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quinta-feira, agosto 31, 2006

O Que Acontece à Igreja Quando os Pastores Deixam de Pregar Contra o Pecado

por David Wilkerson

Você provavelmente está familiarizado com a história do rei Davi e o adultério que houve com Bate-Seba. O incidente resultou na gravidez de Bate-Seba. E assim que descobriu a situação, ela envia uma nota a Davi dizendo, "Espero uma criança".
Quando Davi lê a nota, entra em pânico. Sua reputação como homem piedoso, justo - estava em risco. Cá estava um homem que havia escrito mais de 3.000 Salmos e cânticos espirituais. Havia sido o instrumento de Deus para matar os inimigos de Israel. E tinha ilustrado para o mundo o que significava ter um grande coração para Deus.

Mas agora, em pânico, Davi pensa não só na própria reputação, mas na reputação do Senhor. Se o seu pecado fosse mostrado, isso seria vinculado ao nome de Deus. Imagens de um escândalo enorme inundaram sua mente. Então Davi concebe um plano para esconder seu caso com Bate-Seba. E o pôs em ação enviando uma mensagem a Joabe, general do seu exército. A mensagem dizia, "Manda-me Urias, o heteu" (2 Samuel 11:6).

Ora, Urias era o marido de Bate-Seba, e pertencia à Infantaria do exército de Israel. É evidente que Urias era parte de um grupo de elite de soldados, pois as escrituras o citam como um dos trinta e sete homens mais fortes de Davi (v. 23:39). Quando recebeu a mensagem de Davi, Joabe deve ter começado a suspeitar de algo. Ele conhecia o coração de Davi, inclusive suas tendências lascivas. Ainda assim, o general instruiu Urias a ir a Jerusalém, para ver o quê Davi tinha para dizer.

Quando Urias chega, Davi o recebe na residência real e imediatamente o envolve em conversa militar. Pergunta, "Como está a guerra? E como está indo o seu general? Os soldados estão progredindo?". Urias deve ter se perguntado, "Do que se trata? Sou apenas um soldado da Infantaria. Não fiz nada para merecer esse tipo de atenção". Ou, também poderia desconfiar. Ele poderia ter ouvido algum comentário sobre o caso (apesar de que as escrituras não declaram que o caso era de conhecimento público).

A verdade é que Urias estava sendo enganado por Davi. O rei achou que o problema seria resolvido se apenas conseguisse pôr Urias no leito de Bate-Seba uma noite. Então Urias pensaria que ele havia provocado a gravidez da esposa. Davi lhe diz: "Você guerreou uma batalha longa, e deve estar cansado. Vá pra casa e descanse essa noite. Mandarei manjares especiais para você aproveitar". Mas quando Urias saiu, não foi para casa. Pelo contrário, dormiu na casa dos guardas fora do palácio. Quando Davi soube disso no dia seguinte, chamou Urias de volta e perguntou: "Por que você não ficou com sua esposa ontem à noite?".

Urias responde: "Joabe, meu senhor, e os servos de meu senhor estão acampados ao ar livre; e hei eu de entrar na minha casa, para comer e beber e para me deitar com minha mulher? Tão certo como tu vives e como vive a tua alma, não farei tal cousa" (2 Samuel 11:11). Urias só conseguia pensar em seus companheiros soldados. A sua lealdade deve ter fervido a cabeça de Davi.

Agora o pânico do rei cresce. Ele rapidamente ordena que Urias permaneça em Jerusalém mais uma noite. E põe em ação outro plano. Essa noite, ele iria convidar Urias para jantar, enchê-lo de muito vinho e deixá-lo bêbado. Se Urias perdesse a noção das coisas, se esqueceria dos outros soldados e iria querer dormir com a esposa.

Dá para você imaginar esse piedoso rei, um pregador da retidão, tentando deixar bêbado um de seus fiéis soldados? Foi exatamente que Davi fez. E o plano funcionou: Urias ficou bêbado. Davi instruiu os guardas do palácio, "Levem esse homem para casa, e o ponham na cama". Mas outra vez, as escrituras dizem, "À tarde, saiu Urias a deitar-se na sua cama, com os servos de seu senhor; porém não desceu a sua casa" (11:13).

A essa altura, o pânico de Davi saiu de controle. Ele sabia que tinha de fazer algo drástico. Então escreve uma carta a Joabe, ordenando que colocasse Urias na linha de frente em meio à pior das batalhas. Então, quando o exército inimigo ondulasse à frente, Joabe deveria recuar todas as tropas exceto Urias. Resumindo, Davi queria Urias morto.

Davi entrega uma carta selada nas mãos de Urias, com instruções para que fosse dada a Joabe. O leal Urias não sabia, mas o rei tinha acabado de lhe entregar a garantia da própria morte. Quando Joabe leu a carta, entendeu a idéia de Davi. Mas obedeceu a ordem do rei mesmo assim. Enviou Urias numa missão suicida. E, exatamente como Davi tinha planejado, o soldado foi morto em batalha.

É difícil conceber que um homem piedoso e justo como Davi pudesse cair num pecado tão terrível. Mesmo hoje, com todas as notícias sobre estupro, violência e morte, a história de Davi se destaca como uma das piores quedas já sofrida por um líder. Por que? Porque aconteceu com um homem de Deus, uma pessoa apaixonada pela justiça.

Provavelmente você se lembra do que aconteceu a seguir: Bate-Seba chorou a morte do marido por sete dias, segundo a lei. Aí Davi a trouxe para o palácio, onde se juntou ao seu harém de esposas (ele já tinha cinco). Posteriormente, Bate-Seba deu à luz o filho de Davi. E durante todo um ano após o assassinato, Davi não mostrou nenhum sinal de arrependimento por seus atos. Na verdade, justificou a morte de Urias junto a Joabe, dizendo que Urias tinha morrido devido aos infortúnios da guerra: "A espada devora tanto este como aquele" (11:25).

Davi pode ter visto o seu pecado com leviandade, mas Deus não. As escrituras dizem: "Porém isto que Davi fizera foi mal aos olhos do Senhor" (11:27).

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Graças a Deus, Davi Tinha um Pastor Que Não Temia o Homem
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Natã o profeta era o pastor de Davi. E não tinha medo de expor o pecado do seu rebanho, inclusive o pecado do próprio rei. Vejo Natã como um tipo de pastor piedoso que chora em cima do pecado da sua igreja. Deve ter lhe ferido profundamente que Davi, um homem a quem todo mundo olhava como piedoso e reto, estivesse encobrindo pecado.

Natã sabia tudo que Davi havia feito, pois o Espírito Santo lhe havia revelado. O rei supostamente justo tinha quebrado três mandamentos santos: havia cobiçado a mulher de outro homem e a roubado dele; havia cometido adultério com ela; e havia cometido assassinato para esconder tudo. Como Natã fez para cuidar da situação? Como esse pregador da santidade repreendeu uma pessoa que estava encobrindo um pecado terrível?

Muitos jovens pastores me têm feito perguntas similares: "Como devo tratar com o pecado na minha igreja? Tantos casais estão se divorciando, e outros estão vivendo em adultério. Sei que tenho a responsabilidade de pregar a santidade de Deus a eles. Mas tampouco quero tirar alguém da igreja".

A minha resposta a esses jovens pastores é sempre a mesma: "A igreja ouvirá qualquer coisa que você tenha a dizer, se o disser em meio a lágrimas. A sua mensagem não pode ir alem do entendimento da congregação. Eles têm de saber que o teu coração está partido. Tente levá-los ao arrependimento através da pregação da palavra de Deus. Sim, a palavra dEle é uma espada de dois gumes. Mas você tem de utilizá-la vestindo luvas de veludo".

É claro que essa não é a atitude de todos os pastores. Com regularidade recebo cartas de cristãos dizendo, "Você tem de ouvir o Reverendo Fulano de Tal pregar. Ele ataca pesado o pecado". Porém, muitas destas vezes, os tapes dos sermões são apenas tiradas zangadas contra coisas exteriores. Suas mensagens raramente incluem a misericórdia e a graça de Deus. Antes, lançam pesadas cargas sobre as ovelhas, sem nunca levantar um dedo para aliviá-las.

Creio que Natã nos fornece um exemplo maravilhoso de como um ministro piedoso mostra o pecado. Ele não tomou de assalto a presença de Davi, com os braços agitando o ar e com voz trovejante. Ele não apontou com alegria um dedo ossudo na cara de Davi gritando: "Você é o culpado!". Não, ele levou a impressionante mensagem de Deus reveladora do pecado com grande sabedoria, poder de persuasão e terna misericórdia. E usou uma parábola para fazê-lo.

Natã disse a Davi: "Um pobre homem tinha só uma ovelha. Era o bichinho de estimação da família, e amada como um membro da família. Ela se deitava no colo das pessoas, esperando ser acarinhada. Então o homem a criou e alimentou como faria com um filho. Ora, o pobre homem tinha um vizinho rico possuidor de muitos rebanhos. Um dia, o homem rico estava recebendo uma visita. Na hora do jantar, ele mandou um servo matar uma ovelha. Contudo mandou que o servo não tomasse uma cordeira de seus vastos rebanhos, mas que roubasse a ovelha do vizinho, a matasse, a temperasse e servisse ao visitante".

Quando ouviu isso, Davi ficou irado. Disse a Natã: "Esse homem rico deveria morrer!". "Tão certo como vive o Senhor, o homem que fez isso deve ser morto. E pela cordeirinha restituirá quatro vezes, porque fez tal cousa e porque não se compadeceu" (2 Samuel 12:5-6).

Nessa hora, Natã deve ter tido lágrimas nos olhos. Tremendo, ele diz a Davi, "Tu és o homem... desprezaste a palavra do Senhor... A Urias, o heteu, feriste à espada; e a sua mulher tomaste por mulher" (12:7,9).

Natã estava dizendo: "Davi, você não entende? O quê estou contando é a tua história. Você tem cinco esposas e mesmo assim roubou a mulher de outro homem. Você não teve pena; o mandou à guerra para ser morto, e assim ter a cordeira dele. Você se tornou adúltero, assassino, um ladrão. Você foi leviano com a palavra de Deus". Natã expôs cada detalhe do pecado de Davi. Mas não o fez com fúria. Antes, simplesmente falou ao rei: "Então, disse Natã a Davi" (12: 7, ênfase minha). Foi nesse momento que Davi foi atingido, e se arrebentou. Quando lemos os escritos de Davi dessa época, vemos o choro de um coração partido: "Os meus ossos estão fracos. Não consigo dormir. Toda noite cubro meu travesseiro com lágrimas". O Espírito Santo perseguia Davi, falando ao seu coração, agindo para que ele se arrependesse. Ele não conseguia fugir da misericordiosa perseguição de Deus.

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Ao Ler e Reler esse Relato, o Espírito Santo Não Me Deixou
Prosseguir Enquanto Não Me Mostrou uma Verdade Poderosa
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Após estudar esta passagem por inteiro, comecei a clamar a Deus: "Oh, Senhor, Tu vais ser misericordioso comigo como foi com Davi? Tu vais me mandar uma palavra poderosa, expondo o pecado, como fez com ele? Por favor, Senhor, se algum dia eu escorregar e fizer concessões, ponha-me sob repreensão piedosa de um profeta que não tenha medo de expor o pecado".

Eu creio que um dos maiores dons misericordiosos de Deus à igreja são os Seus ministros fiéis, que amorosamente nos repreendem por nossos pecados. Agradeço a Deus por esses "pastores do tipo de Natã", pessoas que não têm medo de ofender presbíteros, diáconos ou os membros ricos da igreja. Ficam face a face com qualquer um, para expor suas iniqüidades com carinho e amor.

Claro, não é todo mundo que quer uma repreensão assim. Algumas pessoas de nossa lista de correspondência nos dizem: "Não gosto de abrir suas cartas. Sempre me sinto desconfortável quando as leio. São muito enervantes". "Não posso servir um Deus como o teu, que está sempre apalpando a minha alma para expor coisas". "Você precisa amaciar a mensagem. Não dá pra mim".

Sei que como pastor amoroso, tenho de ser cuidadoso com o meu tom. Mas não posso me desculpar por pregar verdade condenatória. Eu pergunto, o que acontece à igreja quando os pastores não mostram mais as iniqüidades? Onde Davi teria acabado, se não tivesse Natã para mostrar sua iniqüidade?

Você tem de entender que Natã estava bem consciente de que o poderoso rei poderia mandar matá-lo a qualquer hora. Ele tinha visto Davi perdendo as estribeiras várias vezes. Então, por que Natã não disse, "Vou ser apenas amigo de Davi. Vou orar por ele e estarei presente se precisar de mim. Tenho de confiar que o Espírito Santo irá convencê-lo". O que teria acontecido?

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Creio que Sem a Palavra Condenatória de Natã,
Davi Teria Caído sob o Pior Julgamento Visto pela Humanidade
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O pior julgamento possível é Deus devolver você ao pecado, deter toda a ação do Espírito Santo em sua vida. No entanto, é exatamente isso que está acontecendo com muitos cristãos hoje. Eles escolhem ouvir apenas pregações leves, que reafirmam a carne. Onde inexiste uma Palavra que condene, não pode haver o pesar piedoso pelo pecado. E onde inexiste pesar piedoso pelo pecado, não pode haver arrependimento. E onde inexiste arrependimento, há só dureza de coração.
O apóstolo Paulo escreve à igreja de Corinto: "Me alegro não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados segundo Deus... Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento" (2 Coríntios 7:9-10). Paulo diz que seu clamor contra o pecado dos coríntios produziu neles contristamento piedoso que os levou ao arrependimento. Por sua vez, isso produziu neles ódio pelo pecado, temor santo de Deus e desejo de vida reta. Porém isso nunca teria acontecido se ele não houvesse pregado uma palavra aguda, penetrante, condenatória.

