Libras

sábado, outubro 27, 2007

Orando em Secreto

Por David Wilkerson
23 de outubro de 2006

Tenho uma pergunta para você: o que o povo cristão pode fazer em períodos de julgamento iminente da parte de Deus, para mover o coração do Senhor?

Estamos vendo calamidades naturais numa escala como nunca houve antes: ondas marítimas gigantescas, furacões, incêndios, inundações, secas. Penso nas devastações que abalaram todo o mundo, perpetradas pelo tsunami, pelo furacão Katrina, por terremotos na Índia e no Paquistão.

Penso também no medo e no desespero causados por calamidades produzidas pelo homem: os eventos de 11 de setembro de 2001, o conflito entre Israel e o Líbano, armas nucleares nas mãos de homens insanos. Até os comentaristas mais céticos dizem que já estamos vendo os inícios da 3ª guerra mundial.

Agora mesmo, muçulmanos em inúmeros países ameaçam destruir o cristianismo. Quando estive em Londres há pouco, ouvi dois jovens muçulmanos dizendo numa entrevista no rádio: "A nossa religião não é como o cristianismo. Não viramos a outra face. Decapitamos a cabeça do outro".

Eu lhe pergunto: em tempos difíceis como esse, a igreja estaria sem poder para fazer algo? Devemos ficar sentados e esperar que Cristo volte? Ou, somos chamados a tomar ação drástica de algum tipo? Quando em torno de nós o mundo inteiro treme, e o coração dos homens entra em falência por causa do medo, somos chamados para erguer armas espirituais e guerrearmos o adversário?

Por todo o globo, há uma sensação de que é inútil tentar resolver os problemas que se acumulam. Muitos sentem que o mundo atingiu o zênite da desesperança. O alcoolismo aumenta no mundo todo, e mais jovens do que nunca entram em bebedeiras. Vejo uma tendência igualmente perturbadora na igreja, à medida que cristãos se voltam para o materialismo. A mensagem que suas vidas pregam é: "Acabou a esperança. Deus desistiu".

Diga-me, seria esse o papel do povo de Deus em tempos negros? Será que os seguidores de Cristo devem cair um após o outro com o resto do mundo, e pegar à força uma fatia do bolo? Não, nunca!


O Profeta Joel Viu um Dia Semelhante Se Aproximando de Israel,
Um Dia de "Sombra de Morte e Escuridão"


Segundo Joel, o dia de escuridão que estava se aproximando de Israel seria um dia como nunca houvera em sua história. O profeta brada, "Ah! Que dia! Porque o Dia do Senhor está perto e vem como assolação do Todo-poderoso" (Joel 1:15).

Qual foi o conselho de Joel a Israel naquela hora negra? Ele trouxe a seguinte palavra: "Assim, agora mesmo diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. E rasgai o vosso coração, e não os vossos vestidos, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em beneficência, e se arrepende do mal. Quem sabe se não se voltará e se arrependerá, e deixará após si uma bênção...?" (2:12-14).

Lendo essa passagem, o que me atinge muito são duas palavras: “Agora mesmo”. Em meio à tremenda escuridão que caiu sobre Israel, Deus apela ao Seu povo: “Agora mesmo, na hora da Minha vingança - quando vocês Me puseram para fora da sociedade, quando a misericórdia parece impossível, quando a humanidade zomba das Minhas advertências, quando o medo e as trevas cobrem a terra - agora mesmo, Eu insisto para que voltem para Mim. Sou tardio em irar-Me. O Meu povo pode orar e propiciar a Minha misericórdia. Mas o mundo não chegará ao arrependimento caso vocês disserem que não há misericórdia”.

Você está vendo a mensagem de Deus para nós? Como povo dEle, podemos suplicar em oração - e Ele nos ouvirá. Podemos propiciá-Lo e saber que Ele ouvirá as preces sinceras, eficazes e ferventes dos Seus santos.

Tenho uma palavra de aviso à igreja nesse momento: cuidado! Satanás vem especificamente à essa hora de trevas quando o desastre nuclear se forma sobre a terra, quando a impiedade ruge e aterroriza as nações. O Diabo sabe que estamos vulneráveis, e lança a mentira: “Que tipo de bem você pode fazer? Por que tentar evangelizar os muçulmanos, quando eles querem te matar? Não dá pra mudar nada. É melhor você desistir desse mundo saturado pelo pecado. Não vai adiantar orar por um derramamento do Espírito. Todo esse seu arrependimento se torna fútil”.

Mas Deus vem a nós com essa palavra de Joel: “Há esperança e misericórdia, agora mesmo. Sou de grande bondade, tardio em Me irar. E agora é a hora de você se voltar para Mim em oração. Eu posso retirar o Meu julgamento e mesmo trazer bênçãos para ti”.

Agora mesmo - nesses dias de assassinato extremismo islâmico, quando o nosso país perdeu o rumo moral, quando os tribunais jurídicos estão banindo Deus para fora de nossa sociedade, quando o medo prende o mundo inteiro - é a hora de se voltar para o Senhor em oração. Mesmo que a Sua condenação esteja chegando por todos os lados, com taças de ira sendo derramadas, o Espírito Santo ainda busca trazer para Si a humanidade chamando-a até o último minuto do dia final.


Para o Quê Exatamente Devemos Orar Em Dias Como os Atuais ?


Eis a receita de Joel a Israel naquele dia de amarguras e trevas: "Tocai a trombeta em Sião, promulgai um santo jejum, proclamai uma assembléia solene. Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, reuni os filhinhos... Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o pórtico e o altar, e orem: Poupa o teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele. Por que hão de dizer entre os povos: Onde está o seu Deus?" (Joel 2:15-17).

Eis o chamado à igreja: "Não se desencoraje nem se entregue ao desespero. Você não deve acreditar nas mentiras do Diabo de que inexista esperança para despertamento". Pelo contrário, de acordo com Joel, o clamor do povo deve ser, "Senhor, pare a repreensão em Teu nome. Não deixe que a Tua igreja seja mais zombada. Faça com que o ímpio pare de nos governar com arrogância, de nos provocar e perguntar, 'Onde está o teu Deus?'".

A gente pode pensar, "O que Deus promete aqui é só uma possibilidade. Ele diz que 'poderia' deter Seu julgamento. Isso é nada mais do que um 'talvez', um 'pode ser'. Tudo que Ele requer do Seu povo pode ser em vão".

Não acredito que Deus suplicie Sua igreja. E Ele não enviará o Seu povo numa missão boba. Quando Abraão orou a Deus para que Sodoma (onde seu sobrinho Ló vivia) fosse poupada, o coração do Senhor foi movido para salvar a cidade mesmo se apenas dez justos vivessem lá. E Abraão orou assim quando anjos exterminadores estavam entrando na cidade. Estou convencido de que o povo de Deus atualmente deve propiciar o Senhor do mesmo jeito.


Zacarias Nos Diz Que Deus Designou Três Lugares
Onde o Seu Povo Deve Lhe Fazer Petições em Oração


Segundo Zacarias, há três lugares onde a oração deve ser feita: 1) na casa de Deus (a igreja), 2) em todo lar, e 3) no lugar secreto. O Senhor diz a Zacarias: "Sobre a casa de Davi... derramarei o espírito da graça e de súplicas...A terra pranteará, cada família à parte; a família da casa de Davi à parte (significando a igreja)...a família da casa de Levi à parte (a família ou lar), e suas mulheres à parte (indivíduos)" (Zacarias 12:10; 12-13).

Quando Zacarias disse isso, Israel estava cercado por inimigos dispostos a destruí-lo. Havia grande tremor e temor - mas em meio a isso veio essa maravilhosa palavra: "Deus está chegando para tratar desses poderes do mal que estão contra vocês. Então, comecem a orar ardentemente no santuário. Comecem a orar em seus lares e casas. E orem em seu lugar secreto. O Espírito Santo vem, e lhes concederá o espírito de súplicas e graça, capacitando-os a orar".

Você está vendo a mensagem de Deus a nós nesta passagem? Ele está dizendo à igreja de todos os tempos, "Nos momentos de terror e medo, quero derramar sobre vocês o Meu Espírito. Mas preciso de um povo em oração sobre o qual O derramarei".


1. A Oração Começa na Casa de Deus


Todos os profetas do Velho Testamento chamaram o povo de Deus para a oração em comum, conjunta. O próprio Jesus declara, "Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração" (Mateus 21:13). O fato é que a história do mundo foi modelada pelas preces da igreja de Cristo.

