fiquemos decepcionados em relação ao nosso futuro, desencorajando-nos, assim, na obra do Senhor. A fé nos dá uma forte aspiração de abundar na obra do Senhor com a expectativa de agradar ao Senhor em ressurreição quando Ele voltar.
- Não pela nossa vida nem pela nossa capacidade naturais, mas pela vida e poder de ressurreição do Senhor. Nosso labor para o Senhor na Sua vida de ressurreição com Seu poder de ressurreição jamais será em vão, mas resultará no cumprimento do propósito eterno de Deus mediante a pregação de Cristo aos pecadores , no ministrar da vida aos santos e na edificação da igreja com as experiências do Deus Triúno processado como ouro, prata e pedras preciosas (1 Coríntios 3:12). Esse labor será recompensado no dia da ressurreição dos justos pelo Senhor que há de regressar (1 Coríntios 3:14; Mateus 25:21, 23; Lucas 14:14).

sábado, maio 15, 2010

O Evangelho dos Rejeitados

David Wilkerson


Lucas 15 tem sido chamado de “O evangelho dos rejeitados”. Por séculos esse capítulo tem sido visto como a palavra de Deus aos que caíram. É uma mensagem a todos os que se desviaram de Cristo, pessoas que um dia foram achadas mas que se perderam, pessoas que podem estar presas a um pecado que as assedia.

Esse capítulo notável abre com uma multidão de pecadores se juntando para ouvir Jesus ensinar. Dentre eles havia publicanos, ou coletores de impostos, uma profissão ligada à corrupção. Os publicanos eram desprezados pela sociedade, e considerados rematados pecadores junto com as prostitutas, os fornicadores e bêbados. Em verdade, todos estes compreendiam os rejeitados da época, pessoas que estavam “perdidas” aos olhos do mundo.

Contudo, foi exatamente esse agrupamento de pessoas que Jesus mais amou; em verdade, foram especialmente essas pessoas que Ele veio buscar e salvar; eram os enfermos que precisavam de um médico, e Ele era o médico que necessitavam.

Pergunto: será que esse grupo “jogado fora” fala à você de algum modo? Talvez você tenha se distanciado do Senhor. Talvez você esteja alienado das coisas de Deus por algum pecado que o assedia: pornografia, álcool, drogas.

Seja qual for a sua luta, você não sente mais a proximidade de Cristo. Você suspeita ter ido tão fundo no pecado, que não possa mais ser perdoado; alguns lutam contra o irritante pensamento de terem ido além da redenção. Se isso lhe descreve, então essa mensagem é dirigida especialmente a você.

Quando Cristo se colocou diante daquela multidão, um grupo de orgulhosos fariseus e escribas ficou por perto. Vendo a cena, esses líderes religiosos devem ter dito uns aos outros, “Hei, hei, vejam o rabino. Qualquer bom judeu, qualquer bom mestre não iria se associar com tais pecadores. Mesmo assim esse homem os abraça e impôe as mãos sobre eles. Estas pessoas são rejeitadas, reconhecidamente pecadoras, mas Ele ora e come com eles”.

Assim que Jesus começou a falar, a multidão se calou. Ele então contou três parábolas, ilustrações poderosas sobre o coração de Deus em relação aos rejeitados. Tais parábolas incluíam histórias de uma ovelha perdida, uma moeda perdida e um filho perdido.

A mensagem de Jesus naquele dia foi dirigida não apenas para aqueles que se reuniram diante dEle. Foi dirigida à cada geração e especialmente para a nossa atual.

Nestas três parábolas, Jesus nos dá uma mensagem de três partes a todos que caíram no pecado

A mensagem de Cristo nestas parábolas é para todos que caíram no cativeiro do pecado. Isso pode incluir pastores ou mestres, ou simplesmente qualquer crente. É para aqueles que no passado estavam em chamas para o Senhor, mas que agora estão afastados, se esfriando, sentindo-se não amados por Deus ou pela igreja.