O motivo de Paulo falar com tanta força aos coríntios foi, "para que a vossa solicitude a nosso favor fosse manifesta entre vós, diante de Deus" (7:12). Em outras palavras: "Eu não estava tentando lhes enervar ou condenar. Eu expus o seu pecado para que vissem o quanto eu os amo e me preocupo por vocês. Quando o Espírito Santo bate à porta do teu coração, às vezes soa como pancada dura. Mas é na verdade Deus mostrando Seu terno amor".

Sem uma palavra assim, Davi certamente iria cair sob tremendo julgamento. Ele já tinha passado um ano todo em seus negócios, sem alguma vez ter enfrentado o que tinha feito. Ele não ouviu nenhuma palavra de repreensão ou de correção. Então a cada dia que passava, o pecado se tornava mais fácil de tirar da mente. Mais, o seu exército estava ainda tendo vitórias decisivas. Por fora, tudo parecia estar indo bem para ele. Mas tenho certeza que Davi tinha dificuldade para dormir à noite. Ele provavelmente levantava todo dia com uma nuvem negra pairando sobre si. O fato é que ninguém que seja íntimo do Senhor pode permanecer confortável enquanto vive em pecado.

Vou lhe dar um exemplo: eu aconselhei um querido cristão irmão nosso que eu suspeitava estar tendo um caso. Quando perguntei isso, ele negou veementemente. Aí, um mês depois, ele pede para falar comigo tarde da noite. Quando o encontrei, ele estava chorando e arrasado. E confessou, "Pastor, há semanas que estou vivendo um inferno. Eu menti a ti e a Deus. Tenho vivido em adultério. Tenho sentido a repetição de todas as mensagens que já ouvi do púlpito, de cada palavra de exortação. E não consegui silenciar a Palavra de Deus". O Espírito Santo continuamente recordava a esse homem todas as pregações expositoras de pecado que ele tinha ouvido; e foi levado ao arrependimento pela lembrança desta Palavra pregada. E agora vou lhe dar um exemplo diferente. Uma irmã em Cristo me escreveu dizendo: "Irmão David, estou casada com meu marido há vinte anos. Eu o amo, mas agora provavelmente vou ter de deixá-lo, apesar de não querer isso. Eu não conseguia entender porque esse homem de Deus, que vai sempre comigo à igreja, iria começar a deteriorar tanto no caráter. Ele se tornou desonesto comigo, e uma grande muralha cresceu entre nós. Logo se tornou um estranho para toda a nossa família. Eu não podia tocar no assunto. Eu orei e fiz tudo que pude para tentar entender o porquê de ele estar se afastando. E então eu descobri o porquê: ele estava preso à pornografia desde que nos casamos, e algum tempo antes disso. Ele ainda se declara ser cristão e vai à igreja comigo. Mas se recusa a deixar isso".

Esse homem está prestes a perder a família e o lar. Diz ser nascido de novo e que vai para o céu. Você acha que ele precisa um tapinha nas costas e de uma palavra de certeza? Será que precisa ouvir um pastor dizendo, "Está tudo bem contigo, Jesus te ama"? Não, nunca! Ele precisa de um Natã, de alguém que lhe diga, "Você é o culpado!". Ele precisa ser desperto, ter o fogo do Espírito Santo ardendo sob si. Caso contrário, será entregue ao pecado, e finalmente destruído.

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Se Não Tivesse Havido um Natã - Se Não Houvesse uma Palavra Penetrante, Profética - Davi Poderia Ter Acabado Como Saul: Morto Espiritualmente,
Sem a Direção do Espírito, Perdendo Toda Intimidade com Deus
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Ao ouvir a abrasadora palavra de Natã, ainda que amorosa, Davi se lembrou da vez em que um outro rei, anterior, fora avisado por um profeta. Davi tinha ouvido do aviso de Samuel ao rei Saul. E tinha ouvido a respeito da reação dividida de Saul, confessando: "Eu pequei". (Não creio que Saul tenha gritado do interior da alma, como Davi, "Pequei contra o Senhor!”).

Davi viu por experiência própria as ruinosas mudanças que sobrevieram a Saul. Este rei - piedoso e guiado pelo Espírito - passa depois a rejeitar continuamente as palavras reprovadoras do Espírito, trazidas por um santo profeta. Logo Saul começou a andar segundo vontade própria, em amargura e rebeldia. Finalmente, o Espírito Santo se afasta dele: "Visto que rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei" (I Samuel 15:23). "O Senhor... se tinha retirado de Saul" (18:12). Saul acabou buscando uma feiticeira em busca de orientação. Ele confessa a ela, "Deus se desviou de mim e já não me responde, nem pelo ministério dos profetas, nem por sonhos; por isso, te chamei para que me reveles o que devo fazer" (28:15).

Davi lembrou-se de toda loucura, do medonho terror cercando esse homem que impediu a entrada da palavra de Deus. De repente, a verdade penetrou o seu próprio coração: "Deus não é respeitador de pessoas. Eu pequei, como Saul. E agora cá está um outro profeta, num outro momento, me dando a palavra de Deus, como Samuel deu a Saul. Oh, Senhor, eu pequei contra Ti! Por favor não retire de mim o teu Santo Espírito, como fez com Saul".

Davi escreve, "Eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos... Purifica-me... Cria em mim... um coração puro... Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito" (Salmo 51:3-11).

Um comentarista sugere que a despeito do arrependimento de Davi, ele nunca teria se recuperado da queda. Ele aponta que a Bíblia diz muito pouco sobre qualquer vitória de Davi após esse tempo. Antes, sugere ele, Davi meramente foi se esvaecendo até a morte.

É verdade que Davi pagou sérias conseqüências por seu pecado. Na verdade, profetizou julgamento sobre si próprio! Ele diz a Natã que o homem rico que roubara a cordeira do homem pobre deveria restaurar quatro vezes. E foi exatamente isso que aconteceu com a vida de Davi: a criança à qual Bate-Seba deu à luz morreu em poucos dias. E três outros filhos de Davi - Amnom, Absalão e Adonias - todos tiveram mortes trágicas e fora de hora. Assim, Davi pagou seu pecado, com quatro de seus próprios cordeiros.

Mas a Bíblia claramente mostra que toda vez que retornamos para o Senhor em arrependimento genuíno, de coração, Deus responde trazendo reconciliação e restauração absolutas. Não temos de acabar como Saul, descendo à loucura e ao terror. Nem temos de "esvaecer" da vida, aguardando o passar do tempo em quieta vergonha até que o Senhor nos leve. Pelo contrário, o profeta Joel nos assegura que Deus se envolve imediatamente assim que voltamos para Ele: "Rasgai o vosso coração...e convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal" (Joel 2:13).

Surpreendentemente, Deus então nos dá essa incrível promessa: "Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto... Comereis abundantemente, e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor, vosso Deus, que se houve maravilhosamente convosco; e o meu povo jamais será envergonhado" (Joel 2:25-26). O Senhor promete restaurar tudo.

É preciso entender: quando essa profecia foi dada, Deus já havia pronunciado julgamento sobre Israel. Mas o povo se arrependeu, e Deus diz, "Agora farei coisas maravilhosas para vocês. Vou restaurar tudo que o Diabo roubou".

Amado, a terna misericórdia de Deus permite até ao pior dos pecadores dizer, "Não sou um viciado em drogas. Não sou um alcoólatra. Não sou um adúltero. Sou um filho do Deus vivo, com todos os direitos do céu para a minha alma. Não vivo mais sob condenação, pois o meu passado ficou totalmente para trás. E não preciso pagar por qualquer pecado passado, porque Jesus pagou o preço para mim. E mais, Ele diz que restaurará tudo para mim".

Aqui está a verdade quanto ao que aconteceu com Davi. Ele ouviu a palavra de Deus por meio de Natã, se arrependeu e obedeceu, e, como resultado, passou o resto da vida crescendo no conhecimento de Deus. O Senhor trouxe grande paz à vida de Davi. E com o tempo, todos os seus inimigos foram silenciados.

No entanto a prova mais clara da restauração de Deus na vida de Davi é o seu próprio testemunho. Leia o que Davi escreveu nos dias próximos à sua morte:

"O Senhor é a minha rocha, a minha cidadela, o meu Libertador... o meu rochedo em que meu refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu baluarte e o meu refúgio" (2 Samuel 22:2-3). Isso não é o testemunho de alguém que tenha se esvaecido.

"Clamei a meu Deus... ele... ouviu a minha voz... me tomou; tirou-me das muitas águas... Trouxe-me para um lugar espaçoso; livrou-me, porque ele se agradou de mim" (22: 7 17,20). Acabamos de estudar tudo que Davi fez para desagradar ao Senhor. Contudo, mesmo depois de tudo isso, Davi foi capaz de dizer, "O Senhor se agrada de mim".


Eis porque Davi para sempre será conhecido como um homem "segundo o coração de Deus". É porque rápida e genuinamente ele se arrependia de seus pecados. Provérbios nos diz:

"O que guarda a repreensão será honrado" (Provérbios 13:18). Deus irá lhe honrar, se você amar e obedecer à repreensão divina.
"Desprezaram toda a minha repreensão. Portanto, comerão do fruto do seu procedimento... Os néscios são mortos por seu desvio" (1:30-32). Se você ficar surdo à repreensão piedosa, isso acabará lhe destruindo.
"As repreensões da disciplina são o caminho da vida" (6:23). Simplificando, a Palavra condenatória de Deus produz vida.


Prezado santo, a verdade em relação à "pregação dura" - se pregada em meio à lagrimas - é que na verdade ela é a "pregação da graça". Se você está sendo sondado pela Palavra de Deus - se o Seu Espírito não está lhe deixando confortável em seu pecado - então está lhe sendo mostrada misericórdia. É o profundo amor de Deus agindo, atraindo-o para sair da morte e entrar na vida.
Você vai responder a Ele como Davi fez? Se assim fizer, conhecerá restauração e reconciliação reais. E Deus irá lhe restaurar tudo que o inimigo roubou. Aleluia!

quarta-feira, agosto 30, 2006

Ele Não Esmagará a Cana Quebrada

por David Wilkerson - http://www.tscpulpitseries.org/portuguese/ts050615.html

"Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios. Não clamará, nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça. Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o seu direito. Não desanimará, nem se quebrará até que ponha na terra o direito; e as terras do mar aguardarão a sua doutrina" (Isaías 42:1-4).
Essa passagem trata de Jesus. O Espírito Santo se move sobre o profeta Isaías para trazer a revelação de como seria Cristo quando viesse. E as palavras iniciais de Isaías aqui, "Eis aqui", sinaliza aos leitores: "Prepare-se para uma nova revelação sobre o Messias". A imagem que entra em foco nestes quatro versículos é clara: Cristo não viria para forçar as pessoas a ouvirem-nO. Não viria com altos ruídos ou clamores. Viria como um Senhor terno e amoroso.

Vemos o cumprimento da profecia de Isaías em Mateus 12. Os fariseus tinham acabado de promover um concílio planejando como poderiam matar Jesus, tudo porque Ele havia curado um homem de mão ressequida no sábado. Mateus conta que "Jesus, sabendo disto, afastou-se" (12:15).

Cristo não reagiu com raiva. Não O vemos se zangando com os que planejavam Sua morte. Ele não era como os discípulos, que queriam invocar fogo sobre os oponentes, mesmo Cristo podendo fazer isso. Ele poderia ter convocado uma legião de anjos para tratar com os inimigos. Mas Jesus não estava disposto a se vingar.

Foi esse espírito terno, diz Mateus, que revela o cumprimento da profecia de Isaías: "Não contenderá, nem gritará, nem alguém ouvirá nas praças a sua voz" (Mateus 12:19). Isaías estava dizendo basicamente, "O Salvador não virá para forçar alguém a entrar em Seu reino. Não virá como uma personalidade barulhenta, exaltada, dominadora. Não, Sua voz será ouvida mansa, suave – no homem interior".

Então, o que Jesus fez após ter se afastado silenciosamente de Jerusalém? Mateus diz que Ele imediatamente saiu da cidade e continuou a curar todos que se agrupavam em torno dEle: "Muitos o seguiram, e a todos ele curou" (12:15).

Pesquisando os registros dos evangelhos, vemos que é marcante o número de vezes que Jesus operou milagres, mas instruiu as pessoas assim: "Não conte isso para ninguém. Isso não pode espalhar". Após curar dois cegos, Cristo diz a eles para guardarem o segredo para si próprios: "Jesus... os advertiu severamente, dizendo: Acautelai-vos de que ninguém o saiba" (9:30). Após ter alimentado uma multidão de 5.000 pessoas, e de as pessoas tentarem forçá-Lo a ser rei, "Retirou-se novamente, sozinho, para o monte" (João 6:14-15).