Pense no seguinte: o Espírito Santo foi inicialmente dado na casa de Deus, no cenáculo. Lá os discípulos "perseveram unânimes em oração" (Atos 1:14). Lemos que Pedro foi liberto da prisão por um anjo, enquanto "muitas pessoas estavam congregadas e oravam" (12:12). A oração conjunta estava continuamente sendo feita pela libertação de Pedro.

Claramente, Deus libera muito poder devido às preces da Sua igreja. Assim, o chamado a esse tipo de oração não pode ser subestimado. Sabemos que a igreja foi comissionada a ganhar almas, praticar a caridade, a servir como local de reunião para a palavra de Deus ser pregada. Mas primeiro e antes de tudo, a igreja deve ser um lugar de oração. Esse é o seu chamamento primeiro, pois todos estes outros aspectos da vida da igreja nascem da oração.

Contudo a oração em comum é limitada. É limitada à programação de horários, e aos tipos de oração aos quais Deus nos chama a orar. Por exemplo, a igreja não é o lugar para o choro de nossas preces de queda e de angústia, quando citamos nossas cobiças e lascívias diante do Senhor e nos arrependemos delas. Algumas vezes a oração em conjunto pode se tornar uma desculpa para evitar esse tipo de oração privativa, quando ocorre um exame do coração. Alguns podem dizer, "Acabei de chegar de uma reunião de oração de duas horas", ou, "Jejuei com a minha igreja por três dias". Mas esse não é o único tipo de oração que o Senhor deseja de nós.


2. Os Nossos Lares Também Devem Ser Um Lugar de Oração!


"Se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer cousa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus" (Mateus 18:19). Alguns cristãos chamam isso de "oração do acordo". Você é profundamente abençoado se tem um irmão ou irmã consagrada para orar em companhia dele. Na verdade, os intercessores mais poderosos que conheci vieram em dois ou três. Se de algum modo Deus me abençoou nessa vida - se me usou para a Sua glória - sei que é devido a uns tantos intercessores de poder que oram por mim diariamente.

O lugar onde esse tipo de oração tem lugar com mais poder é o lar. A minha mulher Gwen, e eu oramos juntos todos os dias, e creio que isso mantém nossa família junta. Oramos por cada um de nossos filhos durante seus anos de crescimento, para que nenhum se perdesse. Oramos por suas amizades e relacionamentos, que Deus mandasse embora namorados ou namoradas se houvessem sido enviados como armadilhas. Também pedimos por seus futuros companheiros, e agora estamos fazendo o mesmo por nossos netos.

É triste, mas poucas famílias cristãs gastam tempo para orar no lar. Pessoalmente posso testificar que estou no ministério hoje por causa do poder da oração em família. Todo dia, não importa onde meus irmãos e eu estivéssemos brincando, no quintal ou na rua, a minha mãe nos chamava da porta de casa, "David, Jerry, Juanita, Ruth - está na hora da oração!". (o meu irmão mais novo, Don, ainda não havia nascido.)

A vizinhança inteira sabia da hora de oração da nossa família. Eu às vezes odiava ouvir essa chamada, reclamava e me queixava. Mas alguma coisa claramente acontecia naquelas horas de oração, com o Espírito se movendo em meio à nossa família, e tocando as almas.

Talvez você não se veja tendo uma oração em família. Talvez tenha um cônjuge que não coopere, ou um filho rebelde. Amado, não importa quem escolhe não se envolver. Você ainda pode chegar à mesa, abaixar a cabeça e orar. Isso servirá como a hora de oração do seu lar, e todos os membros da família saberão disso.


3. O Terceiro Lugar de Oração é Aquele Que Jesus Praticava
E Recomendava aos Discípulos:
O Lugar Secreto de Oração


Oração em secreto acontece quando estamos a sós, em secreto. "Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará" (Mateus 6:6).

Ultimamente, o Espírito Santo tem me falado sobre esse tipo de oração. No passado eu ensinava que devido às exigências da vida, possamos ter um "lugar secreto de oração" em qualquer lugar: no carro, no ônibus, num intervalo do trabalho. Até certo ponto, isso é verdade.

Mas há mais. A palavra em grego para "secreto" nesse versículo quer dizer "quarto particular, um lugar secreto". Isso era claro aos seguidores de Jesus, pois as casas em sua cultura tinham um cômodo interno que servia como um tipo de despensa. A ordem de Jesus era para entrar nesse lugar secreto e fechar a porta. E é uma ordem individual, não do tipo que possa ocorrer na igreja ou com um parceiro de oração.

Jesus estabeleceu o exemplo para isso, ao se dirigir a lugar privativos para orar. Várias vezes as escrituras nos contam que Ele "retirou-se à parte" para orar. Ninguém era mais ocupado, sendo constantemente pressionado pelas necessidades dos que O cercavam, com tão pouco tempo para Si próprio. Ainda assim, lemos, "Tendo se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto e ali orava" (Marcos 1:35). "E, despedidas as multidões, subiu ao monte, a fim de orar sozinho. Em caindo a tarde, lá estava ele, só" (Mateus 14:23).

Veja a ordem dada a Saulo em Atos. Quando Cristo tomou esse perseguidor da igreja, Saulo não foi enviado à uma reunião conjunta da igreja, ou para Ananias, o grande guerreiro de oração. Não, Saulo deveria passar três dias sozinho e à parte, orando e conhecendo a Jesus.

Todos temos desculpas quanto a porque não oramos em secreto, num lugar especial a sós. Dizemos que não temos um lugar sozinho assim, ou tempo para fazê-lo. Thomas Manton, um piedoso escritor Puritano, diz o seguinte sobre esse assunto: "Dizemos que não temos tempo para orar em secreto. Contudo temos tempo para tudo mais: tempo para comer, para beber, para os filhos, mas não há tempo para o quê sustenta todo o resto. Dizemos que não temos um lugar em particular, mas Jesus encontrou um monte. Pedro, um telhado (eirado), os profetas um deserto. Se você ama alguém, encontrará um lugar para ficar a sós".


Segundo as Escrituras, Deus Freqüentemente Nos Aflige
Para nos Levar de Volta ao Lugar de Oração


Davi testifica, “Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua palavra” (Salmo 119:67). Ele está reconhecendo que quando tudo está calmo e sereno, e com poucos problemas, temos a tendência a nos esfriar ou a ficarmos mornos quanto à oração. Dizemos que amamos Deus, mas em nossos bons momentos podemos na verdade apostatar, negligenciando a comunhão com o Senhor. Então, às vezes, Deus permite afiadas flechas de aflição para nos acordar.

Muitos piedosos pais da igreja comentaram sobre esse assunto. João Calvino diz que nunca oferecemos obediência a Deus enquanto não formos compelidos a fazê-lo devido à Sua correção. C.S. Lewis escreve, “Deus cochicha em nossos prazeres, mas grita em nossa dor. É o megafone dEle despertando um mundo surdo. A dor remove o véu”.

Às vezes consideramos a oração como algo muito casual. Mas na hora dos problemas nos vemos lutando com o Senhor todos os dias, até assegurarmos em nosso espírito que Ele tem tudo sob controle. Quanto mais queremos ser lembrados desta segurança, mais vamos ao nosso lugar de oração.

A verdade é que Deus nunca permite aflição em nossas vidas exceto como ato de amor. Vemos isso ilustrado na tribo de Efraim em Israel. O povo havia caído em grande aflição, e clamou ao Senhor em agonia. Ele respondeu, “Bem ouvi que Efraim se queixava” (Jeremias 31:18).

Como Davi, Efraim testifica, “Castigaste-me, e fui castigado como novilho ainda não domado; converte-me, e serei convertido, porque tu és o Senhor, meu Deus” (31:18). Em outras palavras, “Senhor, Tu nos castigaste por algum motivo. Éramos como um touro jovem, sem aprendizado, cheio de energia, mas Tu nos castigaste a fim de nos domar para o Teu serviço. Trouxeste controle à nossa fúria”.

Veja, Deus tinha grande planos para Efraim, de frutos e satisfação. Mas primeiro teriam de ser instruídos e treinados. Assim, Efraim declara, “arrependi-me; depois que fui instruído” (31:19). Na verdade disseram, “No passado, quando Deus nos tinha na sala de aula preparando-nos para o Seu serviço, não podíamos receber correção. Fugíamos, gritando ‘É muito difícil’. Éramos teimosos, sempre saindo do jugo que Ele colocava. Então Deus pôs sobre nós um jugo mais apertado, e usou Sua vara do amor para quebrar nossa teimosa vontade. Agora, nos submetemos ao Seu jugo”.