Me lembro de um pastor ao qual dei aconselhamento e que caiu em adultério. Esse homem perdeu sua igreja e a família, e foi deixado sem um tostão no bolso. Ele me disse, “Deus me abençoou com muito, e mesmo assim pequei contra tanta luz. Preguei mensagens contra exatamente o que cometi. E aqui estou agora, banido”.

A mensagem de Jesus é para ele e multidões como ele.

1. Cristo começa com a parábola da ovelha perdida

“Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?” (Lucas 15:4, itálicos meus).

Jesus está falando aqui de uma ovelha que havia estado no aprisco. Claramente, isso representa um membro do rebanho de Cristo, alguém que foi bem alimentado e guiado por um pastor amoroso. No entanto essa ovelha se perdeu, e então o pastor saiu procurando por ela.

Note o que Jesus diz sobre o pastor aqui: “(Ele) vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la” (15:4). Deus jamais desiste de alguém que Lhe pertença e tenha se desviado. Ele nunca permite que o caído se distancie tanto a ponto de não poder ser trazido de volta. Pelo contrário, Deus sái para achar essa ovelha, abraçá-la e trazê-la de volta ao aprisco.

Em termos simples, você pode ir tão longe dentro do pecado até chegar ao exato limiar do inferno, e Ele ainda irá em seu encalço. Davi testifica, “Se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também” (Salmo 139:8).

Todos já ouvimos a expressão “inferno na terra”. Assim é a vida para os que correm de Deus. A sua “cama no abismo” é uma situação medonha e terrível. Significa estar cativo ao pecado, afastando-se mais e mais do Senhor até que com o tempo se cai numa inatividade sem vida. Essa inatividade é acompanhada por um contínuo medo que lhe cochicha, “Você está se afundando mais e mais no inferno. E nunca mais vai voltar para Deus”.

Por anos, minha mulher Gwen e eu aconselhamos a desviada filha de um pastor. Quando jovem ela havia sido chamada para missões, e seu coração era do Senhor. Foi educada numa família piedosa, mas quando adolescente se rebelou. Finalmente, com dezoito anos fugiu de casa e casou-se com um ateu.

De tempos em tempos essa jovem mulher nos visitava, e Gwen e eu ministrávamos à ela. Ela parecia responder, mas com o passar dos anos lentamente endureceu o coração. Ela e o marido tiveram dois filhos, e ambos cresceram para se tornar ateus.

Durante anos essa mulher viveu perseguida por seu chamado ao ministério, e com o passar do tempo se tornou profundamente amarga em relação a isso. Certa época ela nos disse: “Por favor não me falem mais a respeito do meu chamado. Eu fiz a minha cama e agora tenho de deitar nela. Estou casada com um ateu, e a vida tem sido um inferno”.

Ela era especialmente mais íntima de Gwen, que sempre a abraçava e lhe dizia de quanto o Senhor a amava. Mas à certa altura ela ficou convencida de que “Não consigo voltar a ser o que eu era antes. Você está vendo a que ponto eu cheguei. Para mim, acabou”.

Contudo o Espírito Santo continuou chamando-a e “deixando recados”. Como Jesus diz nessa parábola, Ele vai atrás da ovelha perdida até encontrá-la.

Anos mais tarde, quando essa mulher estava na faixa dos sessenta anos, ela nos telefonou; havia acabado de se divorciar e estava se mudando para um novo apartamento. Ela o estava arrumando e tinha um emprego novo; realmente se mostrava entusiasmada ao nos dizer, “Finalmente, acho que estou num momento de minha vida em que posso ter um pouco de paz. Talvez eu consiga viver feliz agora”.

Na semana seguinte ela desenvolveu um quadro de dor de garganta. Internou-se num hospital, mas em poucos dias morreu. Essa mulher nunca havia estado doente, e em tão pouco tempo sua vida acabava.

Um parente que a havia visto no hospital, mais tarde nos disse que ela havia orado a Jesus um pouco antes de morrer. Aparentemente, o Senhor alcançou-a no último momento, pegou-a nos braços, e então levou-a para estar com Ele.