Veja, Jesus não queria que as pessoas O seguissem devido aos milagres. Ele queria a devoção delas por Suas palavras haverem capturado seus corações. Ele queria que a humanidade toda, incluindo cada uma das futuras gerações, soubesse que Ele veio ao mundo não como juiz, mas como Salvador: "Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele" (João 3:17).

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Avalie Agora a Ternura de Jesus em Duas Áreas:
Em Relação ao Nosso País e a Um Mundo de Pecado,
E Em Relação ao Seu Próprio Povo
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Ouço hoje uma pergunta feita por muitos crentes: "Por que Deus não levou o nosso país à condenação? Por que não trata conosco segundo os nossos pecados? Ele deu 120 anos de advertências à geração de Noé, mas após isso Ele disse: 'Chega', e trouxe o dilúvio. Deus tem sofrido os pecados desse país já por muito tempo, então por que não vemos Seu justo julgamento sobre nós?".

Amo esse país, e por nada quero ver a condenação final de Deus sobre nossa nação. Eu de longe preferiria desfrutar da longanimidade do Senhor. Não quero ver lágrimas nos olhos de meus filhos e netos por tudo que virá sobre uma sociedade como a nossa. Mas, como muitos cristãos, estou totalmente surpreso pelo julgamento de Deus ter sido adiado.

Efetivamente creio que estamos vendo inícios de condenação. Vejo terríveis calamidades tendo lugar no mundo como avisos. Ainda assim, pelo fato de a economia de nosso país ainda não haver entrado em colapso, e por ter sido capaz de funcionar como funciona, parecemos desmoronar de crise em crise, mas recebendo chance ou oportunidade após oportunidade.

Estou convencido de que há apenas uma resposta à essa perplexidade: é devido ao carinho e à longanimidade de nosso Salvador. Vemos prova na profecia de Isaías: "Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega" (Isaías 42:3). O nosso país se tornou um país de canas quebradas!

A cana é uma haste alta, ou uma planta com caule oco, geralmente encontrada em área alagadiça ou junto a manancial de água. É uma planta flexível, então pode se dobrar facilmente quando atacada por ventos altos ou água corrente. Mas a cana só se dobra até um certo ponto, após o qual finalmente se quebra e é levada pela correnteza. Como uma cana em clima tranqüilo, os Estados Unidos no passado se mantinham orgulhosos e elevados, plenos de propósitos e promessas. A sociedade toda honrava Deus, e a Bíblia se mantinha como o padrão das nossas leis e de nosso sistema judicial. Até mesmo no meu tempo, os livros de escola consistiam de lições e histórias da Bíblia. Jesus era entendido como o Filho de Deus, Aquele que concedia favores e incontáveis bênçãos ao nosso país.

Contudo, em nossa prosperidade, nos tornamos como o antigo Israel, orgulhosos e ingratos. E caímos muito em pouco tempo. Deus foi afastado dos nossos tribunais de justiça, de nossas escolas; Seu nome zombado e ridicularizado. Em Nova York, um professor pode pôr uma cópia do Alcorão ou mesmo a revista Playboy sobre a mesa, mas se trouxer uma Bíblia para a classe, poderá perder o emprego. A nossa sociedade perdeu inteiramente seu referencial moral. Como resultado, esse país que no passado se destacava, agora se mostra inválido, como uma cana quebrada.

Até o americano mais endurecido e ímpio de hoje sabe que esse país se torna mais corrupto à cada hora. Todos sabem que estamos fazendo hora extra em termos de tempo a mais que nos foi concedido. Quanto tempo ainda irá durar um império que mata seus recém nascidos... onde pais estupram as próprias filhas, mães molestam os filhos, o abuso de crianças se torna uma desgraça nacional... onde policiais cometem suicídio devido ao medo e ao desespero (onde oito deles morreram recentemente, só em Nova York) onde tantos adolescentes se barbarizam... onde tudo que reflita Deus e Cristo não só é ignorado, como também é vítima de cruel zombaria? Quanto tempo pode continuar durando violência, assassinato, assédio?

Se recebêssemos o que merecemos, os Estados Unidos já estariam reduzidos à ruínas, devastados pela anarquia. Mas Isaías diz que nosso amoroso Senhor não esmagaria a cana quebrada. E mesmo estando o nosso país derrubado em total confusão, dobrado e quebrado por nossos tantos pecados, nós ainda não fomos esmagados. Em Sua ternura, o nosso Senhor ainda não deixou que isso acontecesse.

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O Próprio Jesus Nasceu Dentro de Uma Sociedade Quebrada
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Quando Jesus veio ao mundo, Israel vivia sob o opressivo governo de Roma. Os judeus suportavam terríveis cargas de impostos e das leis romanas. Enquanto isso, sacerdotes vorazes se aproveitavam financeiramente das viúvas e órfãos. Os humildes eram zombados e ridicularizados, e o povo ficava cego pela corrupção. É por isso tudo que muitos profetas disseram que Cristo viria em uma hora de escuridão, trazendo grande luz.

Jesus veio à uma sociedade possuída pela hipocrisia e pelo pecado desenfreado. Contemplando a situação do país, Ele chora sobre Jerusalém, profetizando que a casa de Israel seria desolada. Ainda assim Ele deu à essa sociedade mais setenta anos de pregação do evangelho. E seriam anos cheios de testemunhas ungidas pelo Espírito andando pelas ruas, operando milagres, pregando esperança e arrependimento, e entregando um poderoso chamado para o reino. Jesus simplesmente não esmagaria a vara quebrada, na qual Israel se tornara.

No momento atual, eis o retrato do nosso país: uma sociedade totalmente quebrada em sua moralidade. Somos também uma nação com depressão, distúrbios, com pessoas vivendo em temor e em agonia mental. Há mais psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e conselheiros do que nunca, contudo não conseguem atender todos que pedem pelo menos uma só hora de ajuda. Até mesmo na igreja isso é real: os conselheiros cristãos por todo lado estão sobrecarregados pela pressão das pessoas buscando auxílio em seus problemas.

As nossas crianças estão sendo quebradas por famílias que se destroçam, pelo abuso, por assédio. Os adolescentes sendo quebrados pela imoralidade, pelo materialismo, pelo desligamento. Satanás lançou um dilúvio do mal sobre a terra, e deixou no rastro um povo arqueado e quebrado.

Boa parte da própria igreja tem esse mesmo espírito quebrado. Lendo cartas e mais cartas, vejo cristãos morrendo em mega-igrejas onde não se prega mais sobre o pecado e a justiça. Eles sentem-se perdidos, e se perguntam: "Onde posso achar adoração verdadeira? Aqui não há um senso da presença de Cristo. Não há quebrantamento". Os pastores também escrevem: "Irmão David, eu me desviei". O jornal New York Times há pouco trouxe uma história sobre uma igreja Pentecostal de 10.000 membros cuja mensagem é, "Estamos aqui para lhe deixar feliz". Mas é uma mensagem que traz falsa esperança e só alívio temporário.

"Nem apagará a (cana) torcida que fumega" (Isaías 42:3). Em algum lugar desse país, Deus vê pavios ardendo lentamente. São pavios que no passado estavam em chamas e fervor por Seus propósitos e interesses. Mas agora mal fumegam.

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Será Que ao Olhar para o Nosso País,
Deus Vê Só Uma Pequena Fagulha de Devoção Restando?
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Será que ainda há um povo que se lembra do Senhor, e esteja disposto a se colocar em favor do Seu nome? Haveria ainda um pequeno remanescente que lutará para reacender a chama da justiça de Deus?

O Senhor diz: "Se Eu vir um pavio queimando lentamente não o apagarei. A chama pode estar ausente, sem aparência de fogo, mas se Eu ainda vir cinzas brilhando, não permitirei que cessem. Enquanto ouvir até mesmo um débil clamor da parte de servos fiéis em alguma parte, não permitirei que a cana quebrada seja esmagada".

Deus ainda não desistiu de nós. Mas o fato é: vivemos num tempo de terna misericórdia. Vejo isso por todos os lugares por onde viajo, especialmente na Europa. Esse continente é muito mais secular que os Estados Unidos - uma terra que por escolha própria se tornou totalmente herege. Caminhando pelas ruas em alguns países, você sente um espírito do anticristo, uma arrogância contra Deus. A Suécia é agora um dos países de maior afluxo na Europa, e quanto mais rica fica, mais apóstata se torna. Ao mesmo tempo, a igreja evangélica lá corre o perigo de se tornar apática em seu caminhar com Cristo. A Irlanda, um país que durante décadas sofreu com uma pobreza atroz, agora está se tornando mais próspera. Porém o clima espiritual lá também é de apatia, com o secularismo se infiltrando. A impressão é a de que a atitude na Europa é, "E daí se vier o juízo? Deixe isso pra lá; comamos, bebamos e vamos curtir". Inexiste senso de urgência, de necessidade de Deus.

Creio que nesse momento o Senhor está trazendo uma clara mensagem para o mundo todo. Ele tem poder para deter qualquer ataque terrorista na hora que quiser; Ele pode simplesmente proferir uma palavra, e anjos anulariam todo o poder do mal. Porém escolheu enviar ou permitir calamidades internacionais, e todas sinalizam que estamos dentro de Seu tempo de terna misericórdia.

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Entenda o Carinho do Senhor Por Seu Povo
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Vimos o que Jesus fez quando saiu de Jerusalém: "Muitos o seguiram, e a todos ele curou" (Mateus 12:15). Nesse curto versículo, vemos o cumprimento da profecia de Isaías, "Não esmagará a cana quebrada" (Isaías 42:3).

A palavra "quebrada" tem inúmeras definições. Significa machucada, moída, triturada por mágoas, amassada devido à expectativas não realizadas. Em meu espírito, sinto que há muitos dentre o povo de Deus que necessitam de uma palavra quanto às ternas misericórdias de nosso Salvador, pois eles próprios se transformaram em canas quebradas.

Toda semana, cristãos sinceros e consagrados vão à igreja para elevarem suas vozes e suas mãos em adoração ao Senhor. Contudo muitas destas mesmas pessoas foram profundamente quebradas, e estão à beira da ruptura. O fogo em seus corações chegou a um declínio tamanho, que a única coisa que lhes sobra é uma mínima fumaça.

Um casal muito dedicado e que há pouco voltou do campo missionário me escreveu, relatando o quanto foram quebrados. Anos atrás, eles deixaram tudo que tinham para passar sete anos no exterior, ministrando e entregando-se inteiros. Quando retornaram, nada tinham, tendo deixado toda sua substância na terra à qual foram chamados.

Agora, procurando emprego, todas as portas lhes foram fechadas. Tanto o marido quanto a mulher eram formados, e muito competentes. Toda vez que enviavam seus currículos eram colocados nas alturas. Mas mesmo sendo tão talentosos, eram rejeitados sempre, acabando como segunda ou terceira escolha.

Finalmente, uma companhia cristã chamou o marido para entrevista, à uma função para a qual estava bem qualificado. A companhia ficou adulando-o o dia todo, e garantiram que a vaga era dele. Mas uma vez mais, o emprego foi para outra pessoa.

O casal está agora com o coração e o espírito tremendamente quebrados. E se perguntam: "Fielmente entregamos nossas vidas para o campo missionário. Nada há em nosso viver que poderia entrar em controvérsia com Deus. Temos orado, e crido. Então, por que chegamos a esse ponto?".

Se você quer ver um exemplo bíblico de alguém profundamente quebrado em corpo e espírito, veja o profeta Elias. Esse homem chegou a um ponto de ruptura integral.

Elias conhecia Deus e havia ouvido a Sua voz como poucos o fizeram. Suas orações abriam e fechavam os céus. Possuía tanta autoridade espiritual que destemidamente se confrontou com 400 sacerdotes idólatras de Baal, e os matou com as mãos. Estava tão cheio do Espírito de Deus que foi mais rápido do que uma carruagem por cerca de trinta quilômetros.

Porém, após todas estas façanhas, Elias é informado que a rainha Jezabel o persegue para matá-lo. O medo cai sobre o poderoso profeta, e a próxima vez que o vemos, ele está assentado em exaustão sob um arbusto de zimbro, afundado e sem coragem.

O poderoso profeta de Deus havia sido quebrado mental e fisicamente. Elias deve ter pensado, "Por que isso está acontecendo comigo? Por todos estes anos a mão de Deus esteve sobre mim, e O vi operando milagre após milagre. Mas agora estou nessa situação desesperadora, e sendo provado além da minha capacidade humana".

O mesmo homem, que no passado se levantava contra os poderes do inferno e invocava o fogo de Deus, agora chora em angústia: "Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais" (I Reis 19:4). Elias explode, gritando: "Deus, não agüento mais".

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Algumas Pessoas Estão Nesse Momento
Em Baixo do Zimbro de Elias,
Desgastados Demais Para Orar
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Talvez você tenha chegado a esse ponto de quebradura, a um momento definitivo de ruptura. Você tem vivido como servo fiel, orado com diligência, e conhece a voz de Deus. Teve vitórias no passado, e ama profundamente o Senhor. Mas agora se quebrou em profundidade, e está ferido como nunca antes na vida, e não consegue sequer orar.

E você pensa, "Busquei a Deus fielmente, me aprofundei na Palavra, orei com fervor. Mesmo assim essa provação caiu sobre mim sem nenhum motivo, e agora a minha alma está abatida como nunca vi igual na vida". E nesse momento nem tem mais lágrimas. Sua aparência e sua sensação são de desgaste, desencorajamento, de rejeição e solidão. Como Elias, você se curvou sob uma árvore de zimbro; está inerte e sofrido, se agarrando à vida.