Nós também somos como Efraim: touros jovens e egoístas que não querem jugo. Evitamos a disciplina do arado, evitamos vivenciar a dor, aceitar o cajado e vara. E esperamos ter tudo agora - vitória, bênção, frutos - meramente reivindicando as promessas de Deus, ou “as tomando pela fé”. Nos irritamos por sermos treinados no lugar secreto, pela luta com Deus até que as Suas promessas sejam cumpridas em nossas vidas. Aí, quando chega a aflição, achamos “Somos o povo escolhido de Deus. Por que isso está acontecendo?”.

O lugar de oração é a nossa sala de aula. E se não tivermos esse “tempo a sós” com Jesus - se formos liberados da intimidade com Ele - não estaremos preparados quando a inundação chegar.


Nem Toda Aflição em Nossa Vida É Correção de Deus


Há outras razões para nossas aflições que estão muito além de nossa compreensão. Mesmo assim, sabemos que o Seu amor está sempre agindo em nossas aflições. Deus nos diz, "Em meio a todo o teu sofrimento, tenho você em Minha mente. Você é Meu precioso filho. Sinto a sua dor, e certamente terei misericórdia de Ti".

Mais importante, em nossa pior aflição Ele nos envia o Consolador: "O Consolador, o Espírito Santo... vos ensinará todas as cousas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou" (João 14:26-27).

Como o Senhor traz consolação e paz em nossa aflição? Ele nos leva ao lugar secreto de intimidade com Ele. É lá - Jesus nos lembra - que o Pai nos toca pessoalmente: "Quando orar, entre em teu lugar secreto e tranque a porta. Ore ao teu Pai, que te vê em secreto. E Ele lhe recompensará" (Mateus 6:6, paráfrase minha).

Recentemente, um querido amigo meu - bispo do movimento Pentecostal na Hungria - morreu tragicamente em um acidente estranho. Sua grelha de assar pegou fogo e ele se queimou gravemente. Ele foi tratado e achou estar bem, mas poucos dias após morreu subitamente devido a coágulos sangüíneos que se formaram.

Amigos de todo o mundo estão junto à sua viúva em termos de oração e sustentação. Ainda assim a real consolação para ela virá do alto. Nenhum psicólogo pode ajudá-la em sua dor tão profunda. O Consolador é fiel para encontrá-la no lugar secreto.

Conheço um precioso ministro e sua esposa que dirigem um orfanato na América Central. Há poucos anos atrás acolheram um bebê que estava virtualmente meio morto. Esse precioso menino se tornou o amado "pequeno príncipe" do orfanato. Então recentemente, num acidente estranho, o câmbio de um carro se deslocou numa van estacionada e o pequeno garoto foi atropelado e morto.

O casal está em tremendo desespero pela perda. As outras crianças do orfanato que viram o acidente acontecer, também estão inconsoláveis. O quê pode ser dito a eles para tocar a profunda dor? Nada dos meus cinqüenta anos de ministério pode tocar esse lugar dos meus queridos amigos. Eles têm braços de amor em torno deles, mas a consolação real virá do Pai, que vê sua dor em secreto.

Compreendo que não posso alcançar os milhares de crentes que estão sofrendo agora e nos escrevem. Recebemos uma carta de uma esposa grávida, casada com um pastor. Ela acabou de descobrir que o marido é um pedófilo. Ela escreve, "Não sei o que fazer. Creio que tenho de me divorciar de meu marido. Não o quero molestando nosso filho".

Há algo que todo irmão e toda irmã que esteja sofrendo pode fazer: leve tudo a Jesus, tranque-se com Ele e ache consolo em Sua presença. O Senhor diz, "Porque satisfiz a alma cansada, e toda a alma entristecida saciei" (Jeremias 31:25). Como Deus faz isso? Ele os encontra no lugar secreto: "Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará" (Salmo 91:1).

Você vê a importância de determinar no coração orar num lugar secreto? Não se trata de legalismo ou escravidão, mas trata-se de amor. Trata-se da bondade de Deus para conosco. Ele vê o que vem à frente e sabe que necessitamos de tremendos recursos, de sermos novamente preenchidos e renovados. Tudo isso é encontrado no lugar secreto com Ele.

Podemos achar que não sabemos como orar. Mas podemos começar simplesmente louvando-O. O que importa é que você está lá pela fé, pelo amor obediente, e o Pai o verá lá. Ele irá lhe revelar Seu amor em secreto, e o recompensará com o fruto do Seu reino. O Espírito Santo irá orar através de você e lhe dar expressão.

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terça-feira, maio 01, 2007

Acesso Irrestrito ao Pai (Unrestricted Access To The Father)

Por David Wilkerson

"Segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor, pelo qual temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé nele” (Efésios 3:11-12).

Os filhos de Deus possuem um dos maiores privilégios concedidos à humanidade. Temos o direito, a ousadia e a liberdade de irromper diante de nosso Senhor a qualquer momento.

O nosso Pai celestial assenta-se num trono na eternidade. E à Sua destra assenta-se Seu Filho, nosso bendito Senhor e Salvador, Jesus. Externamente à sala do trono há portões, que se abrem a todos que estão em Cristo. À qualquer hora - dia e noite, incessantemente - podemos passar pelos anjos guardiões, pelos serafins e por todas as hostes celestiais para ousadamente entrar por estes portões e nos aproximarmos do trono do nosso Pai. Cristo nos concedeu acesso direto ao Pai, para recebermos toda a misericórdia e graça que necessitamos, não importando quais as circunstâncias.

Nem sempre foi assim. No Velho Testamento, ninguém tinha acesso ao Pai, com poucas exceções. Por exemplo, sabemos que Abraão desfrutava de um certo grau de acesso ao Senhor. Este homem consagrado foi chamado de amigo de Deus. Ele ouvia do Senhor, falava com Ele, tinha comunhão com Ele.

Contudo mesmo Abraão permaneceu “fora do véu”. Apesar de ser amigo de Deus, ele nunca teve acesso ao Santo dos Santos, onde Deus morava. O véu espiritual de separação ainda não havia se rasgado em dois.

Numa época na história de Israel, Deus declarou que falaria aos profetas através de visões e sonhos: “Se entre vós há profeta, eu, o Senhor, em visão a ele, me faço conhecer ou falo com ele em sonhos” (Números 12:6).

Este era um acesso muito restrito à Deus. Mesmo assim, mais uma vez, houve uma exceção: Moisés, o líder de Israel. Deus disse o seguinte sobre ele: “Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a forma do Senhor” (12:7-8). Como Abraão, Moisés conversava com Deus, e Deus conversava com ele. Passou quarenta dias e quarenta noites na presença do Senhor, até que sua face brilhou. Claramente, Moisés dispunha de uma grande medida de acesso.

Mas o restante de Israel nada sabia quanto a este tipo de acesso. O Senhor lhes disse: “Este será o holocausto contínuo por vossas gerações, à porta da tenda da congregação, perante o Senhor, onde vos encontrarei, para falar contigo ali. Ali, virei aos filhos de Israel” (Êxodo 29:42-43).

Ninguém podia entrar no Santo dos Santos, onde habitava a presença de Deus. Só o sumo sacerdote tinha a permissão de ingressar, em um dia do ano, no Dia da Expiação. Então, o povo tinha de trazer os sacrifícios até a porta do tabernáculo. Eles podiam espreitar pela porta, mas não podiam contemplar nada por inteiro. Só podiam ficar imaginando a majestade da glória de Deus que habitava o interior.

Mais uma vez, era um acesso muito restrito. Era como se Deus estivesse dizendo para eles: “Cheguem até a minha casa, e lhes atendo na porta. A gente conversa lá.” Eles não eram convidados a entrar. O Senhor lhes falava do outro lado da porta do tabernáculo. Você pode imaginar como é tentar se comunicar com um amigo íntimo deste jeito?

Dentro do tabernáculo, um véu separava o Lugar Santo, do Santo dos Santos. Na hora que o sumo sacerdote se aproximava do véu, acho que ele tremia. O acesso à glória de Deus era algo terrível e amedrontador. Se alguém cometesse uma única profanação em Sua presença, seria fulminado. A santa presença de Deus não podia tolerar pecado de nenhum tipo.

Que acontecimento aterrador deveria ser o Dia da Expiação. Neste dia, todos os filhos de Israel se reuniam em torno da porta do tabernáculo. Era a mesma porta onde Deus julgara Miriã por questionar a liderança de Moisés, e Datã e Abirão por se levantarem contra Moisés.