Eu creio que Jesus capturou-a à meia noite, assim que ela foi movida para a eternidade. Eu O vejo dizendo, basicamente, “Busquei essa ovelha durante anos. E todo esse tempo, Eu aguardava apenas um clamor de seu coração”.

Cristo diz através disso, “Não importa o que você possa ter feito. Você pode ter feito a sua cama no inferno. Mas você não chegou tão fundo no pecado a ponto de EU não poder alcançá-lo e recebê-lo de braços abertos”.

“Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo” (Lucas 15:5)

Quando o pastor encontra a ovelha perdida e machucada, ele não a leva de volta ao aprisco imediatamente. Segundo a parábola, ele carrega o animalzinho ferido para a sua casa. Aí ele convida todos os seus amigos para se reunirem, exclamando: “Alegrem-se comigo; pois achei a minha ovelha que estava perdida” (Lucas 15:6).

Nesse último verso, encontramos o coração da mensagem de Jesus nestas três parábolas. Em cada, Cristo fala da alegria daquele que achou a ovelha perdida: “Haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (15:7).

Ao longo dos anos tenho testemunhado o encontro e a cura de muitas ovelhas perdidas. Com muita frequência, mais tarde descobri que a maioria destes que foram trazidos de volta e restaurados não desfrutaram de Jesus na verdade. Sabiam que estavam perdoados e eram amados. Mas depois de muito tempo eles ainda se condenavam, achando, “Eu fui tão horrendo. Tenho de compensar ao Senhor, aos meus queridos, ao corpo de Cristo”.

São perseguidos por um senso de tempo perdido, de anos desperdiçados, por temores de nunca mais poderem agradar ao Senhor. Muitos gastam energia e idéias tentando aplacar a Deus. Constantemente se lançaram à obras movidos pela carne. Mas todo esse tempo Jesus estava mais desejoso em perdoá-los do que eles em receber Seu perdão.

Será que é por isso que Cristo fala repetidamente nestas parábolas do quanto Deus se alegra pelo encontro dos que se perderam? Veja a parábola da ovelha: se fôssemos observar em detalhes o interior da casa do pastor, veríamos a ovelha recuperada sendo carregada em amor, lavada, penteada e cuidada para a cura.

O pastor nunca censura ou “dá a bronca” na ovelha enferma; ele não fica espalhando aos outros sobre como ela fugiu. Antes, esse pastor se rejubila diante de todos, dizendo: “Vejam a minha ovelha perdida, que foi achada. Eis um troféu da minha graça!”.

E mais, todo o tempo desperdiçado enquanto a ovelha estava perdida, agora seria restaurado. A palavra de Deus diz: “Regozija-te e alegra-te, porque o Senhor faz grandes coisas... Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto...Comereis abundantemente, e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor, vosso Deus, que se houve maravilhosamente convosco... Sabereis ...que eu sou o Senhor, vosso Deus, e não há outro; e o meu povo jamais será envergonhado” (Joel 2:21, 25-27, itálicos meus).

Observe a última frase. Não importa o que você possa ter feito, o quão distante você possa ter se desviado. Uma vez o pastor tendo lhe trazido de volta, você está remido em totalidade. Não há motivo para você operar na força da carne tentando compensar pela queda vivida. O seu Redentor declara: “Inexiste mais motivo para você se envergonhar. Eu te remi!”.

2. Agora vem a segunda parábola na mensagem de Jesus àquela multidão de pecadores: a história da moeda perdida

“Qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la?” (Lucas 15:8, itálicos meus). Mais uma vez, o proprietário vai atrás do objeto perdido e precioso até encontrá-lo.

“E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido” (15:9). Nessa segunda parábola também, a primeira coisa que a proprietária faz quando recupera o precioso objeto é se alegrar. Ambas parábolas enfatizam esse tema: há enorme júbilo quando do encontro do item perdido. “De igual modo... há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (15:10).

No começo da década de 60, após meu pai haver falecido, vim à Nova York para trabalhar com membros de gangues e viciados. A minha mãe e uma boa amiga dela chamada Faye trabalhavam conosco no ministério. Era o início da era hippie, e as ruas de Greenwich Village estavam cheias de leituras poéticas, de bandas de rock e de homossexuais.