Amado, o caminhar cristão é combate. Significa batalhas, desgastes, ferimentos, e um inimigo feroz disposto a nos destruir. Quando você está deprimido e roto como Elias estava, se torna lento e sonolento. E é exatamente quando se torna mais vulnerável a pensamentos condenatórios. A sua frágil consciência lhe diz: "Você não está orando como antes. Você não estuda a Palavra mais. Está seco, morno, o fogo acabou, e você simplesmente não dá bom testemunho. Agora deixou que Satanás lhe roubasse a paz dada por Deus. Você não tem mais jeito. Pensando bem, a tua natureza carnal não muda mesmo".

Após isso, a Palavra de Deus lhe tentará. É exatamente o acontecido com José (do Egito): lemos que até que chegasse o tempo certo, a Palavra do Senhor o tentou. E isso agora estava acontecendo com Elias também. Igualmente, quando chega a nossa hora de sermos moídos, quando chega o momento de ruptura total, acontecerá conosco também. A nossa consciência nos surrará com a Palavra que escondemos no coração.

Pense no seguinte. Por toda as escrituras lemos: "Não tenha preguiça. Ore com fervor e seriedade, buscando a Deus enquanto se pode achar. Entregue-se à oração e à Palavra. Remindo o tempo. Cuide-se da preguiça das virgens loucas. Deus diz que o Seu povo O esqueceu há tempos sem fim".

Todas estas passagens e princípios chegam correndo à nossas mentes nos momentos de quebradura. E achamos: "Desapontei ao Senhor. Não obedeci a Palavra". Sua hesitante fé é o pavio ardendo, e o diabo está ansioso por vê-lo apagado.

Como Elias, ficamos tão cansados e sem coragem, que tudo que queremos é dormir. As escrituras dizem que foi exatamente o que esse piedoso homem fez: "Deitou-se e dormiu" (I Reis 19:5). Ele simplesmente não agüentava mais levar aquela carga.

Mas o Senhor não repreendeu Elias por isso. Deus sabia que Seu servo tinha chegado ao ponto de ruptura. Vejo nosso precioso Pai comentando sobre Elias: "Olhe esse homem fiel, quebrado e sofrido. Ele chegou ao fim da linha, e não consegue mais explicar a ninguém a sua dor. Eu lhe prometi: 'Não esmagarei a cana quebrada'".

Então, o que aconteceu? "O anjo do Senhor, tocou-o (Elias) e lhe disse: Levanta-te e come, porque o caminho te será sobremodo longo" (19:7).

Cá está uma incrível palavra para toda cana quebrada que estiver lendo essa mensagem. Não importa o quanto está quebrado, o quanto se dobrou diante do dilúvio de provações. Deus lhe fez uma promessa: "Você não será esmagado. Não permitirei que tua chama se apague. A tua fé não será apagada".

Prezado santo, essa mensagem lhe veio dos céus. Você está sendo tocado por uma palavra que lhe chama: "Levante-se agora. Deus não está bravo contigo. E Ele não te desapontará. Ele sabe que essa situação é grande demais para você resolver. Ele lhe concederá força sobrenatural. Ele vai dar o quê você necessita para prosseguir".

Em quarenta dias e noites, Elias foi lentamente sendo restaurado. Dia após dia, ele ainda labutava, com força suficiente apenas para cada dia. Finalmente, chega o dia em que o Senhor diz: "O que você está fazendo escondido nessa caverna, Elias? Não posso deixar você se entregar a esse tipo de desespero, e vê-lo dominando a sua vida. Eu te restaurei com Minha amorosa paciência. E agora vou lhe dar Minha orientação".

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Que Palavra Você Precisa Ouvir
Para Lhe Tirar de Sua Caverna?
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Você espera ouvir uma palavra áspera em meio à essa sua situação de quebra? As escrituras dizem que durante o tempo que Elias estava na caverna, "um grande e forte vento fendia os montes e despedaçava as penhas diante do Senhor, porém o Senhor não estava no vento" (I Reis 19:11). Deus não estava nessa mensagem.

Você espera que a sua alma seja chacoalhada por um grito para despertar? "Depois do vento, um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto" (19:11). Você espera ouvir uma palavra flamejante? "Depois do terremoto, um fogo, mas o Senhor não estava no fogo" (19:12).

Deus conhece exatamente o tipo de palavra que você necessita quando está quebrado. E não é uma palavra de condenação, não é uma palavra dura, não é um sermão fervendo. Eu creio que nessa passagem o Senhor está dizendo: "Quando você está aniquilado pelas provações, não te tratarei com dureza". Não, Elias necessitava uma palavra suave e de bondade. "Depois do fogo (veio) uma voz mansa e delicada" (19:12). Alguns manuscritos traduzem essa frase como "um cicio tranqüilo", significando, "uma brisa suave, refrescante".

Essa mesma voz delicada, mansa e suave vem a nós hoje, do coração do Pai. E a sua mensagem é a mesma: "Vistes que... o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo" (Tiago 5:11).

"O Senhor é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno. Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira. Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniqüidades. Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem... Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece dos que o temem" (Salmo 103:8-11,13).

Eis a sua palavra de libertação: levante-se e confie! Chegou a hora de crer que Jesus está com você em sua tempestade. Ele lhe dará força para suportá-la.

Não acredite na mentira de que você vai ser esmagado. O diabo não terá a palavra final. O Senhor diz: "Não importa o quão quebrado se sinta, não permitirei que você seja esmagado. Não permitirei que o fogo se apague. O Meu Espírito soprará sobre as cinzas, e as tuas chamas por Mim voltarão".

terça-feira, agosto 29, 2006

Mantendo a Constância em Cristo (Em guarda contra o distanciamento do Senhor)


A mensagem que estou lhe escrevendo agora é do Espírito Santo para mim. Em verdade, considero-a o meu próprio chamado pessoal para o despertamento. Entendo que muitos leitores podem não precisar ser mexidos como eu. Mas as mexidas do Espírito têm me tocado de modo tão profundo, que quero conservar estas notas à frente em minha mesa, para lê-las repetidamente daqui para frente.

Veja, há uma coisa que eu temo acima das outras: é a idéia de que eu possa me distanciar de Cristo. Eu estremeço diante da possibilidade de ir me tornando indolente, negligente espiritualmente, de ir diminuindo na oração, e passar dias sem buscar a palavra de Deus.

Viajando pelo mundo nos últimos quatro anos, testemunhei um "tsunami espiritual" mundial de distanciamento do Senhor. As ondas deste tsunami inundaram denominações inteiras, deixando no rastro ruínas de apatia. No mundo todo está acontecendo de igrejas e denominações que no passado eram fortes, estarem se distanciando dos caminhos piedosos dos antigos fundadores.

A Bíblia previne claramente que é possível o crente consagrado ser levado a distanciar-se de Cristo. E oferece fortes avisos quanto se guardar de cair no sono à hora da meia noite. "Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?" (Hebreus 2:1-3).

Há exemplos bíblicos de igrejas anteriormente fortes que acabaram se desviando. No Apocalipse, lemos da igreja de Éfeso que consterna Cristo por abandonar o seu primeiro amor. Igualmente, a igreja de Laodicéia se desvia para a mornidão, e a igreja de Sardis se desvia para a morte espiritual. Paulo diz à igreja da Galácia que eles se distanciaram da vitória da cruz de Cristo, e voltaram às obras da carne.

Paulo diz: "Vede prudentemente como andais... remindo o tempo, porque os dias são maus" (Efésios 5:15-16). Paulo também insiste, "Já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos" (Rom. 13:11). Ele acrescenta que algumas crentes "se tornam levianas contra Cristo... já algumas se desviaram, seguindo a Satanás" (I Tim. 5:11, 15). Nenhuma destas passagens é dirigida aos não crentes, mas aos cristãos cheios do Espírito. E a mensagem é clara: "Acorde do sono. Avive o teu dom!".

Mas devo declarar aqui que a minha preocupação maior não é quanto ao distanciamento que vejo na igreja, ou em seus ministérios. Não, antes de TUDO a minha preocupação é quanto ao meu próprio caminhar com Cristo. E tenho de perguntar, "Como fugir das conseqüências se eu negligenciar Jesus e for levado a me distanciar dEle?".

Paulo diz que devemos ver o exemplo de Israel, que se atolou na lama da preguiça: "O povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se... Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia" (I Coríntios 10:7, 12). Não entenda mal: Paulo não está falando aqui de se cair em Cristo. Está falando da falta de cuidado, de aplicação. Pedro adverte igualmente: "Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, descaiais da vossa própria firmeza" (2 Pedro 3:17).

É por isso que Paulo diz, "Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado" (I Coríntios 9:27). A vida toda de Paulo foi de produção de frutos. E ele fala aqui do temor quanto à simples idéia de se distanciar da firmeza e da constância.

Como Paulo, estou seguro quanto à minha salvação. Mas tenho de guardar essas advertências do Senhor e dos grandes homens de Deus.

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A Lei da Natureza Ilustra a Lei do Espírito
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Fazemos bem em observar as leis da natureza. Todas as plantas e animais são criados por Deus, e seus ciclos de vida e seus cuidados refletem as leis universais dEle quanto à natureza. Paulo escreveu: "O que de Deus se pode conhecer é manifesto... por meio das cousas que foram criadas" (Romanos 1:19-20). Realmente, Jesus nos diz para olharmos para plantas, pássaros, para o gado, ovelhas, formigas, sementes, pois encontramos lições nelas. Eis aqui algumas verdades espirituais que encontrei ilustradas na natureza:

1. A negligência causa deterioração. Ganhei essa percepção quando li a respeito da espécie de um minúsculo animal encontrada nas Cavernas Mammoth nos Estados Unidos. Trata-se de um pequeno caramujo com cabeça totalmente clara, e dois pontos negros que parecem olhos. Quando os biólogos dissecaram esses pontos negros, contudo, descobriram que esses "olhos" são falsos, incapazes de funcionar. Externamente, os pontos em tudo aparentavam ser olhos, com aspecto superficial perfeito. Mas por dentro, só ruína. O nervo ótico era atrofiado, se degenerando num fio inútil. Simplificando, o animal, que era um molusco, possuía olhos, mas não conseguia enxergar.

O que aconteceu? Essa espécie no passado era multicolorida, e tinha olhos que funcionavam normalmente. Mas preferiu ficar nos subterrâneos escuros e frios, ao invés de ficar na luz. Ocultando-se assim, as cores brilhantes do molusco com o tempo se tornaram branco e preto. O animal não precisava de olhos, então a natureza se acomodou. A espécie perdeu totalmente a função da visão pelo fato de negligenciar, de descuidar continuamente da luz.

Eis uma lição poderosa quanto ao nosso caminhar espiritual: o quê não se usa, a gente perde. Tradução: é preciso constantemente exercitar suas faculdades espirituais se você espera ter vida espiritual. Não dá para simplesmente se ir à igreja no domingo, e achar que dá para sugar vida o suficiente no culto para enfrentar a semana à frente. É preciso que você tenha o seu próprio caminhar diário com Deus.

2. A negligência pode ser provocada pelo desgaste das lutas do caminhar cristão. Nesse exato momento, quantas almas preciosas estão simplesmente cansadas? Elas se esgotaram devido às batalhas físicas e espirituais, enfrentando tempestades de problemas e dores. E estão abandonando não Jesus, mas a luta. Estão cansadas do stress, esgotadas pela luta, e não querem mais ser tão intensas no seu caminhar. Só querem fugir.

Recentemente um pastor escreveu assim para mim: "Em todos os meus anos de ministério nunca vi uma intensidade tão tremenda de dificuldades, desencorajamento, de problemas de relacionamento e financeiros em minha igreja como nestes últimos anos. E mais, quanto mais eu orava e buscava a Deus quanto a esses problemas da igreja, mais eles aumentavam. Eu finalmente cheguei a ponto de pensar em abandonar o ministério. Eu jamais deixaria Cristo, mas as coisas que estou enfrentando em nossa igreja todos os dias são demais para a gente agüentar".

Davi, o autor de tantos Salmos ficou desgastado pelas lutas. Ficou tão esgotado na alma, foi tão atingido pelos problemas, que tudo que queria era sumir para um lugar de paz e segurança: "Estremece-me no peito o coração, terrores de morte me salteiam; temor e tremor me sobrevêm, e o horror se apodera de mim. Então, disse eu: quem me dera asas como de pomba! Voaria e acharia pouso. Eis que fugiria para longe e ficaria no deserto" (Salmo 55:4-8).

Creio que nesse momento o corpo de Cristo esteja em meio à uma "tempestade perfeita". O inferno irrompeu, e Satanás promove um ataque total sobre a igreja triunfante. Muitos crentes recuaram, abandonando totalmente a luta. Eles resolveram que "pra mim chega. Deixar Jesus eu não deixo, mas vou achar um jeito mais fácil".