E então a multidão ficava apreensiva quando Arão, o sumo sacerdote, ingressava na sala mística para se encontrar com o Deus Todo-Poderoso. Eles tinham recebido explicações quanto ao que ocorria lá dentro. Mas ficavam imaginando: “Como deve ser lá? Será que Deus é visível? Será que a Sua voz é como aquela voz aterrorizante que ouvimos no Monte Sinai? Será que Ele é delicado e gentil, ou é assustador?”

Até mesmo Davi, o suave salmista de Israel, tinha acesso restrito a Deus. As escrituras dizem que ele tinha comunhão com Deus. Ele sabia que o Senhor era o seu defensor, o seu refúgio, seu guardador, sua força. Ninguém falou de maneira mais majestosa ou poderosa de Deus, do que este homem. Mas, mesmo assim, Davi não tinha o privilégio de entrar no mais santificado dos lugares. Por todos os Salmos, Davi fala do desejar e do almejar por Deus. Ele clama por ir além do véu, em busca de algo: “Um abismo chama outro abismo” (Salmo 42:7).

Salomão também expressa este tipo de ardente desejo não realizado, de chegar ao Senhor: “O meu amado meteu a mão por uma fresta, e o meu coração se comoveu por amor dele. Levantei-me para abrir ao meu amado... Abri ao meu amado, mas já ele se retirara e tinha ido embora... busquei-o e não o achei; chamei-o, e não me respondeu” (Cantares 5:4-6). Esta é a linguagem do ardente desejo pelo divino: “Busco-o, desejo-o, quero-o. Mas não consigo lhe encontrar.”


Israel Via Deus Como Morador do Templo,
Numa Sala Chamada Santo dos Santos


Salomão construiu um templo majestoso em Jerusalém para a glória de Deus. Quando a edificação estava pronta, “trouxe Salomão as cousas que Davi, seu pai, havia dedicado; a prata, o ouro e os utensílios... Puseram... a arca... no seu lugar” (2 Crônicas 5:1,5,7). Depois de tudo ter sido colocado em seus lugares, Salomão convidou Deus para vir e santificar o Santo dos Santos com a Sua presença. E Deus o fez, descendo em uma nuvem e enchendo o templo.

Todos em Israel acreditavam que Deus residia no grande templo de Jerusalém. Então, os israelitas direcionavam todas as suas preces em direção a ele. Salomão pede ao Senhor: “Quando o teu povo sair à guerra contra o seu inimigo, pelo caminho por que os enviares, e orarem a ti, voltados para esta cidade, que tu escolheste, e para a casa que edifiquei ao teu nome, ouve tu dos céus a sua oração e a sua súplica e faze-lhes justiça” (2 Crônicas 6:34-35).

Salomão estava pedindo: “Senhor, quando os nossos exércitos saírem em guerra contra os nossos inimigos, ouça-os quando oferecerem preces a Ti aqui, em Teu templo. Dê-lhes sucesso nas batalhas.” Achavam que Deus não estava no campo de batalha, mas naquela santa sala em Jerusalém. Além disso, se Israel fosse levado em cativeiro, deveriam orar “voltados para a sua terra... e para a casa que edifiquei ao teu nome, ouve tu dos céus” (2 Crônicas 6:38-39). É por isso que Daniel abriu sua janela na Babilônia e orou em direção a Jerusalém (v. Daniel 6:10). Hoje, os judeus ainda voltam-se em direção a Jerusalém para orar. Uma vez eu estava em um avião quando um judeu ortodoxo vestiu sua manta de preces, levantou-se no corredor e orou voltado para Jerusalém.

Contudo, apesar da glória de Deus no templo, apesar das visões e dos sonhos dados aos profetas, apesar da visitação por parte de anjos - o povo de Deus permanecia fora do véu. A porta ao lugar santo ainda não fora aberta. E o acesso a Ele se mantinha restrito.


Jesus Trouxe Consigo Uma Medida Maior de Acesso


A vida de Cristo em forma humana forneceu acesso maior ao Pai. Mas mesmo aí, o acesso ainda era muito restrito. Quando Jesus veio ao mundo como bebê, só poucas pessoas estavam presentes, um grupo de pastores e os magos. O resto da humanidade colocou no esquecimento a Sua vinda. Lá no templo de Jerusalém, os sacerdotes continuavam entregues aos seus deveres, e o povo dizia preces, todos seguindo sua rotina normal.

Quando Jesus era um menino, poucas pessoas O viram no templo. Em sua maioria eram sacerdotes e escribas que se maravilharam com o Seu conhecimento sobre a palavra de Deus. Mas o público em geral não sabia nada a respeito dele. Mais tarde, outros O encontraram na carpintaria onde Ele trabalhava. Mas quem iria pensar que Jesus era o Deus encarnado quando Ele consertava as cadeiras quebradas? Ele era simplesmente o filho de José, um excelente jovem que conhecia muito sobre Deus.

Quando Jesus iniciou o Seu ministério, Ele direcionou Suas palavras à uma pequena população em um país muito pequeno - ou seja, às ovelhas perdidas da casa de Israel. E por Ele só poder estar em um lugar de cada vez, o acesso a Ele era restringido pela logística da época.

Se você quisesse chegar a Jesus, teria de ir a Judá. Então, se vivesse fora de Israel, teria de viajar por dias ou semanas por barco, camelo ou a pé. Aí teria de rastrear a Sua presença até uma aldeia, achar o povo, e pedir que O localizassem. Ou, se Ele já tivesse ido embora, teria de ouvir os comentários para descobrir para onde estava indo. Você poderia ter de alugar um barco para lhe levar do outro lado de um grande lago, ou andar dia e noite para chegar ao deserto onde Ele estivesse ensinando às multidões.

Uma vez tendo encontrado Jesus, você teria de ficar fisicamente próximo para ouvir a Sua voz, receber o Seu toque, ser abençoado pela Sua santa presença. Você poderia tentar abrir caminho pela multidão para chegar a Ele, mas todo mundo também queria ficar perto d’Ele.

Este era um acesso dos mais difíceis. Para chegar ao Senhor, você teria de estar no lugar certo na hora certa. Lembre-se do cego que ouviu Jesus passando. Quando este homem descobriu quem era, gritou: “Jesus, me cure, que eu possa ver.” Só então Cristo o restaurou.

Ou, pense na mulher com um fluxo de sangue. Ela precisou empurrar a multidão para tocar as bordas da vestimenta de Jesus. O tempo todo, todos os demais estavam tentando tocá-Lo também.

Também houve a mãe de Naim, que seguia os funerais para sepultar o filho que morrera. Quando Jesus atravessou seu caminho, Ele tocou o esquife e levantou o menino dos mortos.

Ou, pense no inválido no tanque de Betesda, no mercado de ovelhas. Muitas pessoas doentes e aflitas tinham se reunido ali para serem curadas. Mas este homem estava no lugar certo na hora certa. Ao passar por Ele, Jesus o curou também.

Muitas vezes era preciso calcular ou planejar antecipadamente o acesso ao Senhor. Zaqueu fez isso, ao subir numa árvore para ver a Jesus mesmo que de passagem. Outros quatro homens resolveram um problema similar de logística, em favor do amigo enfermo. Quando localizaram a casa abarrotada de gente onde Cristo estava ensinando, abriram um buraco no teto, e fizeram descer o amigo bem diante dos olhos de Jesus.

Finalmente, de repente, em um momento glorioso, Jesus concedeu acesso total e irrestrito ao Pai. A Bíblia diz que no Gólgota, sobre uma cruz manchada de sangue, “Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito. Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo” (Mateus 27:50-51).

No momento da morte de Jesus, o véu do templo de Jerusalém literalmente se rasgou. Foi neste momento que o nosso destino foi selado. No instante em que o nosso Senhor entregou o espírito, foi nos dado acesso total e irrestrito ao Santo dos Santos: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hebreus 10:19,20).

Este rasgar do véu físico representa o que aconteceu no mundo espiritual. Finalmente, nos tornamos capacitados para desfrutarmos de algo que geração após geração não podia. É um privilégio que nem Abraão, Moisés ou Davi tiveram. Nós temos acesso ao Santo dos Santos, a sala do trono do próprio Deus Todo-Poderoso. A porta já não está mais fechada para nós. Qualquer um agora pode ver por dentro e entrar. Acesso irrestrito foi tornado possível.

Além disso, em Sua morte, Jesus tornou-se o nosso sumo sacerdote. Ele ascendeu à Nova Jerusalém, para um templo não construído por mãos. Lá Ele assumiu o papel de sumo sacerdote. Ele entrou diretamente à santa presença de Deus e, com o incenso de Suas próprias intercessões, apresentou o Seu sangue no propiciatório. Então assentou-se à destra do Pai, com todo o poder, majestade e glória.