Mamãe adorava ministrar nas ruas do Village, e então nos pediu que abríssemos uma cafeteria lá. Nós serviríamos rosquinhas e café de graça aos jovens que entrassem, e ela iria testemunhar para eles. Chamávamos aquela cafeteria de “Moeda Perdida”. Mamãe falava de Jesus a todos que passavam lá, sempre operando com o lema: “Se apenas uma pessoa for salva, o ministério terá valido a pena”.

Um dia um jovem judeu entrou e sentou-se à uma mesa. Mamãe sentou-se ao lado dele e começou a lhe falar sobre o Messias. Esse jovem era um rejeitado da sociedade americana e da sua herança judaica. Seu nome era Kurt, e como muitos jovens daquele tempo ele estava buscando a verdade. Ele continuou vindo à cafeteria, e cada vez mamãe testemunhava para ele e orava por ele. Kurt finalmente deu a sua vida para Jesus.

Havia muitos jovens que entravam naquela cafeteria, eram convencidos pelo Espírito Santo e oravam e aceitavam Jesus. Mas havia uma moeda perdida em particular que o Espírito Santo havia se determinado a varrer até encontrá-lo nas ruas de Greenwich Village: Kurt.

Minha mãe desde então foi estar com o Senhor. E a partir daqueles anos o testemunho de Kurt continuou com vários desdobramentos. A sua história foi lida em todo o mundo na revista Guideposts. Ele e sua mulher, Bárbara, imprimiram e distribuíram os meus sermões por mais de trinta e cinco anos, incluindo no site deles, www.misslink.org, o qual tem recebido centenas de milhares de entradas de pessoas de todo o mundo baixando os sermões e mensagens.

Tudo isso remonta à parábola da moeda perdida. A mulher varreu e varreu dizendo, “Vou varrer até encontrá-la”. Na Moeda Perdida, a moeda preciosa era Kurt.

Recordo-me de outra maravilhosa história do Espírito Santo indo atrás do que estava perdido até achá-lo

Essa história envolve duas moedas perdidas, e teve lugar numa Kosovo destruída pela guerra, na Sérvia. Enquanto tropas varriam as ruas que haviam sido bombardeadas naquela cidade, e mísseis caíam por todo lado, o Espírito Santo estava também varrendo as ruas, buscando os perdidos.

Um jovem e sua esposa eram viciados em heroína, vivendo nas ruas da cidade. Um cristão que passava apareceu no caminho do casal e lhes deu uma cópia do meu livro “A Cruz e o Punhal”. O casal decidiu ler um capítulo de cada vez, e viajar na heroína entre capítulos.

Capítulo após capítulo, o casal ficava no “barato”. Contudo cada novo capítulo do livro trazia-lhes um vislumbre de esperança. Os dois começaram a se perguntar se Deus poderia trazer mudança às suas vidas, também. Pensaram, “Talvez não estejamos além da redenção”. Então se levantaram, entraram numa pequena igreja e renderam suas vidas a Jesus.

Hoje, esse casal dirige o centro de reabilitação de drogas Desafio Jovem na Sérvia. Tudo porque o Espírito Santo, como uma mulher determinada, varreu as ruas de uma cidade destruída pela guerra, procurando rejeitados. Imagine a grandiosidade do júbilo de Deus por ter achado estas duas moedas perdidas!

3. Finalmente, chegamos à terceira parábola de Jesus: a história do homem perdido

Chamamos esse homem de filho pródigo, ou perdido. A história é muito familiar à maioria dos leitores, então não vou entrar em todos os detalhes. Mas realmente desejo dizer o seguinte sobre ela: não trata primariamente de um filho perdido; antes, trata do deleite do pai.

Para não haver dúvida, a parábola do filho pródigo é sobre o retorno. Também é sobre a graça, o perdão e a restauração. Mas não é só sobre o filho finalmente voltando ao lar. Leia a história de novo, e você notará que, significativamente, a história não termina quando ele retorna.

Não, essa parábola é também sobre o que mantém o filho em casa. O que é que produz isso? É o conhecimento de que o pai se deleita nele. “Porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se” (15:24).