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Tenho uma Verdade Para Contar a Todo Crente:
Encontramos o Poder e a Glória de Cristo
ANTES DE QUALQUER COISA
Em Meio à Tempestade
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Jesus se manifesta quando o barco parece estar afundando. Assim como fez com os discípulos, Ele aparece em meio à nossa tempestade, caminhando sobre as ondas. Ele vem até nós quando estamos dentro da fornalha ardente, como fez com os jovens hebreus. E está conosco quando somos lançados na cova dos leões, como esteve com Daniel. Na verdade a Sua força nos é dada mais em nossas horas de fraqueza. Paulo testifica: "Ele me disse: A minha graça te basta, porque o (Meu) poder se aperfeiçoa na fraqueza" (2 Coríntios 12:9).

Como Davi, muitos de nós anseiam por fugir na hora do medo e da fadiga. Queremos sair para um lugar longe de todos, dos problemas, das lutas - para onde haja sossego e calma. E então alguns se tornam introspectivos, ou se intoxicam assistindo TV, vivendo em constante desencorajamento, prestes a desistirem da confiança em Deus para lhes cuidar.

Mas é precisamente na hora da batalha que encontramos a seguinte lei da natureza:

3. A negligência bloqueia todo crescimento espiritual. Se você negligencia o cuidado com as plantas e animais, deixando-os sem água e nutrientes, começa a morte. Passe por alguns bairros, e verá belos quintais, jardins, áreas verdes, flores e plantas cheias de cor. Nos fins de semana especialmente, poderá ver os moradores aguando as plantas, podando, arrumando e colocando fertilizantes.

Mas então você chega à uma casa diferente, que estraga a paisagem. Tudo lá é ruim: o mato cresceu, as plantas murcharam, ervas daninhas brotam por todo lado sufocando a vida. Tudo reflete a morte, e o quadro todo berra, "Preguiça! Indolência! Falta de cuidado!".

Salomão descreve exatamente esse quadro: "Passei pelo campo do preguiçoso e junto à vinha do homem falto de entendimento; eis que tudo estava cheio de espinhos, a sua superfície, coberta de urtigas, e o seu muro de pedra, em ruínas. Tendo-o visto, considerei; vi e recebi a instrução. Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado" (Provérbios 24:30-34).

Salomão está dizendo: "Tudo havia se estragado por puro descaso. Vi por experiência própria o que acontece quando ocorre o ócio, e aprendi". Essa lição igualmente se aplica quando descuidamos da palavra de Deus e da oração. Se você se torna displicente quanto à doce comunhão com o Senhor, e a um tempo precioso em Sua palavra, logo será atraído pela tração gravitacional promovida pela carne. E a tração da displicência é para baixo. Nada é mais difícil de ser despertado que um cristão morno que está sendo tracionado abaixo pela negligência.

Estou lembrando de uma ilustração do meu próprio quintal. Uma árvore que plantei na sombra começou a morrer. Resolvi replantá-la no sol, e com cuidado a aguava todos os dias, misturando água com uma colher de um fertilizante chamado Crescimento Milagroso. Toda vez que eu deixava de aguar um dia, as folhas começavam a se baixar. Mas se aguasse com o Crescimento Milagroso, se elevavam.

Prezado santo, a Bíblia é Crescimento Milagroso puro. Se você é displicente com ela, encontrará sua alma murchando. Mas se cuida de sua alma regularmente com esse "alimento milagroso", virá cheio de poder e de vida.

Quero deixar claro mais uma vez a quem essa mensagem do Espírito Santo é dirigida. Ela não é para os pecadores, mas para os crentes vitoriosos: para você e para mim. Ouço o Espírito dizendo: "David, apaixonado por Cristo, pregador da Bíblia -- você fala aos outros de como a sua vida e ministério foram transformados pela oração. Mas você descuidou da Minha palavra? Se você não levar a sério o quê tenho a lhe dizer, e ignorar os destroços dos displicentes que te cercam, você viverá a lenta tração para a indolência. Um torpor imperceptível e gravitacional em teu espírito começará, e o levará à mornidão".

Não se engane: essa mensagem não é a respeito do legalismo, mas sobre responsabilidade pessoal. Paulo fala a Timóteo exatamente sobre esse ponto, instruindo o jovem: "Até à minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino. Não te faças negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi concedido mediante profecia, com a inspiração das mãos do presbitério. Medita estas cousas e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nesses deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes" (I Timóteo 4:13-16).

Paulo está falando aqui, claro, da leitura da palavra de Deus. E está dizendo a Timóteo, "Dê atenção à ela, medite nela, ofereça-se inteiro à ela".

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A Natureza Mostra as Ruinosas Conseqüências
Vindas da Desistência do Combate Espiritual, e do Distanciamento
Resultante da Falta de Fé
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Ainda outra lição da natureza revela o que acontece quando trocamos o bom combate por um caminho mais fácil, e saímos da luta. Há pouco li o estudo de um biólogo sobre os caranguejos, animais que vivem em um ambiente rústico e perigoso na fenda das rochas. Eles são lançados longe diariamente pelas ondas, e atacados de todos os lados por seres vindos das águas profundas. Eles batalham continuamente para se proteger, e com o tempo desenvolvem forte carapaça, e fortes instintos de sobrevivência.

É surpreendente, mas alguns da família dos caranguejos desistem da luta pela vida. Em busca de um espaço seguro, passam a morar nas conchas abandonadas por outros animais. Esses caranguejos são conhecidos como eremitas. Se fixando na segurança, distanciam-se da batalha e fogem para casas de segunda mão já prontas.

Mas as "casas seguras" dos caranguejos eremitas se mostram caras e ruinosas. Pela falta de luta, partes essenciais de seus corpos se deterioram. Até seus órgãos involuem devido à falta de uso. Com o tempo o caranguejo eremita perde toda força para se mover, bem como partes vitais necessárias para fugir. Tais membros simplesmente caem, deixando o animal fora de perigo, mas inútil para fazer qualquer coisa senão existir.

Enquanto isso, os caranguejos que continuaram lutando crescem e florescem. Seus cinco pares de pernas se tornam carnudos e fortes por resistirem às fortes ondas. E aprendem a se esconder dos predadores se infiltrando com muita esperteza nos espaços sob as rochas.

Essa lei da natureza, também, ilustra a lei do Espírito. Como crentes, somos jogados longe e golpeados por uma onda atrás da outra, nos trazendo dificuldades. Enfrentamos malignos predadores entre as potestades e poderes de Satanás. Mas ao lutarmos, nos fortalecemos. E começamos a reconhecer os engodos do diabo quando os usa contra nós. Descobrimos o real refúgio, "a fenda na penha", pela confiança em Jesus. Só então estaremos verdadeiramente seguros em meio à batalha.

O cristão que vai atrás de "paz e segurança a qualquer preço" e apenas se agarra à salvação, paga um preço espiritual alto. Então, como podemos nos guardar de sermos levados ao distanciamento de Cristo negligenciando "tão grande salvação"? O escritor mostra como: "Apeguemo-nos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos" (Hebreus 2:1).

Deus não está interessado em sermos capazes de "leitura dinâmica" de Sua palavra. Ler muitos capítulos por dia ou tentar atravessar a Bíblia rapidamente pode nos dar um bom sentido de realização. Mas o mais importante é que "ouçamos" com ouvidos espirituais aquilo que lemos, e meditemos sobre o conteúdo para que seja "ouvido" em nosso coração.

Ficar firme na palavra de Deus não é um assunto menor nas escrituras. Em amor somos advertidos, "Importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos" (Hebreus 2:1). Paulo também diz: "Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados" (2 Coríntios 13:5).

Paulo não está sugerindo a estes crentes que eles estejam reprovados. Antes, ele insiste: "Como apaixonados por Cristo, testem a si próprios. Faça um levantamento espiritual. Você conhece o suficiente em relação ao teu caminhar com Jesus para saber que é amado por Ele, que Ele não lhe virou as costas, que você é remido. Mas se pergunte: como está a sua comunhão com Cristo? Você a está guardando com todo amor e zelo? Está dependendo dEle em seus momentos difíceis?".

"Nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos" (Hebreus 3:14).

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Você Reconhece um Distanciamento em Seu Caminhar Cristão?
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Talvez você admita, "Vejo um pouco de distanciamento em minha vida, uma tendência à sonolência. Sei que estou orando cada vez menos. O meu caminhar com Deus não é como deveria ser".

Quando pedi ao Espírito Santo para mostrar como me guardar contra a displicência, Ele me levou a avaliar o distanciamento de Pedro e sua posterior renovação. Era um homem que negou Cristo, ofendeu, dizendo aos acusadores, "Não O conheço".

O quê tinha acontecido? O quê havia levado Pedro até aquele ponto? Foi o orgulho, resultado da jactância da autojustificação. O discípulo havia dito a si mesmo e aos outros, "O meu amor por Jesus jamais esfriará. Cheguei a um ponto na fé em que não preciso admoestação. Os outros podem se afastar, mas eu morro pelo Senhor".

Mas Pedro foi o primeiro entre os discípulos a desistir de lutar. Ele deixou o chamado e voltou à antiga profissão, dizendo aos outros, "Vou pescar". O quê ele realmente estava dizendo era: "Eu não agüento. Achei que não fosse fracassar, mas ninguém jamais fracassou com Deus mais do que eu. Simplesmente não dá mais pra eu enfrentar a luta".

À essa altura, Pedro havia se arrependido da negação de Jesus. E havia sido restaurado no amor do Senhor, quando Cristo apareceu aos seguidores em uma sala fechada, e "soprou" sobre todos eles para receberem o Espírito Santo. Pedro foi perdoado, curado de seu distanciamento e sobre ele veio o sopro do Espírito. Mas por dentro ele ainda se corroia.

Ora, enquanto Jesus esperava que os discípulos voltassem à praia, uma questão permanecia não resolvida na vida de Pedro. Não era suficiente ser restaurado, assegurar-se da salvação. Não era suficiente jejuar e orar, como todo crente consagrado faria. Não, o ponto que Cristo queria focalizar na vida de Pedro era o descuido e a falta de aplicação em outra forma. Eu explico.

Sentados na praia em torno do fogo, comendo e em comunhão, Jesus pergunta a Pedro três vezes: "Você me ama mais do que esses outros?". A cada vez Pedro responde, "Sim, Senhor, Tu sabes que O amo", e Cristo por Sua vez diz, "Apascenta as Minhas ovelhas". Note que Jesus, dessa vez, não o lembra para vigiar e orar, ou ser zeloso na leitura da palavra de Deus. Cristo presume que tais coisas já haviam sido ensinadas. Não, a instrução que dá a Pedro agora é, "Apascenta as Minhas ovelhas".

Eu creio que nessa frase simples, Jesus estava instruindo Pedro sobre como se guardar contra o descuido e o desleixo. Ele estava dizendo basicamente: "Quero que você esqueça o seu fracasso, esqueça que se desviou. Você voltou a Mim agora, e lhe perdoei e restaurei. Então está na hora de você parar de se concentrar em suas dúvidas, falhas e problemas. E a maneira para se fazer isso é não ser displicente com o Meu povo, e ministrar às suas necessidades. Assim como o Pai Me enviou, eu o envio".

O fato é que, posso me dar inteiro à oração, ser um ávido estudioso da Bíblia, trazer o corpo em sujeição, evitar a aparência do mal, jejuar muito e amar a Cristo com paixão. Contudo mesmo fazendo essas coisas, ainda é possível eu negligenciar a grande salvação que me é dada. Como? Me fechando à necessidade humana. Se eu fizer todas essas coisas e ainda permanecer desinteressado quanto aos perdidos e necessitados, ou se ignorar os que sofrem dentro do corpo de Cristo, me tornei como o caranguejo eremita, me concentrando só em minhas próprias necessidades e segurança.

Tristes, alguns pastores muitas vezes me dizem, "Agora não consigo mais achar cooperadores ou voluntários para nada. Depois da igreja, as pessoas correm para o carro, e nunca param se oferecendo para ajudar em algum dos ministérios". Que quadro triste o desta igreja: cheia de pessoas antes fortes espiritualmente, agora fracas, que tomaram o caminho do caranguejo eremita.

O livro de Atos oferece uma ilustração do chamamento para que nos concentremos nas necessidades dos outros, ao invés de em nós mesmos. Após o derramamento (do Espírito) no Pentecostes, "perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações" (Atos 2:42). Era bom que os apóstolos estivessem ajudando os outros a permanecerem na palavra e na oração.

Então Pedro e João subiram "ao templo" para orar, onde viram um coxo que lhes pediu esmolas. Fica claro que os discípulos tinham visto esse homem antes, pois já haviam estado no templo em outras ocasiões, e ele era visto lá esmolando sempre.

Dessa vez Pedro viu o mendigo à vista das palavras que Jesus lhe havia dito: "Apascenta as minhas ovelhas". E o discípulo respondeu. As escrituras dizem que "fitando-o" (3:4), dessa vez Pedro não negligenciou o seu chamado. Ele decidiu, "Tenho de fazer algo", e começou tomando as mãos do homem e levantando-o. Você conhece o resto da história: o coxo acabou dando saltos e louvando a Deus, totalmente curado.

Com freqüência os nossos olhos são como os daquela rara espécie de animal que mencionei acima: eles parecem funcionar mas na verdade "não enxergam". E a verdade é a seguinte: há necessidades que Jesus gostaria que atendêssemos e que estão sempre diante de nós. Só precisamos de olhos espirituais para vê-las.