Neste ponto, Jesus reivindicou o Seu direito, conforme a aliança, de receber em um corpo espiritual todos os que se arrependeriam e O receberiam como Senhor. E mandou que o Espírito Santo lançasse um chamado a todos os Seus filhos: “Eu abri a porta para o Pai. Vocês agora são aceitos simplesmente por estarem em Mim pela fé. Então, venham com intrepidez ao trono. Eu os levarei à presença de meu Pai, que agora é o seu Pai. Vocês têm acesso irrestrito à Ele, dia e noite.”


Eis a Mágoa, a Dor e a Tristeza da Alma de Jesus


Qual é a maior dor que a alma de Cristo poderia conhecer? Creio que é o fato de uma geração que recebeu acesso total e irrestrito não ir à Ele.

Durante séculos o povo de Deus implorou e suplicou por atravessar o véu. Desejaram ardentemente ver a bênção dos nossos dias. O acesso do qual agora desfrutamos é exatamente o acesso que Moisés tanto desejou. É o mesmo acesso que o coração de Davi podia ver, mas não podia obter. É o acesso que Daniel nunca possuiu, apesar de orar ao Senhor três vezes por dia. Os nossos antepassados viram este acesso acontecendo em nossos dias, e se alegraram por nós.

No entanto, nós a quem nos foi dado o direito a este maravilhoso presente, nos acostumamos com isso. A porta nos foi aberta, porém nos recusamos a entrar durante dias e semanas seguidas. É um crime! Toda vez que ignoramos o acesso que Jesus comprou para nós, passando despreocupadamente em frente da porta, estamos desmerecendo o Seu sangue. O nosso Senhor nos diz que teríamos todos os recursos de que necessitamos se apenas fôssemos à Ele. Mesmo assim continuamos tratando com desdém o Seu presente tão caro.

As escrituras nos exortam: “Aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé... Guardemos firmes a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel” (Hebreus 10:22-23). Esta passagem fala claramente da oração. Deus nos encoraja: “Venham à minha presença todos os dias. Vocês não conseguirão conservar a fé se não se aproximarem de Mim. Se não entrarem intrepidamente à minha presença, sua fé vacilará.”

Vocês talvez conheçam cristãos que no passado estavam em chamas para Jesus. Estavam sempre separando seu melhor tempo para o Senhor, buscando Sua palavra, e fechando-se com Ele. Sabiam se aproximar dEle para conservar a fé viva.

Porém agora estes mesmos cristãos apenas “pensam” suas orações. Ou, vão com pressa à presença de Deus por alguns minutos, só para dizer: “Olá, Senhor. Bendito seja. Por favor, me guie hoje. Eu O amo, Jesus. Até logo.” Aquele coração que buscava, acabou. A comunhão sem pressa da qual uma vez desfrutaram, não existe mais. Quando lhe perguntam a respeito da vida de oração que abandonaram, eles respondem que estão “descansando na fé”.

Ouçam bem: pessoas sem oração logo viram pessoas sem fé. Quanto mais abrem mão da dádiva do acesso, recusando-se a sacar das provisões de Deus, mais se distanciam.


Jesus Chorou Por Jerusalém Antes de Ascender aos Céus


Quando Jesus andou pela terra, Ele se fez acessível à população. Ele ensinou nas sinagogas, sobre os montes, nos barcos. Curou os doentes, realizou maravilhas e milagres. Levantou a voz nas comemorações gritando: “Eu sou a água viva. Venham à mim, e satisfarei sua alma sedenta.” Qualquer um poderia se acercar dEle e se satisfazer.

Mas o convite de nosso Senhor foi na maioria das vezes ignorado. Ele chorou pelo povo: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!” (Mateus 23:37). Ele estava dizendo à Israel: “Eu agora estou aqui, à sua disposição. Eu lhes disse que viessem à mim para serem curados e para que Eu atendesse às suas necessidades. Mas vocês não querem vir.”

Como Jesus respondeu à rejeição que sofreu? Ele declarou: “Eis que a vossa casa vos ficará deserta” (23:38). A palavra que Jesus usa para deserta aqui quer dizer: só, infrutífera, arruinada. Disse: “A sua vida na igreja, a sua vida familiar, o seu caminhar espiritual - tudo isso ficará totalmente seco e morrerá.”

Pense nisto. Se os pais não buscam a Deus todos os dias, os filhos certamente não farão isso. Pelo contrário, o lar vai ficar cheio de mundanismo, de aridez espiritual, de uma solidão indescritível. Com o tempo, a família acaba em desolação total.

Guarde na mente, Jesus disse estas palavras nos dias da graça. Acrescentou: “Desde agora, já não me vereis, até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor!” (Mateus 23:39). Quer dizer o seguinte: “Lhes dei todo o acesso que precisam para viverem em vitória. Mas vocês ignoraram a minha oferta. Sinto muito, mas a sua decisão trará desolação para a sua vida e para o seu lar. E não me verão de novo até a eternidade.”

Quando foi a última vez que você foi a Deus para achar tudo aquilo de que necessitava na vida? Você estava no meio de um problema, enfrentando uma crise com a família, seu trabalho, sua saúde? Não há nada de errado em se apropriar do acesso para Deus nas horas de séria necessidade. Isaías diz: “Senhor, na angústia te buscaram; vindo sobre eles a tua correção, derramaram as suas orações” (Isaías 26:16). O salmista testifica: “Ao Senhor ergo a minha voz e clamo, com a minha voz suplico ao Senhor. Derramo perante ele a minha queixa, à sua presença exponho a minha tribulação” (Salmo 142:1-2).

O nosso Senhor é um Pai que se interessa profundamente por todos os problemas de Seus filhos. Todas as vezes que enfrentamos dificuldades, Ele insiste para que nos aproximemos, e diz: “Venha, despeje todos os teus problemas, tuas necessidades e reclamações para mim. Vou ouvir teu clamor e responderei.”

Porém, para muitos cristãos, é só nesta hora que eles acessam o Pai. Eu lhes pergunto: onde está o almejar por Deus que Davi descreve, a sede em profundidade para estar na presença de Deus? Onde está o ministrar diário à Ele, o desabafo do coração em amor e adoração?


Os Cristãos Que Não Oram Não Compreendem
o Perigo Que Estão Correndo


Você pode argumentar: “E daí se alguns cristãos não orarem? Eles continuam crentes - purificados pelo sangue, perdoados e vão para o céu. Onde está o perigo de se ficar um pouco morno?”

Eu acho que o nosso Pai celestial entende que vivemos numa era cheia de ocupações, em que o nosso tempo e nossa energia são muito requisitados. E os cristãos são surpreendidos em negócios e em atividades como todos os demais. Contudo não posso acreditar que Deus ache banal nossa rejeição ao Seu acesso, que custou ao Seu Filho a própria vida.

Deus tornou Cristo a nossa torre forte. Mas só os que “correm para ela” estão seguros (v. Provérbios 18:10). Se você não entrar, então ainda ficará de fora. Você ficará onde Israel ficava. Mas Deus não recebe mais as pessoas na porta. Toda provisão de que precisamos está dentro: perdão dos pecados, misericórdia na necessidade, poder para vencer.

Imagine a dor da rejeição sentida pelo Pai e pelo Filho. Visualizo esta conversa entre eles:

“Filho, você foi moído, zombado, crucificado, sepultado. Isto me doeu tanto que fechei os olhos à cena. Contudo, você cumpriu a aliança eterna. Você providenciou aceitação e acesso para todos os que confiariam em você. Por sua causa, pessoas dos últimos dias seriam capazes de vir a mim. E eles cresceriam fortes na minha força, edificando reservas de fé contra um diabo que os iria tentar e provar como em nenhuma época anterior.”

“Porém, onde estão nossos filhos amados? Vem a segunda feira, e a gente nunca os vê. Terça vem e nada dos filhos. Chega quarta feira, e não há sinal deles. Quinta, sexta, sábado passam, porém não os vemos. Só nos domingos eles se aproximam de nós, quando estão na igreja. Por que eles não vêm? Eles não nos amam?”

Deus fez a mesma pergunta para Adão quando este se escondeu do Senhor no jardim do Éden: “Onde estás?” (Gênesis 3:9). O tempo todo Deus sabia onde Adão estava. Na verdade Ele estava perguntando a Adão por que este havia rejeitado a Sua comunhão. E estava mostrando a Adão que havia perigo em se esconder da Sua presença.