O pai do filho pródigo nunca o repreendeu, nunca o condenou, nunca sequer falou do filho ter partido; antes, fez uma festa para o filho e convidou todos os amigos e vizinhos da família. Esse pai ansiava pela volta do filho, e agora isso havia acontecido.

O filho protestou no começo, dizendo ao pai, “Não, não, não sou digno”. Mas o pai o ignorou, pedindo aos servos uma roupa nova para ser posta sobre seus ombros, anéis em seus dedos, e sandálias para seus pés. Agora tudo que o pai possuía estava novamente disponível ao filho. E houve grande júbilo, com música, danças e banquetes.

Creio que foi o amor que trouxe esse jovem de volta. Mas foi o deleite do pai que o manteve lá. Veja, o filho pródigo foi conservado junto ao pai pelo simples ato de o jovem acordar todo dia vendo o pai feliz por tê-lo no lar; seu pai se deleitava por tê-lo presente consigo. E mais, tudo na vida daquele jovem que havia sido devorado pelo gafanhoto estava sendo restaurado.

Conheci muitos ex-viciados que são como o filho pródigo. Eles conseguem se concentrar apenas no que foi perdido anos atrás devido ao vício: o cônjuge, filhos, o ministério. Eles sentem a correção de Deus e isso pode ser doloroso. Mas Jesus lhes diz nessa parábola, “Nada está perdido no Meu reino. Você será fortalecido através disso. Você está em casa agora. E a Minha graça irá lhe restaurar inteiramente”.

Vou compartilhar uma última história

Enquanto eu preparava essa mensagem, li as notas de um sermão que preguei anteriormente há cerca de dezessete anos atrás. Elas contem uma ilustração que eu dei, um relato verdadeiro sobre um de meus filhos espirituais.

Gwen e eu amamos esse jovem desde o início. Ele era profundamente consagrado a Deus, um verdadeiro ganhador de almas e grandemente respeitado por muitos. Mas foi surpreendido pelo pecado e sofreu uma queda moral.

Ele sentiu muita vergonha pelo acontecido e foi ferido pela dor que causou a outros. Mais do que tudo, ficou envergonhado por haver desonrado ao Senhor. Em sua confusão, acabou voltando ao velho vício da cocaína, tentando afogar o que sentia.

Esse homem se tornou o filho pródigo. Acabou se divorciando da esposa, se envolveu em negócios e teve muito sucesso. Dirigia carros riquíssimos e era amigo de ricos e famosos. Durante todo esse tempo continuou com a cocaína e começou a beber muito. Vivia sob temor espiritual, sempre se preocupando, “Será que me afastei tanto de Deus que não consigo mais voltar?”.

Como o pródigo, gastou tudo em prazeres mundanos. Os problemas se acumularam, e sua saúde se deteriorou. Desenvolveu problemas cardíacos e começou a escarrar sangue. Certa ocasião, se trancou sozinho por três dias num quarto, usando a droga na esperança de morrer.

Um dia, no fundo do poço, ele estava só no quarto, bebendo e sofrendo. Ficou convencido de estar condenado ao inferno. Finalmente, se ajoelhou e clamou a Deus: “Por favor, me ajude. Me pegue de volta”.

O Pai respondeu imediatamente ao clamor desse jovem. O abraçou e o recebeu de volta. Que alegria quando perguntei sobre ele e me responderam, “Você não sabia? Ele voltou. Está limpo, e Deus o está abençoando”.

Esse filho pródigo assentava-se no culto de nossa igreja quando eu preguei exatamente essa mensagem no mês passado. Ele veio para visitar Gwen e a mim.

Amado filho que sofre, você se sente como um banido, um rejeitado? Tem se sentido indigno do amor do Pai para consigo? A única coisa que você precisa fazer é esticar os braços, exprimir um clamor por socorro, e o Verdadeiro Pastor lhe pegará e levará para os Seus braços. Aquele que tem estado atrás de você por anos está pronto para recebê-lo. Agora é a hora de voltar para Jesus!

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