Se você é persistente na oração e na palavra de Deus, isso prosperará a sua alma. Mas agora é hora de também pedir ao Espírito Santo que abra os seus olhos às necessidades dos que estão à soleira da sua porta. Ele será fiel para lhe guiar à oportunidades para ministrar, para lhe mostrar uma necessidade diante da qual você passou muitas vezes mas nunca "enxergou" antes. Se você responder à essa orientação, jamais será levado a se distanciar.
Esta é a salvaguarda, o muro de proteção: "apascenta as Minhas ovelhas".

segunda-feira, agosto 28, 2006

A Reação do Cristão Diante das Calamidades

por David Wilkerson - http://www.tscpulpitseries.org/portuguese/ts051128.html

Um programa nacional de rádio que usa o telefone para diálogo com os ouvintes, passou duas horas recentemente concentrando-se no livro do Apocalipse. O locutor trouxe as seguintes perguntas no ar: "Você acha que todas essas recentes calamidades são o juízo de Deus pelos pecados do país? Você acha que o livro do Apocalipse está sendo cumprido? Você acha que estamos no fim dos tempos?".
O surpreendente é que esse é um programa secular de rádio. E a maioria das ligações respondeu sim, eles achavam que a sociedade tinha se tornado tão corrupta e imoral, que Deus teria de intervir com atos. Os ouvintes estavam convencidos de que Deus está avisando a nossa sociedade por meio de todas essas recentes tempestades e calamidades.

Por onde se vá parece que ouvimos conversas sobre o Apocalipse e profecias. As pessoas estão dizendo, "Definitivamente alguma coisa está acontecendo. Será que Deus está falando através de tudo isso? Será que essas calamidades significam que Ele esteja julgando as nações?".

Pense nas inúmeras tragédias que têm ocorrido nos últimos anos:

- O continente americano foi atacado pela primeira vez na história, com Nova York e Washington sendo os alvos do terrorismo.

- Furacões maciços atingiram a Florida causando estragos de mais de 20 bilhões de dólares, e deixando multidões sem teto.

- Tsunami atingindo a Ásia, matando centenas de milhares de pessoas, deixando milhões delas sem teto.

- Os furacões Katrina e Rita destruíram uma das maiores cidades americanas, inundando Nova Orleans e causando incrível destruição ao longo da costa do Golfo, deixando milhares de pessoas sem casa.

- Um terremoto intenso atingiu o Paquistão, registrando incríveis 7,6 na escala Richter. Foi o terremoto mais mortífero da idade moderna, matando mais de 70.000 pessoas, e mandando ondas de choque por toda a Índia. Meio milhão de pessoas foram deixadas sem recursos, e outro milhão ficou sem casa.

- Organizações internacionais de saúde estão alertando quanto a uma pandemia gripal, de uma cepa letal de gripe aviaria. Se espalhou da China para o leste em direção à Rússia, Romênia e Turquia. Se houver mutação, poderia matar 2 milhões de pessoas só nos EUA, e incontáveis milhões pelo mundo.

- A fome está irrompendo furiosamente no Zimbabue. O arquibispo católico da região informa que 200.000 pessoas podem morrer nos próximos quatro meses. Já há 700 pessoas morrendo por dia de AIDS, e 700.000 estão ao relento.

- Enquanto escrevia isso, o furacão Wilma já está espalhando destruição na península do Yucatan no México. Os especialistas do centro nacional de furacões dizem que os computadores, que os meteorologistas usam para avaliar a expansão das tempestades e sua direção, entraram em colapso total, tornando as previsões difíceis.

- Em quarenta países em torno do mundo, células terroristas estão crescendo e ameaçando as nações que as rodeiam.

Lembre-se, não são os cristãos que estão lançando essas previsões sombrias. Elas vêem de cientistas, economistas, especialistas e escritores seculares.

Então, quero lhe perguntar: como cristão, o que você acha de todas estas coisas que estão vindo sobre a terra? Isso seria aquilo ao qual Jesus se referiu quando avisou, "haverá homens que desmaiarão de terror e pela expectativa das cousas que sobrevirão ao mundo"?

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Se Cremos que a Bíblia é a Eterna Palavra de Deus, Então Temos de Crer no Que Pedro Disse
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Se cremos que a Bíblia é a eterna palavra de Deus, então temos de crer no que Pedro disse: "Ora, se Deus não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no inferno os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo; e não poupou o mundo antigo, mas preservou a Noé, pregador da justiça, e mais sete pessoas, quando fez vir o dilúvio sobre o mundo de ímpios; e, reduzindo a cinzas as cidades de Sodoma e Gomorra, ordenou-as à ruína completa, tendo-as posto como exemplo a quantos venham a viver impiamente" (2 Pe. 2:4-6).

Deus derramou fogo sobre Sodoma e Gomorra, destruindo estas cidades. E enviou o dilúvio para destruir a sociedade ímpia e vil dos dias de Noé. Realmente, têm ocorrido terremotos, fomes e pestes ao longo de toda a história. Ainda assim, me pergunto: será que todas estas coisas aconteciam com a mesma intensidade e repetição que vemos hoje?

Por toda uma geração recente, tem havido muitos profetas avisando quanto a tais calamidades. O interesse aumentou tanto em relação a estes assuntos, que há alguns anos atrás vários livros populares sobre o arrebatamento e os últimos tempos se tornaram best-sellers internacionais. Mesmo assim, para muitas pessoas esse assunto é só mais uma história de horror.

Nos últimos vinte e cinco anos, fui só uma pequena voz em meio a muitas que repetidamente alertaram quanto a um abalo mundial que viria. Mas acredito que a maior parte destas mensagens, incluindo as minhas, praticamente não provocou impacto algum na sociedade secular. Os crentes foram levados a orar e a se preparar, mas os pecadores parecem que deram de ombros.

Pense no seguinte: houve alguma menção a Deus na reação dos líderes mundiais diante destas calamidades? Nem pensar que alguém no Congresso chegasse a sugerir que o Senhor possa estar envolvido no abalo de todas as coisas; nem pensar que o Senhor possa estar dizendo algo quanto ao pecado de nossa sociedade. A despeito de todos os claros avisos e abalos, Deus foi deixado totalmente fora da equação.

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Os Ímpios Simplesmente Não Ouvem
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Na devastada cidade de Nova Orleans, o prefeito declarou que quer transformar as áreas inundadas em um sólido bairro semelhante a Las Vegas com gigantescos cassinos, e palácios do prazer. Segundo informação recente, as comissões estão agora planejando um dos maiores Carnavais de todos os tempos na cidade. Estão convidando pessoas de todo o mundo a virem e a ajudarem a celebrar.

Tenha certeza de que Nova Orleans voltará. E será mais ativa e pecaminosa do que nunca. Porém tudo isso está acontecendo a despeito das advertências e apelos dos vigilantes de Deus. Dou graças a Deus porque quando os crentes se juntaram nas áreas afetadas para ajudar os refugiados, um bom número de pessoas se voltou para o Senhor. Mas mesmo em meio a tragédia, a multidão secular se recusou a admitir a realidade de Deus e até mesmo a mencionar o Seu nome.

No Apocalipse lemos de calamidades tão devastadoras que "os homens buscarão a morte e não a acharão; também terão ardente desejo de morrer, mas a morte fugirá deles" (Apocalipse 9:6). Lemos de Deus derramando o "vinho da (Sua) cólera" (14:10), seguindo-se desastres ecológicos, calor abrasador, epidemias. Tudo isso depois de Deus já haver enviado vozes e trombetas de aviso. Vêm depois de Cristo se manifestar para avisar e despertar a Sua igreja.

É incrível, mas a Bíblia diz que os "homens, aqueles que não foram mortos por estes flagelos, não se arrependeram... (não) deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata... nem ainda se arrependeram dos seus assassínios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos" (9:20-21). "Os homens se queimaram com o intenso calor, e blasfemaram o nome de Deus, que tem autoridade sobre estes flagelos, e nem se arrependeram para lhe darem glória... os homens mordiam a língua por causa da dor que sentiam e blasfemaram o Deus do céu por causa das angústias e das úlceras que sofriam; e não se arrependeram de suas obras" (16:9-11).

Que passagens incríveis. As pessoas prefeririam morder a língua e amaldiçoar a Deus a se arrepender, mesmo quando tal convite lhes era disponível.

Amado, se o mundo secular não é tocado por mensagens proféticas, então por que avisá-lo? Por que dizer ao ímpio, "Deus está falando através destas coisas"? Se, depois de todas estas devastações estarem vindo sobre a terra os pecadores ainda levantam os punhos contra Deus, por que falarmos?

A Bíblia nos responde assim: "Certamente, o Senhor Deus não fará cousa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas" (Amós 3:7). Simplificando, Deus é fiel em avisar, essa é a Sua justiça e a Sua misericórdia. Ele pode usar cientistas e outras vozes seculares para lançar avisos, mas não importa os meios, os países e as pessoas ímpias devem ser alertados.

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Qual é a Mensagem da Igreja de Jesus Cristo Numa Hora Destas?
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Jesus disse que quando começássemos a ver tais coisas acontecendo, deveríamos olhar para o alto e nos alegrar, por nossa redenção estar próxima. Mas isso é bem diferente de se alegrar pelas calamidades. Se tudo que podemos dizer a um mundo pecaminoso for, "O fim está próximo, o juízo está começando, nós dissemos que isso iria ocorrer", então não estamos oferecendo a eles esperança alguma.

Já vimos que com o aumento das calamidades, quando o mundo parece girar no caos, a desesperança cresce e os corações se tornam endurecidos. Se inexiste uma mensagem de esperança ou redenção, o pecador conclui: "Se isso é a ira de Deus, se isso é o fim e todos nós vamos para o inferno, então vamos partir para a bagunça e nos dopar".

Há mais de trinta anos atrás, escrevi um livro profético chamado "A Visco", no qual previno quanto às dramáticas mudanças de clima que atacariam as nossas costas. Seriam calamidades tão fenomenais, que os especialistas diriam, "Isso está acima da compreensão. São tragédias de proporções bíblicas".

Quando escrevi um livro sobre um futuro holocausto financeiro, busquei a Deus quanto à mensagem que me dera. Fiquei profundamente abatido pensando: "É só isso que existe? Só coisa negativa? Senhor, essa é realmente a palavra que Tu queres que eu traga? Será que vou passar a vida toda só avisando?".

O Espírito Santo me fez uma promessa naquela ocasião. Ele colocou em meu coração, "Quando os abalos piorarem, quando vir tais coisas se sucedendo, você estará entre os que pregarão esperança. Enquanto os outros estarão preocupados e nervosos, Eu te ungirei com uma mensagem de misericórdia, graça e redenção. Num momento em que abunda a desesperança, a tua mensagem abundará com esperança".

O que escrevo a você agora é uma destas mensagens prometidas.

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Quando Digo Que a Igreja Agora Precisa Pregar Esperança e Expectativa Santa, Não Estou Falando Só Sobre o Céu.
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A mensagem de esperança à qual somos chamados a trazer não pode simplesmente ser uma tentativa de convencer os pecadores quanto às maravilhas do céu no porvir. Não lhes falamos do arrependimento só para que assim possam escapar do caos atual; e ir para o paraíso sem sofrimento.

É claro que creio no céu. Na verdade, é um assunto sobre o qual amo pregar. Fico extasiado contemplando a idéia de estar no paraíso com Cristo pela eternidade. Mas se essa é a única esperança que pregamos ao pecador - ou seja, paz e repouso algum dia, fora deste mundo - ele terá uma reação mais ou menos assim: "Olhe, no momento não estou pensando em eternidade. Não estou preocupado com 'um dia no céu'. Quando você fala de Deus, me diz que em algum lugar, algum dia, vou ter alívio. Isso soa muito bem, mas no momento tenho de descobrir algo para me sustentar mais um dia. Estou apavorado, com uma crise atrás da outra. E estou precisando de esperança ou de um milagre, não amanhã mas hoje".

No momento, o mundo está ansioso, perplexo, descontrolado e com medo. Então, como pregamos esperança aos que vivem em desespero?

Honestamente, fiquei cansado de dizer, "Vou te mostrar do que o mundo está precisando", ou, "Eis o que a igreja precisa fazer". Estou muito velho para iniciar um movimento de "nova esperança", com aparições na TV, publicação de livros, e "convenções da esperança". Eu simplesmente não tenho mais respostas apropriadas. Penso em todos os livros e tapes de sermões que hoje circulam sobre como achar paz, sobre como superar o stress, sobre esperança. Tão poucos deles chegaram a ter impacto sobre o mundo secular.

A única coisa que posso fazer é lhe contar como o Espírito Santo está tratando comigo.

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Estou Convencido de Que as Pessoas Perdem a Esperança Porque Perderam a Fé
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Por que as pessoas perderam a fé? É porque não conseguiram encontrar nenhuma prova dela no único lugar onde achavam que podiam encontrá-la: na igreja de Jesus Cristo. Os pecadores chegam à igreja buscando alguém que persevere em meio às lutas e provações; que, quando tudo está afundando em torno, tenha uma fé sólida, ancorada.

O mundo ouviu muitos sermões sobre fé na televisão e no rádio. Os não crentes ouviram as doutrinas da fé, até leram as doutrinas da fé que nós pastores publicamos. E ouviram cristãos e mais cristãos se jactando de possuírem fé. Mas para todos os lugares para onde olham agora, vêem exemplos de fé naufragando. Cristãos que no passado a sustentaram, agora estão desistindo da confiança em Deus em meio às dificuldades.