Realmente, os cristãos que não se apropriam do acesso para o Pai acabam na situação de Sardes. O Senhor instruiu a João: “Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Estas cousas diz aquele que tem os sete espíritos de Deus... Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto” (Apocalipse 3:1).

Jesus está dizendo: “Você pode ser uma boa pessoa; alguém que nunca prejudicará o próximo. Você tem uma boa reputação tanto na igreja como no mundo. Você é considerado uma pessoa realmente avivada em Cristo, abençoada de Deus. Mas um elemento de morte se infiltrou na sua vida. Alguma coisa do mundo o contaminou.”

‘Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras” (3:4). À que contaminação se refere aqui? Trata-se da falta de oração. E aqui está Jesus nos prevenindo: “Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus” (3:2).

Os crentes de Sardes não estavam vigiando. Não estavam em oração, esperando no Senhor, buscando-O como no passado estiveram. Pelo contrário, permitiram-se tornar negligentes, deixando de ir diariamente à Deus em busca de ajuda. Agora a contaminação tinha chegado até eles. A palavra que Jesus usa para contaminação aqui significa excremento do pecado, uma marca negra na vestidura branca. Cristo está nos dizendo: “Se você não orar, não terá defesa contra o inimigo. A sua negligência permite que a sua vestidura fique manchada.”

No entanto Jesus declara o seguinte a respeito de uns poucos: “Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas” (3:4). Está dizendo: “Você ainda possui uma pequena chama de desejo por mim. Você não quer perder a minha presença, ser entregue à aridez. Rápido: provoque a sua fome outra vez. Volte ao seu lugar secreto de oração, e me invoque. Fixe o seu coração como uma rocha. Sopre a chama da fé antes que se apague - antes que a morte atinja a sua alma, como já aconteceu com tantos em torno de você.”

Não ignore o seu grande presente de acesso. Todo o seu futuro depende disto. Ore e busque o Senhor. Ele lhe concedeu um acesso. E Ele promete cuidar de cada uma de suas necessidades.

Copyright © 2002 by World Challenge, Lindale, Texas, USA.

segunda-feira, março 19, 2007

Não Julgue Sua Situação Espiritual Pelas Emoções (Don't Judge Your Spiritual Condition by Feelings)

Por David Wilkerson

O apóstolo Paulo assegura aos tessalonicenses que eles haviam aprendido como andar de modo a agradar o Senhor. Ele lhes diz: “...recebestes de nós, quanto à maneira por que deveis viver e agradar a Deus” (I Tessalonicenses 4:1). Paulo a seguir acrescenta esta exortação: “para que abundeis cada vez mais” (4:1).

Abundeis significa aumenteis. Paulo estava dizendo: “Vocês ouviram pregações do sadio evangelho - agora então possuem firmes alicerces para lhes sustentar; logo, devem aumentar na graça em todos os caminhos - seja na fé, no conhecimento, no amor.”

Paulo também falou desta abundância aos coríntios: “Portanto, assim como em tudo tendes abundância: em fé, em palavra, em ciência, em todo o zelo e no vosso amor para conosco, assim também sobressaí nesta graça” (2 Coríntios 8:7). Ele disse, em outras palavras: “O Espírito de Deus moldou supremas transformações em suas vidas. Portanto, devem dar mais de si próprios de todas as maneiras: no seu tempo, finanças, talentos.”

Estas passagens deixam claro: espera-se que todo aquele que se alimenta da palavra de Deus cresça na graça. Deus concedeu dons a pastores, mestres, profetas e evangelistas com um propósito específico: levar Sua igreja a crescer. Nenhum crente deve permanecer bebê em Cristo. Espera-se que cresçamos nEle, para não sermos carregados por qualquer coisa falsa.

O próprio Jesus fala de um aumento constante em nossa vidas: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (João 10:10). Cristo ordenou que a igreja de Tiatira tivesse crescimento na graça: “Conheço as tuas obras, e o teu amor, e o teu serviço, e a tua fé, e a tua perseverança, e sei que as tuas últimas obras são mais numerosas do que as primeiras” (Apocalipse 2:19). Jesus estava dizendo na essência: “Vocês estão mais intensos agora, do que quando iniciaram; permitiram que a Minha vida em vocês se tornasse mais abundante.”

Provérbios ressoa isso: “A vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Prov. 4:18). E Jó declara: “O justo segue o seu caminho, e o puro de mãos vai crescendo em força” (Jó 17:9).

Vemos que não há lugar para indolência, preguiça ou atraso de crescimento no corpo de Cristo. Então, o que acha do seu crescimento no Senhor? Você está vendo aumento constante de fé, esperança, amor, doação? Se é assim, como você mede seu crescimento?

Tragicamente, muitos cristãos julgam seu crescimento espiritual pela situação exterior. Naturalmente, a maioria dos crentes afirma viver pela fé e não pelas emoções. Mas no dia a dia, muitos medem a vida espiritual pela maneira que se sentem. E estão convencidos de que não estão crescendo espiritualmente. Freqüentam a igreja regularmente, ouvem a pregação da palavra de Deus, lêem a Bíblia, oram com diligência. Mas sentem que não estão progredindo. Um santo me disse: “Eu deveria estar muito mais quebrantado no Senhor. Eu costumava chorar facilmente diante dEle, mas agora meu coração não está mais tão mole. Eu simplesmente não estou crescendo.”

Outros se condenam porque ouvem muitos sermões, mas retém pouco deles. Preocupam-se por não estarem tão intensos ou zelosos por Deus, como já estiveram.

Quero compartilhar com você alguns pontos sobre o nosso crescimento espiritual:


1. O Cristão Pode Estar Crescendo
na Graça E Não Perceber Isto


Você pode estar desconhecendo totalmente o tremendo processo de amadurecimento que ocorre dentro de si. Paulo compara nosso crescimento espiritual ao crescimento de nossos corpos. Ele diz que a alma é nutrida da mesma maneira que nossas articulações, músculos e fibras físicas. Segundo ele, ela “vai crescendo com o aumento concedido por Deus” (Coloss. 2:19).

Tal crescimento vem da cabeça. Para simplificar, ao confiar e permanecer em Cristo, um fluir infinito da vida de Jesus é bombeado em sua alma. Jesus é uma constante força de vida no seu ser, uma viva corrente de águas que nunca cessa. Por isso, a vida dEle emana constantemente para a sua, mesmo quando você está dormindo. Ele lhe fornece suprimento renovado todos os dias, não importando como você se sente por fora.

Como você acha que Israel sobreviveu quarenta anos no deserto? Eles viveram do maná, pão mandado do céu. Este “alimento dos anjos” tinha todos os nutrientes necessários para construir o sistema imunológico dos israelitas. É por isso que o povo de Deus nunca contraiu nenhuma das doenças do Egito. Em toda volta deles, os cananeus e filisteus morriam de pragas. Porém o tempo todo, Israel permaneceu imune.

Assim é com Cristo, o nosso maná hoje. Ele é o pão enviado para nós do céu. E Ele constrói o nosso sistema imunológico contra os pecados de todo tipo. Podemos não ver sinais exteriores de que este maná está agindo em nós (assim como não vemos o sistema imunológico de nossos corpos se fortalecendo). Mas a palavra de Deus promete que todos que amam Jesus terão sua imunidade espiritual fortalecida.

Pense nisso: às vezes você ainda pode ser tentado, mas com o passar dos anos você achou poder crescente para resistir à sedução do mundo. E está sentindo mais repugnância com a imundície que vê em torno. Você já não pensa e não fala como o mundo o faz. Enquanto os colegas gritam: “Sexta feira! É hoje...!”, você pensa: “Faltam só dois dias para chegar o domingo!” Isso ocorre porque você está crescendo.

Veja a lua e as estrelas. Elas parecem estar fixas, sem sinal de movimento. Contudo estes corpos celestes estão correndo pelo espaço à centenas de quilômetros por hora. Podemos achar que o nosso crescimento está fixo, sem avanço. Mas Deus nos deu uma promessa de aliança: os “plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus” (Salmo 92:13).

Jesus removeu sua raíz do reino das trevas, e a plantou no solo bom do Seu reino. E agora você está extraindo nutrição e vida do Seu solo celestial. Paulo registra: “Arraigados e edificados nele, e confirmados na fé... crescendo...” (Coloss. 2:7). O apóstolo está nos dizendo: “Ao permanecer em Cristo, você florescerá e crescerá como um botão de flores cheio de vida. A vida de Jesus brotará de você.”