Há pouco ouvi um noticiário dizendo, "Estamos vivendo numa sociedade nervosa". Os nova-yorkinos estão nervosos com ataques de terrorismo nos metrôs. E milhões e milhões de pessoas estão preocupadas com toda essa agitação que as cerca.

Então, onde as pessoas vão buscar esperança? Onde encontram exemplos de fé inabalável?

O Espírito trouxe uma palavra clara a mim: "Você precisa ancorar tua fé, David. Determine em teu coração confiar em Deus em todas as coisas, em todo o tempo. Assegure-se que tua fé não oscile".

"Determinar" nossa fé quer dizer "estabilizar, tornar inabalável, criar raízes, pôr pilares por baixo, dispor alicerces". As escrituras dizem que fazer isso está dentro de nossa capacidade. Tiago registra: "O que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa" (Tiago 1:6, 7).

Nessa passagem, o Senhor deixa toda a responsabilidade sobre o crente. Deus está dizendo basicamente: "Quando o mundo olha para o Meu povo nestes dias de medo e ansiedade, tem de ver fé. Enquanto tudo está sendo abalado, a fé é o que precisa se manter sólida e inabalável. Então, você, crente, ancore a sua fé. Você, cristão, assuma uma postura rígida. E nunca desista desta posição".

Estou convencido de que o mundo não precisa de mais sermões sobre fé. Eles precisam ver um sermão ilustrado: a vida de um homem ou de uma mulher que esteja vivendo sua fé diante do mundo. Precisam ver servos de Deus atravessando as mesmas calamidades que eles mesmos enfrentam, mas não são abalados por elas. Só então os pecadores estarão face a face com o testemunho poderoso da fé que não duvida.

Davi descreve isso quando fala dos "que em ti confiam na presença dos filhos dos homens" (Salmo 31:19). Ele estava falando dos crentes cuja sólida fé e cujas vidas fiéis são raios de esperança aos das trevas.

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Quando Você Determinar Tua Fé
Trazendo Toda a Carga e Provação a Cristo, Deixando Tudo Aos Seus Pés e Descansando em Fé, Você Será Seriamente Testado.
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Uma vez, quando eu estava no processo de determinar uma fé persistente, quando verdadeiramente deixei minhas cargas sobre o Senhor, recebi um telefonema com notícias que me abalaram. Por um curto momento, uma onda de medo me invadiu. Mas o Espírito Santo suavemente me cochichou, "Mantenha a posição de tua fé, David. Não desista. Tenho tudo sob controle. Simplesmente fique firme. Você não deve nunca, jamais, abrir mão de tua postura de fé e confiança. Deixe tudo comigo".

Nunca me esquecerei da paz que me atravessou naquele momento. E ao fim do dia, o meu coração ficou cheio de júbilo ao reconhecer, "Oh, Senhor, confiei em Ti. Não duvidei. Obrigado".

No Salmo 78, lemos sobre Efraim, a maior tribo de Israel. Efraim era a tribo mais favorecida dentre todas: numerosa, poderosa, hábil no uso de armas, e bem equipada para a batalha. Mesmo assim, quando Efraim saiu para encontrar o inimigo, lemos isso: "Os filhos de Efraim, embora armados de arco, bateram em retirada no dia do combate" (Salmo 78:9).

Essa forte tribo tinha marchado mais bem armada e poderosa que o inimigo. Mas por alguma razão, quando Efraim viu a oposição, a tribo desistiu e recuou. Eles haviam resolvido lutar e vencer, mas assim que ficaram cara a cara com sua crise, desistiram.

Efraim nessa passagem representa os inúmeros crentes que foram abençoados e favorecidos pelo Senhor. Aprenderam muito, são equipados com um testemunho de fé e estão armados contra qualquer batalha que possa vir. Mas assim que o inimigo aparece e começa a ameaçá-los -- na hora que as lutas e os problemas vão se sucedendo e parecem muito grandes e impossíveis de se resolver -- eles recuam, desistem, e deixam a fé de lado.

As escrituras dizem que Efraim questionou a fidelidade de Deus:

"Falaram contra Deus, dizendo: Pode, acaso, Deus preparar-nos mesa no deserto? Com efeito, feriu ele a rocha, e dela manaram águas, transbordaram caudais. Pode ele dar-nos pão também? Ou fornecer carne para o seu povo?" (Salmo 78:19-20). "Não creram nas suas maravilhas... nem foram fiéis à sua aliança" (78:32, 37). Finalmente, eis o resultado: "(Eles) duvidaram do Santo de Israel" (78:41). A falta de fé e a covardia de Efraim abalaram as outras tribos de Israel. Imagine o efeito negativo quando os outros viram o que aconteceu: "Essas pessoas tão capacitadas não conseguiram agüentar. Se os que dizem vestir a armadura de Deus e empunhar a espada da Palavra de repente se quebram na hora dos problemas, que esperança temos nós?".

Amado, não ousemos condenar Efraim, porque podemos ser mais culpados do que eles. Pense no seguinte: nós recebemos mais luz. Temos o exemplo deles para nos prevenir. Temos o Espírito Santo habitando em nós. E temos a Bíblia, a palavra de Deus inteiramente revelada, com maiores promessas.

Quanto a mim sou culpado de um dos pecados de Efraim. No passado, eu avançava totalmente armado, determinando, "Dessa vez o meu coração vai estar preparado. E não vou ter medo. Não vou ouvir as dúvidas e os temores da carne. Não vou duvidar, e nem recuar. Não vou fazer cara feia, nem ter medo e nem ter prazer na auto comiseração". Ainda assim, tantas vezes, a incredulidade me roubou a vitória.

Ainda hoje não posso me jactar. Tenho tanto ainda para aprender quanto a "determinar a minha fé". Mas experimentei o sabor da vitória que vem quando confio no Senhor em todas as coisas, quando de forma resoluta lanço todas as minhas cargas em Cristo e prossigo descansado.

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Em Hebreus Lemos:
"Pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho"
(Hebreus 11:2)
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Em grego a palavra "obtiveram" aqui significa "testemunharam, se tornaram um testemunho". Os nossos ancestrais no Senhor tinham uma fé determinada, sem oscilação, ancorada, e ela se tornou um testemunho da fidelidade de Deus nos períodos difíceis.

Primeiro, eles possuíam um testemunho interior de que Deus se agradava deles. Haviam confiado nEle nas inundações, nas zombarias, nas algemas, nas cadeias, torturas, combates, nas covas dos leões, no fogo. E após tudo isso, sabiam da alegria do Senhor lhes sorrindo e dizendo: "Muito bem! Você creu e confiou em Mim".

"Sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam" (Heb. 11:6). Toda vez que sustentamos nossa postura de fé em meio às dificuldades, temos a mesma afirmação do Espírito Santo: "Muito bem. Você é um testemunho de Deus".

Quando posso descansar no meio das tempestades, quando lanço todo o peso sobre Cristo e sustento minha postura de fé, então obtenho "boa nota". E estou me tornando um farol de esperança aos que me cercam. Os que observam a minha vida em casa, no trabalho, e no quarteirão podem não reagir abertamente. Mas saberão que há esperança e redenção disponíveis a eles.
Eles podem me olhar em minha hora de crise e dizer: "Há esperança! Ele é uma pessoa que não perdeu a fé em Deus. Há um batalhador que não desiste. Ele confia em Deus".

sábado, agosto 26, 2006

Você Realmente Acredita em Milagres?

por David Wilkerson - http://www.tscpulpitseries.org/portuguese/ts060116.htm

Em Mateus 14, encontramos Jesus entrando num barco para se dirigir "a um lugar deserto" onde poderia ficar a sós. Ele tinha acabado de ser informado de que João Batista fora decapitado e enterrado. E agora estava tão emocionado por essa notícia que achou necessário ficar sozinho e orar.
Porém, quando as multidões ouviram que Jesus estava partindo, "vieram das cidades seguindo-o por terra" (Mateus 14:13). Imagine Cristo elevando o olhar e vendo milhares de pessoas vindo em direção a Ele de todas as direções, com todos os tipos de estado físico. Os enfermos estavam sendo levados em macas ou sobre rodas em direção a Ele; cegos sendo guiados em meio à multidão, e os coxos mancavam sobre bengalas e muletas improvisadas. Todos estavam desesperados para chegar perto, em busca do toque curativo da única pessoa que poderia fazê-lo.

Qual foi a reação de Cristo a essa incrível cena? "Desembarcando, viu Jesus uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os seus enfermos" (14:14). Se você estivesse lá naquele dia observando das encostas, ficaria assombrado com os acontecimentos que se desdobravam à frente. Mãos retorcidas eram corrigidas, pernas tortas se alinhavam, ouvidos surdos eram abertos, línguas mudas subitamente gritavam louvores a Deus.

Ver e ouvir tudo isso seria algo impressionante. Ainda assim, ao fim desse dia incrível, depois de realizar todos esses milagres de cura, Jesus decidiu alimentar as multidões. Lemos que se tratava de uma multidão de cinco mil pessoas, sem incluir as mulheres e as crianças presentes. E para alimentar todos, Jesus pegou cinco pães e dois peixes secos, orou sobre eles, e começou a parti-los em pedaços para serem servidos às pessoas.

Cestos e mais cestos foram cheios com alimento que rapidamente se multiplicava. E de algum modo, à medida que os discípulos o distribuíam à multidão, a comida simplesmente continuava aumentando. Ao fim dessa refeição em massa, todos no grupo haviam comido até ficarem cheios, e os discípulos acabaram trazendo doze cestos de pedaços que foram deixados.

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Coloque-se na Cena,
Como Parte da Multidão Daquele Dia
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Tente imaginar: você acaba de testemunhar cura após cura, milagre após milagre, maravilhas incríveis uma após a outra. Você não acha que depois de um dia desses, você estaria de joelhos louvando a Deus? Não estaria dizendo para si próprio: "Nunca mais duvidarei do poder curativo e milagroso de Cristo”?

E então, após testemunhar todas essas maravilhas, você teria assistido a milagrosa alimentação de mais de cinco mil pessoas. Você estaria inteiramente abismado, maravilhado, pensando, "O que o Senhor fez hoje é inacreditável. Isso fortaleceu a minha fé. Daqui pra frente, vou praticar uma fé inabalável".

Mais tarde, depois dos acontecimentos impressionantes desse dia, você vê Jesus "compelindo" os discípulos a entrarem rapidamente no barco, dizendo, "vamos com o barco até o outro lado" (v. Mateus 14:22). Em grego a palavra para "compelindo" aqui quer dizer "incitando, seja pedindo, forçando ou persuadindo". Jesus insistiu com os discípulos usando dos termos mais fortes, "Irmãos, entrem já no barco. Agora". Ele dispensaria a multidão e encontraria os discípulos mais tarde.

Ora, o tempo todo Jesus estava lendo o pensamento dos discípulos. Sabia que eles não estavam entendendo o que acontecia aquele dia. A mensagem dos milagres ainda não se gravara em seus corações e mentes, e as dúvidas ainda os importunava. Ao zarparem da praia, me pergunto se Jesus não meneou a cabeça espantado, ferido pela fragilidade da fé destes que a tudo haviam assistido.

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O Que Jesus Teria de Fazer
Para Levar Seus Discípulos a uma Fé Inabalável?

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Jesus realmente teria de caminhar sobre as águas para acordar os discípulos? Claro, foi exatamente o que Cristo fez. Irrompeu a tempestade, o barco em agitação, e "foi Jesus ter com eles, andando por sobre o mar" (14:25).

Quando Seus discípulos O viram, não acreditaram nos próprios olhos. Em verdade, acharam que era um fantasma. "Pensaram tratar-se de um fantasma e gritaram. Pois todos ficaram aterrados à vista dele" (Marcos 6:49-50). Mas Jesus diz para não se amedrontarem. "E subiu para o barco para estar com eles, e o vento cessou. Ficaram entre si atônitos" (6:51).

Só nesse ponto vemos alguma semelhança de fé crescendo nos discípulos: "E os que estavam no barco o adoraram, dizendo: Verdadeiramente és Filho de Deus" (Mateus 14:33). Ao ler isso, suspiramos de alívio achando: "Finalmente eles entenderam. Crêem no poder que Cristo tinha em operar milagres. Os milagres finalmente começaram a se gravar, e um alicerce de fé esta sendo edificado neles. Agora estão preparados para enfrentarem qualquer provação com fé inabalável".

Mas não era o caso. Marcos sugere que esse não foi um momento definido de fé para todos eles: "Ficaram entre si atônitos, porque não haviam compreendido o milagre dos pães; antes, o seu coração estava endurecido" (Marcos 6:52). Em grego a palavra "endurecido" aqui significa pele grossa e calejada. Segundo Marcos, os discípulos perderam totalmente o significado da mensagem dos pães e peixes. Essa é uma afirmação muito significativa, pois tem tudo a ver com a confiança em Deus.

Lembre-se, esses eram homens que amavam profundamente o Senhor e prontamente criam que Ele poderia operar milagres para os outros. Não tinham o menor problema em aceitar as maravilhas que Jesus promovia para a multidão. Mas não podiam crer que Cristo faria o mesmo por eles. Quando chegou a hora de crerem nEle para operação de milagres em sua própria crise, algo importante estava faltando.