2. Podemos Julgar Nosso Crescimento
Espiritual Erroneamente Devido à
Repetição e ao Tédio Comuns à Vida


Todo dia, você faz coisas repetidas vezes que se tornam aborrecidas. Por exemplo, todos os dias da semana você se levanta à mesma hora, toma o mesmo café, e pega o mesmo caminho para o trabalho; come no mesmo lugar, toma café no mesmo bar e ouve a mesma estação de rádio.

O mesmo pode ser verdade em nossa vida espiritual. No domingo de manhã, vamos à igreja e sentamos nos mesmos bancos. Cantamos os mesmos corinhos e hinos. Até nossas orações podem soar iguais. Fazemos a mesma coisa várias vezes. E somos tentados a pensar: “Não estou fazendo nada diferente do que sempre fiz. Leio a Bíblia e oro; canto no coro. Mas não há variação. Faço as mesmas coisas há anos. Não cresci nada.”

Quantas mentiras suas emoções lhe dizem. Uma idéia assim pode lhe roubar a graça de Deus. O fato, é que todos enfrentamos infindáveis repetições na rotina diária. A vida é assim. A prova real de crescimento é que não desistimos. Continuamos nos dando para a obra de Deus, dia após dia, semana após semana, ano após ano.

Veja, crescer na graça não quer dizer fazer mais coisas para Deus, ou coisas maiores para Deus. O crescimento verdadeiro vem por se fazer a mesma coisa vez após vez, toda vez com o coração mais seguro de estarmos fazendo tudo por Ele. É como aprender a escrever no primeiro ano da escola. Você começa com garranchos, formando letras grandes. Mas após algum tempo, as letras ficam menores e mais próximas. Por fim, você aprende a juntar as palavras e finalmente a formar sentenças. Apesar de repetir a mesma coisa por muito tempo, você estava escrevendo. O tempo todo, algo valioso estava sendo executado.

Estou convencido de que o crescimento espiritual ocorre mais nas coisas repetitivas, do que em se pular de uma atividade de ministério para outra. Precisa-se de mais graça para simplesmente se ir em frente quando estamos cansados, falidos, abatidos ou aflitos do que quando tudo é novo. Você pode achar que está espiritualmente morto, que não está indo a lugar algum no Senhor, mas mais provavelmente está aumentando em Cristo cada dia.


3. Podemos Medir Nossa Situação
Atual Segundo Um Padrão Errado


A experiência de conversão é muitas vezes emocional, porque é novinha em folha, e tão incrivelmente especial. A transformação que ocorre em nossa alma é tão brusca, tão impressionante. É maravilhoso ser subitamente levado do pecado e da escravidão, à uma vida toda nova em Cristo.

O começo do nosso crescimento espiritual é como uma criança aprendendo a andar. É maravilhoso e estimulante ver um bebê dando os primeiros passos. O papai e a mamãe sorriem, e insistem: “Venha cá, bebê, venha.” Com as perninhas vacilando, ele dá dois passos, três, e cai. Imediatamente é levantado e elogiado. Os irmãos o encorajam: “Parabéns!”. Ele é o centro da atenção de todos. E finalmente, quando consegue atravessar a sala, todo mundo aplaude. Que tremenda experiência emocional para ele.

Mas logo, o bebê não é mais o centro das atenções. Agora toda vez que cai, ele se levanta. E anda pela casa toda fazendo bagunça. Puxa as plantas, mexe nos vasos e nas panelas, estraga a roupa das gavetas. E é disciplinado por tudo isto. De repente, as coisas não são mais tão excitantes para ele. Seus primeiros passos eram carregados de risos e alegrias; agora, ser capaz de andar não é tão espetacular ou emocionante.

O crescimento espiritual é semelhante. Quando era um bebê em Cristo, você sentia Deus lhe dando atenção especial. Toda vez que caía, Ele estava lá para lhe levantar. Porém, como Paulo escreve, você não deve permanecer criança para sempre. Assim como a um neném ensina-se não ir para a rua, você é ensinado a não brincar com fogo, na área espiritual. Agora toda vez que cai, você olha em torno procurando alguém para lhe levantar, mas não há ninguém. Deus está lhe ensinando a se sustentar sobre Sua palavra, andar pela fé, e a não engatinhar mais como bebê.

É claro que é possível se tornar morno e negligente na fé. Muitos cristãos estão assim. Mas a advertência de Jesus quanto a perdermos o nosso primeiro amor, não é dirigida a você caso seu coração ainda deseja ardentemente a Deus. A prova de que está crescendo em Sua graça, é que você se preocupa em não se desviar; é por isso que continuamente examina seu coração.

No entanto, Satanás fez muito cristão tropeçar por lhe convencer que havia perdido algo no Senhor. O fato, é que é um terrível pecado duvidar do amor de Deus por você, e interpretar mal a sua posição em Cristo pelas emoções. A sua permanência no dia a dia com Jesus não tem nada a ver com o seu zelo, suas lágrimas ou intensidade. Repousa sobre a fé apenas.

Imagine como você estaria perdido se sua salvação na realidade dependesse das emoções. Paulo nos encoraja: “Esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e avançando para as que estão diante de mim” (Filipenses 3:13). Você nunca deve depender de experiências emocionais passadas. O que conta hoje é: você crê nas promessas de Deus para você? Você está pronto para participar de Sua natureza divina através de uma maneira verdadeiramente bíblica - não por meio viagens emocionais ou de comprovações exteriores, mas lançando-se sobre Suas promessas gloriosas?

“Desse modo ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas vos torneis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo” (2 Pedro 1:4). Pedro deixa claro: obtemos a natureza de Cristo apropriando-nos de promessas de aliança feitas por Deus, e não por qualquer outro meio.

Um ministro uma vez se vangloriou comigo: “Finalmente voltei à fé da minha juventude. Estou orando mais, e a Bíblia é a minha carne outra vez. Deus tem me dado mensagens de fogo para a igreja. E mais uma vez, ganhei muito amor pelos que se perdem. Me sinto tão renovado.” Poucos meses depois, porém, ele estava novamente caído no fundo do poço.

Deus efetivamente traz renovação e novas unções para nossas vidas. Mas não é deste alimento que devemos viver. Devemos viver em constante fé nas promessas contidas em Sua aliança. A Sua palavra é inabalável, não importa o quão inferiores possamos estar nos sentindo. O Senhor manterá Suas promessas para nós: “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos jubilosos e imaculados diante da sua glória” (Judas 24).

Há muitas comprovações de crescimento espiritual. Vou mencionar apenas três:


I. Quando Se Vê Numa Crise,
Você Rapidamente Corre Para Deus
Em Busca de Conforto e Orientação


Um sinal garantido de crescimento espiritual, é que você leva todo problema e toda crise imediatamente para Jesus. Você aprendeu que tem a Quem recorrer.

Alguns cristãos estão eternamente em crise. Toda vez que os encontra, eles lhe contam outra reclamação terrível: “Enfrento um problema atrás do outro. Não sei mais o quê fazer.” A vontade deles é a de descrever seus problemas para qualquer um que estiver por perto. Mas nunca os levam a Jesus, como se Ele não tivesse nada a lhes oferecer.

Não entenda mal: não estou referindo-me a cristãos que enfrentam problemas reais e genuínos. Todo dia nosso ministério recebe dúzias de cartas de santos que sofrem tremendas provações. Não é esse o caso - refiro-me aos “ranzinzas profissionais” da igreja. Estes se profissionalizaram em reclamação. Você os ouve, e quer perguntar: “O seu Deus morreu? Por que você não usa os recursos que Ele lhe provê? Você não sabe que Ele o tornou mais do que vencedor?”

Como Deus se agrada de você ir até Ele primeiro em suas preocupações. Você sabe que tem Alguém fiel para lhe cuidar.


II. Você Depende Menos de Sinais Exteriores,
Comprovações Físicas e Vozes Interiores


Um sinal importante de maturidade, é que você deixa de desafiar Deus a se provar com comprovações visíveis ou voz interior. Certamente, o Senhor efetivamente fala ao Seu povo. Jesus diz que Suas ovelhas conhecem a Sua voz. Mas a voz que Deus usa atualmente com o Seu povo é a Sua Palavra revelada. Hebreus declara: “Havendo Deus outrora falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho” (Hebreus 1: 1).

Além disso, quando o Espírito Santo nos fala, devemos nos lembrar das palavras de Jesus: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (João 14:26).

Quando dependemos de vozes interiores ou de sinais externos para ouvir a Deus, nos abrimos para enganos incríveis. Quero dar um exemplo. Há não muito tempo atrás, falei em duas conferências de ministros, em Detroit e Indiana. Antes de sairmos para estes encontros, disse para Gwen minha esposa: “Não estou vendo muita comprovação de estar sendo chamado para falar nestas reuniões. Se Deus não me mostrar alguma prova nesta viagem, não vou continuar. Amo pregar em nossa igreja de Times Square, e para mim isso é suficiente. Além disso, detesto viajar. O Senhor vai ter de falar muito claramente comigo.”