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É Possível Dizer: "Creio que Deus Pode Fazer o Impossível”,
E Ainda Assim Ser Tão Endurecido (Calejado),
Que o Senhor Não Consegue Transpor
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Podemos nos tornar tão calejados com dúvidas, que a verdade deixa de ser gravada por nós. Por exemplo, com o passar dos anos podemos nos tornar endurecidos pelas provações, sofrimentos, medos, dúvidas, e desapontamentos em grandes quantidades.

Em Mateus 15, lemos de um outro ajuntamento de pessoas, quando mais foram milagrosamente curados e alimentados. Dessa vez, a multidão chegava a quatro mil pessoas, mais mulheres e crianças. Uma vez mais, Jesus operou milagres de cura e então maravilhosamente alimentou as massas a partir de só sete pães e uns poucos peixes. Então, todos comeram, ficaram cheios, e os discípulos trouxeram de volta sete cestos cheios de comida que sobrou.

No fim do dia, Jesus outra vez entrou num bote com os discípulos, dessa vez para rumar a Magadã. Durante o trajeto, os discípulos discutiram entre si, perguntando: "Quem esqueceu de trazer o pão?". Evidente que eles tinham um só pão para si (v. Marcos 8:14). Imagine só: Pedro, Tiago, João e os outros estavam preocupados quanto ao pão, tendo acabado de chegar da maior distribuição de pães da história!

Quando Jesus os ouviu, não acreditou. Ele os reprovou dizendo "Não compreendeis ainda, nem vos lembrais dos cinco pães para cinco mil homens e de quantos cestos tomastes? Nem dos sete pães para os quatro mil e de quantos cestos tomastes? Como não compreendeis?" (Mateus 16:9-11).

E então perguntou: "Não vos lembrais de quando parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes? Responderam eles: Doze! E de quando parti os sete pães para os quatro mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes? Responderam: Sete! Ao que lhes disse Jesus: Não compreendeis ainda?" (Marcos 8;18-21).

Jesus estava dizendo, em outras palavras, "Como pode acontecer isso? Estou tentando edificar um alicerce de fé em vocês. Como esses milagres não se gravaram em suas mentes?".

Eu lhe pergunto: por que Jesus aqui relacionou a fé débil e hesitante dos discípulos aos milagres dos pães e dos peixes? Por que atribuiu as dúvidas e o endurecimento de seus corações à não compreensão do significado de tais maravilhosas multiplicações? Por que Ele simplesmente não os recordou do milagre da transformação de água em vinho? Ou do leproso que ficou curado instantaneamente? E o homem paralítico e preso à cama que foi baixado até Ele através do teto, curado por Cristo, e imediatamente pegou sua esteira de palha e saiu andando? E os espíritos imundos que viram Jesus e se dobraram diante dEle, gritando, "Tu és o Filho de Deus"?

Todos estes acontecimentos incríveis ocorreram antes de Cristo ter alimentado as multidões. Mas Jesus duas vezes traz os discípulos à lembrança desses dois milagres. Por que?

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Voltemos ao Ato de Alimentar os Quatro Mil
Para Ver se Podemos Compreender o Significado Espiritual
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"E, chamando Jesus os seus discípulos, disse: Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que permanece comigo e não tem o que comer; e não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça pelo caminho" (Mateus 15:32).

Creio que Cristo estava fazendo uma declaração aos Seus discípulos aqui. Estava dizendo, basicamente: "Farei mais pelo povo do que curá-los. Me certificarei de que tenham pão suficiente para comerem. Preocupo-me com tudo que afete as suas vidas. Vocês têm de ver que Eu sou muito mais do que apenas poder. Também sou compaixão. Se me virem só como alguém que cura, um poderoso operador de milagres, terão temor de Mim. Mas se também me virem todo compaixão, irão Me amar e confiar em Mim".

"Acabei de lhes mostrar diante de diferentes multidões de 5.000 e de 4.000 pessoas que me preocupo pelo Meu povo. Vocês homens são os pilares da minha igreja, mas seus corações estão ainda endurecidos nessa área. Vocês têm de crer que tenho compaixão pelo Meu povo todo o tempo, em todas as crises que enfrentam.”

Por que o coração dos discípulos estava tão calejado a essa verdade? Não duvidavam que Jesus podia curar multidões com um toque ou uma palavra. Não tinham dúvidas quanto à Sua compaixão pelas massas humanas fragilizadas. O fato é que se maravilhavam e O glorificavam quando operava milagres para o povo. Mas mais tarde, quando sós no barco, afastados das grandes congregações, ficavam preocupados quanto às próprias necessidades. Não tinham confiança em que Jesus proveria milagres para eles ou suas famílias.

Estou escrevendo essa mensagem a todos que estão à beira da exaustão, prestes a caírem, oprimidos pela situação atual. Você tem sido servo fiel, alimentando os outros, confiante que Deus pode fazer o impossível por Seu povo. Mesmo assim algumas dúvidas persistem em você quanto à disposição dEle em intervir na sua luta.

O Espírito Santo esta nos chamando, por meio dessas passagens das escrituras, para nos lembrarmos dos pães, dos peixes, da abundância. Somos chamados a nos apoiar sobre a compaixão de Jesus por nossas próprias necessidades físicas, sabendo que Ele não quer que nenhum de nós soçobre. Quero saber: quantos leitores desta mensagem têm dito palavras de fé e esperança aos que enfrentam situações duras, aparentemente insolúveis? Você insiste com eles, "Fique firme! O Senhor é capaz. Ele é um Deus operador de milagres, e Suas promessas são reais. Então, não perca a esperança. Tenha coragem, pois Ele vai responder teu clamor"?.

"Você realmente acredita em milagres?" Eis a pergunta que o Espírito Santo me fez. Minha resposta foi, "Sim, claro, Senhor. Creio em todos os milagres dos quais li nas escrituras". Mas essa resposta não é boa o suficiente. A pergunta do Senhor a cada um de nós é realmente: "Você acredita que posso operar um milagre para você"? E não só um milagre, mas um milagre para todas as crises, para cada situação que enfrentamos. Necessitamos mais do que os milagres do Velho Testamento, dos milagres do Novo Testamento, dos passados milagres da história, mas de milagres atuais e pessoais destinados só para nós e nossa situação.

Pense no problema que você esta enfrentando agora mesmo, naquilo que você mais necessita, em sua maior dificuldade. Há tanto tempo você ora por isso. Você realmente acredita que o Senhor pode e resolverá isso, por meios que você não pode imaginar? Esse tipo de fé ordena que o coração pare de ter medo, ou de fazer perguntas. Lhe diz para repousar nos cuidados do Pai, confiando nEle para fazer tudo à Sua maneira e a Seu tempo.

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Há Dois Tipos de Milagres:
o Instantâneo e o Progressivo
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Já mencionei algumas das maravilhas que Jesus realizou no Novo Testamento. Igualmente, o Velho Testamento está cheio do poder que opera milagres e vem de Deus, desde a abertura do mar Vermelho - ou Deus falando a Moisés da sarça ardente. Pela fé, Elias faz cair fogo do céu. E mais tarde, quando Deus lhe falou na caverna, houve vento, trovões, imagens e sons incríveis.

Todos estes foram milagres instantâneos. As pessoas envolvidas puderam vê-los acontecendo, senti-los e vibrar com eles. E são o tipo de milagre que todos queremos ver hoje, provocando espanto e maravilha. Queremos que Deus rasgue os céus, desça até ao nosso problema e resolva as coisas numa explosão súbita de poder celestial.

Mas muito do poder divino que produz maravilhas na vida do Seu povo chega por meio daquilo que chamamos "milagres progressivos". São milagres dificilmente discernireis pelos olhos. Não são acompanhados de trovões, relâmpagos ou qualquer movimento ou mudança visíveis. Antes, milagres progressivos começam em silêncio, sem fanfarra, e evoluem lentamente, mas com segurança, um passo de cada vez.

Ambos os tipos de milagres - instantâneo e progressivo - foram testemunhados em ambas as vezes em que Cristo alimentou as multidões. As curas que realizou foram imediatas, visíveis, facilmente discernireis pelos que estavam presentes naqueles dias. Penso no aleijado com o corpo retorcido, que subitamente teve uma transformação exterior física tal, que saltou e correu. Eis um milagre que tinha de assombrar e tocar todos que o viram.

No entanto as multiplicações dos pães que Cristo fez foram milagres progressivos. Jesus ofereceu aos céus uma simples oração de bênção, sem fogo, trovão ou terremoto. Ele simplesmente partiu os pães e os peixes, sem nenhum sinal ou som de que um milagre estava tendo lugar. Contudo, para alimentar aquela quantidade de gente, teria de se partir pão e peixes milhares de vezes, por todo o dia. E cada pedaço de pão ou peixe seria parte do milagre.

É exatamente assim que Jesus realiza muitos dos milagres na vida do Seu povo atualmente. Oramos por maravilhas instantâneas e visíveis, mas muitas vezes o nosso Senhor esta silenciosamente em ação, formando um milagre para nós pedaço a pedaço, pouco a pouco. Podemos não ser capazes de ouvir ou tocar isso, mas Ele esta em ação, dando forma ao nosso livramento além do que possamos ver.

E é isso que Jesus queria que os discípulos vissem. Ele queria tanto que eles soubessem que durante todo o tempo Ele estava agindo a favor deles: enviando flechas contra o inimigo, silenciando espíritos enganadores, guardando e protegendo fielmente cada preciosidade que o Pai houvera Lhe dado.

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Você Pode Estar em Meio a um Milagre Agora Mesmo
E Simplesmente Não o Estar Vendo
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Talvez nesse momento você possa estar esperando por seu milagre. Você está desencorajado pois as coisas parecem estar paradas. Não se vê nenhum sinal da ação sobrenatural de Deus em seu favor.

Veja o que Davi disse no Salmo 18: "Na minha angústia, invoquei o Senhor, gritei por socorro ao meu Deus. Ele do seu templo ouviu a minha voz, e o meu clamor lhe penetrou os ouvidos. Então, a terra se abalou e tremeu, vacilaram também os fundamentos dos montes e se estremeceram... Das suas narinas subiu fumaça, e fogo devorador, da sua boca... Baixou ele os céus, e desceu...Trovejou, então, o Senhor, nos céus; o Altíssimo levantou a voz...Despediu as suas setas...multiplicou os seus raios..." (Salmo 18:6-9, 13-14).

Davi compreendeu a verdade fundamental de tudo isso: "Trouxe-me para um lugar espaçoso; livrou-me, porque ele se agradou de mim" (18:19). Davi declara: "Eu sei porque o Senhor está fazendo tudo isso em meu favor. É porque se agrada de mim".

Verdadeiramente creio em milagres instantâneos. Deus ainda está operando maravilhas gloriosas e instantâneas hoje em dia. Porém nessas passagens dos evangelhos, Jesus pede que nos lembremos e anotemos Seus milagres progressivos, e seu papel em nossas próprias vidas atualmente.

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Fui Grandemente Abençoado Por Algo Que Li no Relato de João
Quanto à Multiplicação dos Cinco Mil
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"Então, Jesus, erguendo os olhos e vendo que grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pães para lhes dar a comer? Mas dizia isso para o experimentar; porque ele bem sabia o que estava para fazer" (João 6:5-6). Jesus levou Filipe para o lado, pôs o braço em torno dele e disse: "Irmão Filipe, dê uma olhada nas milhares de pessoas que estão aqui. Estão todas com fome. Me diga, onde vamos comprar pão suficiente para as alimentar? O que você acha que devemos fazer?".

Como essa atitude de Cristo é amorosa! O tempo todo Jesus sabia o que iria fazer; o verso acima diz isso - mas o Senhor estava tentando ensinar algo a Filipe, e a lição que transmitia a ele se aplica a cada um de nós hoje. Pense: quantos dentre o corpo de Cristo passam a noite em claro tentando resolver os problemas? A gente pensa assim: "Talvez tal coisa funcione... Não, não... Talvez essa outra resolva. Não..."

Vejo Filipe coçando a cabeça, respondendo, "Senhor, eu andei conversando com André, Pedro, Tiago e João, e somando tudo temos pouquíssimo dinheiro. É totalmente insuficiente para essa necessidade que surgiu. Estamos com um problema crítico em relação ao pão".

Contudo Filipe e os apóstolos não tinham só um problema de pão. Eles tinham um problema de padaria...e um problema de dinheiro...e um problema de distribuição...e um problema de transporte...e um problema de tempo. Somando tudo, tinham problemas que não dava nem para imaginarem. A situação era totalmente terrível.

Mas o tempo todo Jesus sabia exatamente o que iria fazer. Ele tinha um plano. E o mesmo é verdade em relação aos seus problemas e dificuldades hoje. Há um problema, mas Jesus conhece toda a sua situação. E vai até você, perguntando, "O que vamos fazer quanto a isso?".

A correta resposta de Filipe teria sido, "Jesus, Tu és Deus. Nada é impossível contigo. Assim, estou entregando tal problema para Ti. Ele não é mais meu, mas Teu".

É exatamente isso que precisamos dizer ao nosso Senhor hoje, em meio da nossa crise: "Senhor, Tu és o operador de milagres. E estou submetendo todas as minhas dúvidas e temores a Ti. Em confiança transfiro toda essa situação, toda a minha vida, para os Seus cuidados. Sei que não permitirás que eu desfaleça. Na verdade, Tu já sabes o que farás em relação ao meu problema. Confio no Teu poder".