Em Detroit, Deus abençoou a palavra que preguei. Mais tarde, vários ministros se prostraram no chão, invocando a Deus. Porém isso não era prova suficiente para mim. Depois, em Indianápolis, orei antes: “Senhor, terás de me dar uma prova clara hoje, ou essa será minha última reunião. O Senhor terá de me mostrar que a palavra que tem me dado está penetrando no coração dos ministros.”

Advinhe quem ouviu essa prece, além do Senhor? Satanás. Subitamente, uma voz doce e piedosa me cochichou: “David: esta noite você vai testemunhar comprovações como nunca. Você não terá de fazer nada senão ficar lá. O Espírito Santo vai irromper poderosamente no santuário, e lhe dar provas por todos os lados.” Eu me alegrei, e pensei: “Glória a Deus, isso é uma maravilha. É exatamente por isso que eu estava orando.”

O Senhor me ungiu novamente aquela noite. Quando acabei de pregar, apenas fechei a Bíblia e orei: “Ok, Senhor, agora e a Sua vez. Onde está a comprovação que devo ver? Vou simplesmente ficar aqui de pé, como o Senhor me disse para fazer.”

Nada aconteceu. Depois de alguns minutos, as pessoas começaram a se perguntar o que eu deveria estar querendo. Eu lhes assegurei: “Por favor, pessoal - me tolerem um pouco mais. Só estou esperando no Espírito Santo.” Ainda nada aconteceu. Aos poucos, fui ficando irritado com Deus. Resolvi: “Ok, Senhor. Estou entendendo isso como sinal de que não devo mais fazer esse tipo de trabalho.”

Nessa altura, eu não sabia o que fazer. Então sugeri à platéia: “Levantemos todos as mãos, e adoremos a Jesus!”. Em silêncio, todos começaram a louvar o Senhor. E o maravilhoso e suave Espírito de Deus encheu o santuário.

Subitamente, me senti orientado a pedir que as esposas dos pastores viessem ao altar. Eu disse à elas: “Gostaria que orassem uma pela outra.” Então, pegaram-se as mãos, e começaram a orar. Em um instante, a doce presença do Senhor caiu sobre aquelas senhoras. Começaram a chorar, a compartilhar, a se abraçar. Deus as estava tocando e curando. Contudo, não houve nenhum trovão e nem relâmpagos, nenhuma prova sobrenatural. Foi puramente uma obra serena e bela do Espírito Santo.

Na manhã seguinte, Gwen e eu reconhecemos a esposa de um pastor no elevador. Ela brilhava de tanta luz, e nos disse que sua vida havia sido transformada pela reunião. Logo começamos a ouvir testemunhos de mulheres que haviam sido transformadas, e de casais cujos casamentos haviam sido renovados.

Vi que estes maravilhosos resultados não eram a poderosa prova que me havia sido prometida. E rapidamente percebi o que o inimigo tinha tentado fazer. Satanás havia ouvido meu desafio a Deus, em busca de demonstrações exteriores - e usou isto para tentar evitar que eu continuasse a agitar os pastores. Ele quis me convencer assim: “Está vendo? Deus não atendeu seu pedido. Você deve aceitar isso como sinal para parar.”

Não! Deus tinha posto diante de mim uma porta aberta. E me havia dado uma mensagem para pregar. Eu simplesmente deveria obedecer o meu Senhor, confiar em Sua palavra, deixando os resultados com Ele. Ele sempre executa tudo à Sua própria maneira, com barulho ou com silêncio, de modo visível ou invisível.


III. Você Responde com Graça a Todo
Levante de Ira e de Conflitos Étnicos


Uma das marcas supremas de um crente maduro é o amor por toda a humanidade perdida. O cristão deste tipo demonstra amor igualmente por judeus e palestinos, bósnios e sérvios, por todos.

Creio que Deus está no controle de todos acontecimentos do globo. Ele está movendo as coisas de acordo com Seus propósitos eternos, até mesmo crises e levantes com derramamento de sangue. Agora mesmo, o Oriente Médio está a um triz da guerra. A revista Time trouxe uma história em outubro chamada: “A Montanha Sangrenta”, sobre o monte do templo em Jerusalém. A área compreende 140.000 metros quadrados, sobre a qual se assenta uma mesquita árabe chamada Domo ou Cúpula Dourada da Rocha. Os palestinos chamam a mesquita de Santuário Nobre. Mas os judeus crêem que a terra pertence a Israel. Por isso, vêem o Domo da Rocha como (dito pelo profeta Daniel) sendo “a abominação que causa a assolação, situada no lugar onde não deve estar” (Marcos 13:14).

Os judeus estão convencidos de que o templo de Israel será reconstruído no mesmo local onde agora está esta mesquita. Um proeminente rabino, Haim Richman, aponta para o Domo da Rocha e diz: “O templo será reconstruído exatamente aqui, e em nenhum outro lugar.” Os pesquisadores do rabino Richman já recriaram os trajes sacerdotais, e os utensílios necessários para a adoração neste terceiro templo. Isso inclui um mizrak de prata para coletar sangue do sacrifício dos animais, assim como um menorá de um milhão de dólares (um candelabro dourado).

Segundo o Time, rabinos e mulás dizem que Deus lhes falou que o monte será retomado só pelo sangue. Outros informes revelam que já está completo o planejamento judeu para reconstruir o terceiro templo. Alguns observadores temem que a militância de judeus ortodoxos possa estar cavando através de túneis subterrâneos que Salomão construiu, com a finalidade de explodir a mesquita. Enquanto isto, os palestinos declaram que breve Jerusalém será a sua capital.

Por favor não me entenda mal aqui - não desejo violência alguma no Oriente Médio em absoluto. Mas a Bíblia prevê claramente que haverá uma guerra em Israel. Por isso, não devemos nos surpreender se levantarmos uma manhã e lermos: “Destruída Mesquita Árabe: o Egito, a Síria, o Iraque, o Irã e a Jordânia Declaram Guerra Contra Israel.”

Mesmo vendo uma calma temporária, creio que estamos nos aproximando rapidamente do cumprimento destas profecias bíblicas, e da volta de Jesus. As tensões mundiais crescerão, com ódio cruento, lutas amargas, revoltas raciais, morticínio étnico.

Então, como devemos responder como cristãos? Devemos amar as almas dos palestinos que jogam pedras de cima do Muro das Lamentações em Jerusalém sobre os judeus que oram? Devemos amar os israelitas que incendiaram e mataram 2.000 palestinos? Devemos amar os sérvios que massacraram milhares nos Bálcãs, e a população de Kosovo que retaliou de volta os sérvios?

Somente um crente amadurecido, com crescimento pleno, pode aceitar estas palavras de Jesus: “Amai os vossos inimigos, orai pelos que vos maltratam e vos perseguem. Se teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer.” Eu lhe pergunto: você pode se imaginar passando um mês em um hospital palestino cuidando e alimentando os soldados que querem destruir Israel? Você consegue controlar seus preconceitos ao ler notícias aterradoras nestes dias? Você tem o mesmo espírito que havia em Cristo, que disse ao ser crucificado: “Pai, perdoa-lhes pois não sabem o que fazem”?

Se você quer andar como Jesus andou, não pode permitir que suas paixões humanas se acendam devido à manchetes. Cristo morreu por cada uma das almas perdidas desta terra, incluindo médicos que praticam abortos, assassinos, estupradores, os que atacam crianças. Neste momento, as nossas prisões estão cheias de condenados que se tornaram poderosas testemunhas do amor salvador de Jesus, tudo porque alguém os amou a despeito dos seus pecados.

Você pode saber se está crescendo na fé, se for capaz de orar por aqueles que o mundo odeia. Quando ouvirmos das terríveis coisas que estão acontecendo, deveremos nos insurgir contra qualquer preconceito que se levantar em nós, e declarar: “Assumo a autoridade de Cristo contra isso. Vou amar a humanidade como o meu Senhor amou.”

Eis a grande promessa que faz com que todos os nossos sentimentos de dúvida e incerteza repousem: “Não ouviste? O Senhor é o eterno Deus, o Criador dos fins da terra... dá força ao cansado, e multiplica o poder ao que não tem nenhum vigor... os que esperam no Senhor renovarão as suas forças. Subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão, caminharão e não se fatigarão” (Isaías 40: 28-31).

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